A Polícia Civil do Acre investiga um suposto crime ambiental ocorrido no aterro de resíduos sólidos da Rodovia Transacreana, zona rural de Rio Branco. Equipes estão nesta quinta-feira (8) no local tentando encontrar material radioativo, que teria sido enterrado de forma irregular no lixão.
O delegado Judson Barros, que comanda a investigação, contou que já ouviu funcionários do lixão e outras testemunhas e que nesta quinta está com máquinas no aterro para tentar encontrar o material. A denúncia é de que foram jogadas ao menos oito carradas de material radioativo.
“Tem mercúrio e várias coisas que foram enterradas no lixão e isso é uma complicação. Hoje vou mandar revirar o lixão, vamos para lá para encontrar esse material, que não pode ficar enterrado. Vamos estar com máquinas desenterrando. Também estamos ouvindo as pessoas e vou providenciar a elaboração do relatório dessa investigação de imediato. É uma operação quase de guerra, me disseram que colocaram várias camadas de material por cima e temos que cavar esse lixão para poder achar esse material”, disse Barros.
Desativação
O aterro de resíduos sólidos da Rodovia Transacreana começou a ser desativado após 28 anos de funcionamento. A prefeitura quer construir um parque ambiental no local. O anúncio da desativação foi feito no mês passado e o cronograma montado prevê o fechamento do lixão até o mês de dezembro.
Ao G1 nesta quinta (8), o secretário de secretário municipal de Zeladoria da capital acreana, Joabe Lira, informou que as equipes ainda estão procurando um outro local para ser instalado o novo lixão e que, por enquanto, estão sendo feitos estudos.
Ele afirmou ainda que foram os funcionários do local que informaram à secretaria que tinham visto o material radioativo ser enterrado no aterro no ano passado. Lira disse que não se sabe quem enterrou os objetos e que assim que soube da situação, equipes foram ao local, encontraram parte do material e foi registrada a ocorrência na polícia.
“Não sei dizer quem foi que enterrou. Os trabalhadores informaram que viram esse material ser enterrado, nós fomos fazer uma escavação, encontramos e foi feito feito o boletim de ocorrência. Sobre a desativação, é um cronograma extenso, de longo prazo. Tem que fazer o estudo de como está o solo e estamos vendo uma nova área”, afirmou o secretário.
Para fazer o planejamento, foi montada uma comissão com representantes da Zeladoria, Secretaria de Meio Ambiente (Seme), Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra), Secretaria de Planejamento(Seplan) e Defesa Civil.
O aterro de inertes recebe, em média, 400 toneladas diárias de descartes produzidos por empresas da construção civil. Em setembro de 2020, o Ministério Público do Acre (MP-AC) recomendou à Secretaria de Meio Ambiente Municipal e ao secretário da Zeladoria de Rio Branco o fechamento do aterro de resíduos sólidos para evitar danos ambientais.
O MP-AC determinou ainda que fosse suspenso o depósito de qualquer resíduo no aterro em até 30 dias. Porém, 30 dias depois uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve no local e mostrou que ainda era feito o descarte de lixo na região. A prefeitura, então, pediu um novo prazo e foi atendida pelo MP-AC.
Incêndios
Outro problema causado aos moradores da localidade são incêndios provocado pela grande quantidade de material em decomposição, o que acaba dificultando o combate feito pelo Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Rio Branco.
Em 2020, pelo terceiro ano consecutivo, o aterro foi acometido pelo incêndio novamente. Em 2018, o fogo começou em julho e levou mais de 50 dias para ser combatido. Já em 2019, o incêndio iniciou no final do mês de agosto e só foi controlado 47 dias depois por bombeiros e equipes da prefeitura.