Pouco mais de 50 minutos após pedir desculpas publicamente — mesmo reforçando que sua “opinião continua a mesma” — por ter chamado a comunidade LGBTQIA+ de “raça desgraçada”, Sikêra Jr ironizou a perda de anunciantes por conta da ofensa.
Segundo o apresentador, existe uma “fila de espera” para anunciar no programa, e que o abandono de algumas marcas é “comum na televisão e na rádio”.
O programa de Sikêra Jr, chamado Alerta Nacional e veiculado na Rede TV!, perdeu a publicidade de vários anunciantes após a fala do apresentador ainda na última sexta-feira (25/6). Entre as empresas que publicamente deixaram o policialesco estão MRV, TIM e HapVida.
Na edição desta terça-feira (29/6), o apresentador agradeceu as “marcas que continuam” anunciando no programa e reforçou que as empresas que ainda fazem publicidade na atração apoiam sua “forma de pensar, de opinar”.
“Obrigado pelas marcas que continuam. Venho recebendo telefonemas de clientes que já queriam entrar. Temos uma fila de espera, todo mundo sabe disso. A gente é chamado de ‘Alerta Comercial’. Nós vendemos muito bem. Esse programa é muito bem visto por todas as classes e gêneros. As marcas que continuam anunciando aqui apoiam minha forma de pensar, de opinar, muito obrigado pela confiança”, começou.
Sobre as empresas que deixaram de anunciar no programa, Sikêra Jr ironizou sobre o fato de serem facilmente substituídas:
“Sinto aquele que foi pressionado por uma agência. Quando quiser voltar, as portas estão abertas, serão muito bem-vindos. A vida continua, eu tenho que seguir. Sai telefonia A, vem telefonia B. Operadoras são pelo menos seis no Brasil. Sai óculos tal, óculos X vem. Isso é comum na televisão e no rádio. Há uma renovação comercial todos os meses aqui. É a natureza já do programa, temos fila de espera de anunciantes”. Assista no momento 1:11:30.
Pedido de desculpas:
Importante lembrar que no começo do mesmo programa, o apresentador havia pedido desculpas por ter chamado gays de “raça desgraçada”. Leia na íntegra:
“Senhoras e senhores, ontem o assunto no Brasil era o Lázaro, que morreu. Aí eu disse: ‘Olha, não é um bom momento para falar o que estou querendo desde sexta-feira (25). Ontem parecia que se eu falasse iria aparecer uma cortina de fumaça. A gente fala no meio aqui, sai pela tangente e está tudo certo’. Não, eu guardei para hoje.
Eu quero pedir licença aos meus colegas e diretores para falar algo que está me incomodando desde a última sexta-feira. Estou recebendo milhares de mensagens incomodadas com o comentário que fiz sobre um comercial que se utilizou de crianças para falar sobre homossexuais.
Recebi muito apoio e ataque. E colegas que trabalham nesse canal também foram atacados. Tudo que falo nesse programa é de minha responsabilidade. Nunca fugi [de minha responsabilidade] e não vai ser agora. Mantenho a minha palavra. Quem trabalha comigo sabe do respeito que tenho por todos, independente da religião, cor da pele, sexo. Desafio qualquer um que me critica a encontrar tantos homossexuais trabalhando na frente e por trás das câmeras.
Faço questão de trabalhar com gente livre para demonstrar o que pensa. Mas eu, como pai e avô, não posso me calar para vender uma ideologia. Criança precisa estudar, brincar e principalmente ser criança.
Dito isso, eu preciso reconhecer que me excedi. No calor do comentário, posso ter usado palavras que me arrependo, sou humano. Errei, erro e vou errar, quantas vezes já repeti isso aqui? Sou humano! O que eu tenho sofrido com essa situação… ninguém está tá imune de errar.
Como falei, tenho a responsabilidade de pedir desculpas publicamente. Aprendi muito com essa lição. Vou seguir defendendo a família tradicional, mas sem desrespeitar. Esse programa não tem censura. Vou continuar defendendo a família brasileira, vou continuar defendendo as crianças. Deixem nossas crianças brincarem, crescerem, respeitem esse direito. Eu falei como pai e avô!
Você que disse que não assiste a esse programa, você que se sentiu ofendido: lhe peço perdão. Extrapolei como nunca, revoltado com o que vi naquele comercial, e continuo contra, minha opinião continua a mesma. Mas você que se sentiu ofendido, o que eu posso dizer é que me perdoe”