Desde o último dia 29 de janeiro, a vida do adolescente Willy Bezerra da Silva, de 16 anos, não foi mais a mesma. É que depois de sofrer um afogamento no Igarapé São Francisco, em Rio Branco, ele teve graves sequelas.
Já são dois meses de alta do hospital, e ele segue o tratamento em casa, aonde mora com o pai. Segundo o tio, Robson Nascimento, o adolescente não consegue movimentar braços e pernas e continua sem falar.
Foram três meses internado, desde que foi resgatado por populares de dentro do igarapé. Segundo testemunhas, Willy passou cerca de quatro minutos submerso nas águas.
“O estado dele continua em uma evolução lenta, agora está sendo acompanhado em casa por fisioterapeuta, fono e outros médicos que o estado disponibiliza. Eles sempre estão indo por lá fazer avaliação nele. O quadro evolutivo está lento, mas ainda temos a grande esperança de ele retornar um pouco mais à vida social”, contou o tio.
Após afogamento, Willy vive em uma cama e sendo alimentado por sonda, segundo relatou o tio. Apesar de não conseguir falar ou se movimentar, Nascimento disse que o sobrinho aparenta reconhecer os parentes quando se aproximam dele. “Quando vê a gente, ele fica tentando mexer a boca para falar, se emociona.”
A família do adolescente tenta arrecadar doações para comprar uma cadeira de rodas adaptada para ele. Segundo o tio, o equipamento custa cerca de R$ 7 mil. “Agora estamos batalhando para conseguir uma cadeira especial pra ele começar a sentar, poder levar ele para fazer outros exames fora de casa e pra ele pegar sol, que precisa. Além disso, precisamos também de ajuda para custear os gastos do tratamento dele.”
Não sabe da morte da mãe
O tio contou que o adolescente ainda não tem condições de saber da morte da mãe. Meiriane Bezerra do Nascimento, de 35 anos, morreu com Covid-19 no dia 15 de março à espera de uma vaga no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC).
Segundo a família, Meiriane sofria de depressão e adquiriu uma pneumonia semanas antes de falecer. Por conta disso, ela ia constantemente ao hospital tomar medicação. No dia 14 de março, Meiriane passou mal e foi levada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Sobral. Fizeram o exame para Covid-19 no hospital, que deu positivo, e ela ficou aguardando uma vaga no Into-AC. No dia seguinte, a mulher não resistiu.
Segundo a família, o quadro depressivo de Meiriane se agravou após o acidente do filho. No início, ela ainda conseguia ficar com ele no hospital, acompanhou o tratamento do menino, mas, deixou de ir porque não tinha mais forças para ver o filho internado.
Submerso em igarapé
O menor estava brincando na ponte do igarapé, no bairro Raimundo Melo, no dia 29 de janeiro, quando caiu e teria ficado mais de quatro minutos submerso na água. Populares que estavam no local acionaram uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e realizaram os primeiros socorros enquanto a ajuda médica chegava.
Quando a equipe do Samu chegou, os médicos passaram mais de seis minutos tentando reanimar o adolescente. Ele foi levado intubado e em estado grave para o pronto-socorro da capital e no mesmo dia foi transferido para o Hospital da Criança, onde ficou 16 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No dia 12 de fevereiro, o adolescente foi submetido a uma traqueostomia e no dia 15 do mesmo mês foi transferido para um leito de enfermaria da unidade. Já no dia 22 de fevereiro, Willy foi levado para a semi-UTI da Fundação. No dia 7 de março, o adolescente deixou a semi-UTI e foi levado para a enfermaria.