O presidente Jair Bolsonaro disse ao deixar o hospital neste domingo que Brasília é “o paraíso dos lobistas” e que teria “apertado a mão” dos intermediários que ofereceram doses de vacina Coronavac ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Segundo vídeo obtido pela CNN, em 11 de março de 2021 Pazuello aparece ao lado de quatro pessoas e afirma a possibilidade de negociar 30 milhões de doses da vacina “no mais curto prazo possível”. A proposta oferecida ao ministro era de US$ 28 por dose da vacina. O valor, no entanto, é quase três vezes maior do que o contrato com o Instituto Butantan, que já estava firmado pelo governo brasileiro desde janeiro.
“Brasília é o paraíso dos lobistas. Todos pressionavam por vacinas. Muitas pessoas foram recebidas no ministério. O próprio traje do Pazuello, ele está sem paletó. Aquele pessoal se reuniu com diretor responsável por possível compra lá no ministério e na saída conversou. Agora, se fosse algo secreto, algo superfaturado, ele estaria dando entrevista ou estaria escondido no porão do ministério?”, perguntou Bolsonaro.
Segundo o presidente, “acusar de corrupção por algo que não compramos, não pagamos, é má fé”. “Eles queriam que pagassem 50% adiantando. Dar bilhões para um cara para receber vacina não sei quando. Não existe isso”, afirmou o presidente.
Ao ser questionado sobre se foi normal a postura de Pazuello, Bolsonaro disse: “Se eu tivesse na Saúde teria apertado a mão daqueles ‘caras tudo’. O receber, ele não tava sentado na mesa. E se fosse propina não daria entrevista.”
O vídeo da reunião de Pazuello foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo na sexta-feira (16) e consta entre as documentações entregues à CPI da Pandemia.
Em nota, Pazuello rebateu as acusações. “Enquanto estive como Ministro da Saúde, em momento algum negociei aquisição de vacinas com empresários, fato que já foi reiteradamente informado na CPI da Pandemia e em Outras Instâncias Judicantes.”