A chegada do período de estiagem já começa a ser sentido pelos acreanos. Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que foram registrados 205 focos ativos de incêndios de janeiro até essa quinta-feira (15) no estado.
Se comparado aos anos anteriores, esse é o maior número de focos dos últimos três anos. Em 2018, foram registrados 208 focos ativos no Acre no mesmo período.
Ainda segundo os dados, o número de focos de queimadas este ano cresceu 5%, comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 195 focos.
Cidades com mais focos
Dados do relatório da sala de situação de monitoramento hidrometeorológico do Acre, divulgados nessa quinta (15), apontam que os municípios de Brasileia e Tarauacá foram os que apresentaram o maior número de focos acumulados desde o início deste ano, com 16 focos cada um.
O acumulado mensal de focos de queimadas no estado do Acre, entre o início do mês de julho e quarta (14), é de 110 focos de queimadas, levando em consideração dados do satélite de referência.
Os municípios de Brasileia, Epitaciolândia, Porto Acre e Rodrigues Alves registraram o maior número de focos por quilômetro quadrado em seu território, conforme o relatório da sala de situação.
Com relação aos focos de queimadas registrados na Amazônia Legal de janeiro até o dia 14 de julho, o Acre aparece em 8º lugar no ranking, com 205 focos. O Mato Grosso concentra o maior número de focos, com 6.257.
Qualidade de ar
No período de estiagem, a concentração de partículas poluentes no ar atinge números altos. Dados dos sensores de monitoração mostram que atualmente a qualidade do ar está quase o dobro acima do ideal para a respiração no Acre.
Conforme o relatório, a concentração de material particulado chegou à máxima concentração de 46 µg/m³, nessa quinta (15), em Rio Branco. Nas cidades de Sena Madureira, Brasileia, Acrelândia, Cruzeiro do Sul, Jordão, Mâncio Lima, Tarauacá, Santa Rosa do Purus, Bujari, Manoel Urbano, Plácido de Castro e Senador Guiomard, a concentrou chegou a 42 µg/m³.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a quantidade de material particulado por metro cúbico aceitável é de 25 microgramas. Acima disso, a qualidade é ruim para a saúde das pessoas.
No último dia 5 de julho, Rio Branco registrou um nível de poluição sete vezes maior do que o estipulado pela OMS como normal. Dados do relatório mostraram que a concentração de material particulado chegou à máxima concentração de 184,33 µg/m³.
Seca severa em Rio Branco
Com o Rio Acre com pouco mais de dois metros, a capital acreana, Rio Branco, não tem acumulado de chuvas no mês de julho e já enfrenta uma seca severa. A Defesa Civil Municipal está em alerta e iniciou um processo para contratação de carros-pipa para abastecer comunidades com água.
Nesta sexta-feira (16), o nível do manancial em Rio Branco chegou a 2,03 metros, sendo que em 2020 as águas estavam a 3,24 metros. Em 2016, quando o Acre enfrentou a maior seca da história, o nível do rio marcava 1,83 metro nesse mesmo período.
Diante dessa situação, a Defesa Civil prevê que a capital acreana possa enfrentar uma crise semelhante ou até mesmo pior da estiagem de 2016. Com essas previsões, a Defesa Civil vai contratar quatro carros-pipa para abastecer comunidades que dependem de poços artesianos.
Previsão climática
O último relatório da sala de situação de monitoramento hidrometeorológico do Acre, também divulgado nessa quinta (15), traz informações a respeito da previsão climática e nível dos rios.
Os dados apontam que, no período de 15 a 21de julho, a previsão de chuva é de um acumulado até 15 milímetros para a região Leste do estado e de até 10mm para a região Oeste. Sendo assim, há o indicativo de chuvas abaixo da normalidade para o período em todo o estado.
Ainda segundo o relatório, as cotas de monitoramento de estiagem apontam que o Rio Acre permanece em “alerta máximo” no município de Brasileia e em Rio Branco está em “atenção”.
O Rio Iaco, em Sena Madureira, também permanece em “alerta máximo”. O Rio Liberdade, na Ponte do Liberdade, permanece em “observação”, no Juruá.