Inteligência dos EUA divulga relatório inédito sobre OVNIs

A Inteligência dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (25) o relatório inédito sobre o que se sabe sobre uma série de objetos voadores misteriosos que foram vistos se movendo em espaço aéreo militar restrito ao longo das últimas décadas.


Para resumir, a resposta, de acordo com o documento, é que se sabe bem pouco, mas o fato que a Inteligência tenha divulgado o documento sem confidencialidade marca uma das primeiras vezes que o governo dos EUA reconheceu publicamente que essas estranhas visões aéreas por pilotos da marinha e outras pessoas são merecedoras de análise legítima.


O relatório examinou 144 casos do que o governo chama de “fenômeno aéreo não-identificado” — apenas um desses foi explicado até o fim do estudo. Os investigadores não encontraram nenhum indício de que esses objetos representem vida extraterrestre ou algum avanço tecnológico significativo de um adversário estrangeiro, como a Rússia ou a China.


“Dos 144 casos com os quais estamos lidando aqui, não temos indicações claras de que haja qualquer explicação não-terrestre para eles –mas iremos aonde os dados nos levarem”, disse um funcionário sênior do governo.


Entretanto, os investigadores também ficaram convencidos de que a maioria das observações eram de “objetos físicos”, disse o funcionário a repórteres nesta sexta.


“Nós absolutamente acreditamos que o que estamos vendo não são simplesmente erros dos sensores. Essas são coisas que existem fisicamente”, disse o funcionário, acrescentando que 80 dos incidentes incluíam dados de múltiplos sensores. Em 11 casos, os investigadores acreditam que quase houve uma colisão entre os objetos e funcionários dos EUA.


Relatório segue anos de conflitos internos

Depois de anos de conflitos internos em Washington, incluindo batalhas burocráticas dentro do Pentágono e pressão de certos membros do Congresso, o governo dos EUA finalmente parece estar levando a sério o que foi considerado um assunto lateral por tanto tempo.


Para legisladores, militares e pessoal da inteligência que analisam esses fenômenos aéreos sem explicação, a preocupação maior com os episódios não é que alienígenas estejam visitando a Terra, mas que um adversário estrangeiro como a Rússia ou a China possam estar usando algum tipo de tecnologia da próxima geração no espaço aéreo norte-americano que o país não conheça.


Essa é uma das razões pelas quais o relatório provavelmente decepcionará os ufologistas que esperavam que ele oferecesse prova definitiva que o governo dos EUA contatou vida extraterrestre.


“Por anos, os homens e mulheres em quem confiamos para defender nosso país relataram encontros com naves não-identificadas que têm capacidades superiores, e por anos, as preocupações deles foram frequentemente ignoradas ou ridicularizadas”, disse o senador Marco Rubio, da Flórida, vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado, em comunicado nesta sexta. “Esse relatório é um primeiro passo importante na catalogação desses incidentes, mas é apenas um primeiro passo. O Departamento de Defesa e a Inteligência têm muito a fazer antes que possamos realmente entender se essas ameaças aéreas apresentam uma preocupação séria à segurança nacional.”


Se essas observações fossem o resultado de tecnologia chinesa ou russa –seja uma aeronave desconhecida ou um sistema tecnológico que interfira com os radares norte-americanos ou outros sistemas de vigilância e reconhecimento — a Inteligência não revelaria o que sabe e o que não sabe.


“Eles são muito sensíveis para, caso isso seja um adversário, não dizer, ‘sabemos isso e não sabemos aquilo'”, disse o representante Jim Himes, democrata do Comitê de Inteligência da Casa que recebeu um briefing sobre o assunto de funcionários da Marinha e do FBI na semana passada.


“O relatório vai ser um pouco insatisfatório por esse motivo e apenas por ele”, disse ele.


Ainda assim, o fato de que a Inteligência esteja produzindo relatórios sobre esses fenômenos é extraordinário. Mesmo com as observações desses objetos subindo às centenas, os funcionários do Pentágono discutiam quanto tempo e recursos deveriam ser alocados para investigá-los.


A maior parte das 144 observações do relatório foram registradas por pilotos da Marinha dos EUA, apesar de haver algumas de outras fontes governamentais –um claro viés no conjunto de dados examinados pelos investigadores, disse o funcionário do governo.


Os investigadores tentaram categorizar esses eventos em cinco categorias: interferência aérea, como pássaros ou balões meteorológicos, fenômenos atmosféricos naturais, programas de desenvolvimento do governo ou indústria dos EUA, sistemas de adversários estrangeiros e um genérico, “outros”.


“Há uma ampla gama de fenômenos que observamos que colocamos na categoria de “fenômeno aéreo não-identificado (UAP, na sigla em inglês)”, disse esse funcionário. “Não há nenhuma explicação para eles”.


Mas nos 143 casos sem explicação, os investigadores simplesmente não tinham os dados necessários para categorizar a observação. Alguns relatos não tinham nenhum dado técnico para que os engenheiros examinassem, eram apenas relatos verbais dos pilotos.


O relatório não contém nenhum vídeo ou imagem inédita de OVNIs.


Relatório levanta mais questões do que respostas

Fontes do Congresso que viram a versão confidencial do relatório já expressaram desapontamento por não haver uma explicação melhor para esses episódios, dizendo que o relatório levanta mais questões do que respostas.


Entrevistas anteriores com meia dúzia de funcionários, bem como documentos revisados pela CNN, mostram uma comunidade militar e da Inteligência que teve dificuldade sobre como remover esse assunto do campo da ficção científica e considerar as implicações reais para a segurança nacional.


Até mesmo agora, disseram múltiplas fontes à CNN, o governo quase certamente não haveria se movimento para produzir o relatório sem a pressão pública dos legisladores, já que tanto republicanos quanto democratas se interessam pelo assunto.


Enquanto ex-funcionários sênior da Defesa, que têm conhecimento dos últimos desenvolvimentos da investigação do departamento, dizem que o Pentágono levou o assunto a sério, alguns pilotos e ex-funcionários que foram encarregados da investigação dizem que líderes sênior do órgão minimizaram ou ignoraram a ameaça.


Apagar o estigma em torno de uma discussão séria sobre os OVNIs também era o objetivo dos parlamentares em 2002, quando aprovaram um requerimento para o Pentágono e a Inteligência darem mais informações sobre esses encontros de OVNIs, detalhes que, até recentemente, eram sigilosos.


Pedir a produção desse relatório sobre os OVNIs também foi uma maneira do Congresso sinalizar que pretendem usar a autoridade de supervisão para garantir a coordenação entre as agências envolvidas, disseram fontes à CNN no mês passado.


“Um das funções de algo assim é forçar coordenação entre as agências e mostrar que o Congresso leva a sério a função de supervisão, haverá escrutínio maior ao longo do caminho”, disse um auxiliar naquele momento. “Parte disso é resultado de fazer com que as agências levem esse assunto mais a sério e tentar tirar o estigma ao redor dele”.


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