Em meio à pandemia, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans) desativou temporariamente três dos cinco terminais de integração de Rio Branco. Entre os terminais fechados estão o do São Francisco, Adalberto Senna e Cidade do Povo.
Segundo o superintendente do órgão, Anízio Alcântara, a medida foi tomada justamente devido à redução no número de passageiros e para reduzir o tempo de espera dos usuários, que estava, em média, de duas horas e meia para sair dos bairros e chegar no Centro da capital.
“O da Cidade do Povo foi concebido de um modo que não contempla nenhuma diretriz de transporte. Já estava desativado há muitos meses e podemos dizer que, dificilmente, ele será aproveitado. No caso do São Francisco, não está funcionando como terminal de integração, mas como uma parada comum de ônibus. Isso porque, a concepção dele era para integrar extremidades de bairros e ele não tem um desenho que contribua para o deslocamento da população. O Adalberto Senna foi suspenso quando foi diagnosticado que ele não estava atendendo a concepção original dele, que era dar agilidade ao deslocamento. Mas estamos conscientes que, quando começar as aulas e a demanda ficar interessante, ele volta a funcionar”, explicou.
Promessas de campanha
A desativação dos terminais vai de encontro com as promessas do prefeito Tião Bocalom (PP). Na época da campanha, o então candidato chegou a prometer a conclusão das adequações de acessibilidade das frotas de ônibus, a construção de novos terminais de integração de transporte coletivo e ampliação das vagas de transporte escolar.
“Na verdade, a ideia é criar terminais temporais, que é o que há de moderno. Esses terminais físicos, que se constrói, o Brasil parou de trabalhar com isso há 20 anos. Todo terminal que se constrói físico, ele leva um entorno social que é complicado para o paisagismo da cidade. E no desenho da cidade que estamos fazendo, vamos precisar de muito mais pontos de integração do que os cinco que estão construídos. Vamos precisar de mais de 15, para se ter uma ideia e todos serão feitos eletronicamente. É como o mundo está trabalhando, com a integração da bilhetagem automática”, afirmou Alcântara.
O superintendente informou ainda que o projeto com um novo desenho de transporte público para toda a cidade de Rio Branco deve ser apresentado pela RBTrans em até 20 dias.
“A RBTrans tem a consciência de que esse quadro atual que nos obriga a ficar modulando o sistema é ruim para todos os usuários, porque o usuário precisa de frequência, de assiduidade de horário para se deslocar e nós ficamos chateados em não poder contemplar a lógica do transporte nesse momento. Mas, não estamos parados, estamos elaborando projeto para executar nas condições atuais e que seja interessante. Isso vai estar sendo apresentado em breve.”
Além da desativação dos terminais, algumas linhas também têm sofrido mudanças durante a pandemia — Foto: Ônibus não saíram do Terminal Urbano em Rio Branco nesta terça-feira (19)
Linhas suspensas
Além da desativação dos terminais, algumas linhas também têm sofrido mudanças durante a pandemia. Atualmente, ao menos três estão desativadas por conta do fluxo de passageiros reduzido. No entanto, o superintendente explica que a desativação e ativação dessas linhas é flexível, ou seja, ao passo que surge demanda, os ônibus são recolocados.
“Teve momento que teve mais linhas desativadas, e agora temos pelo menos três. Isso tem funcionado dessa forma flexível em função da demanda. Estamos vivendo hoje o melhor momento desde o início da pandemia, com 62 veículos. Já tivemos com pouco mais de 30 disponíveis.”
Com crise no transporte
A crise no transporte público em Rio Branco se arrasta desde 2020. Assim que assumiu, Bocalom afirmou que não iria repassar nenhum valor extra para as empresas de ônibus que atuam na capital e que elas deveriam arcar com os prejuízos que tiveram durante a pandemia.
O posicionamento do prefeito se deu porque a gestão anterior, de Socorro Neri, chegou a cogitar o pagamento de um aporte financeiro de R$ 2,5 milhões para essas empresas.
Após essa decisão de Bocalom, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Acre (Sindcol) chegou a entrar com uma ação para tentar receber o valor, mas a Justiça do Acre indeferiu o pedido.
Em meio à essa crise, motoristas de ônibus fizeram protestos, paralisaram atividades e a população precisou buscar outras alternativas para o transporte. No entanto, após várias manifestações, os trabalhos da categoria foram retomados.
Benefícios atrasados
Mesmo tendo voltado ao trabalho, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Passageiros e Cargas do Acre (Sinttpac), Francisco Leite Marinho, informou ao G1 que a situação da categoria não foi resolvida.
Ele informou que, desde dezembro do ano passado, os trabalhadores estão recebendo por meio de programas do governo federal, uma vez que a empresa não consegue mais pagar de forma integral. Com isso, segundo Marinho, os salários caíram de cerca de R$ 2,2 mil para pouco mais R$ 1 mil.
O sindicalista afirmou ainda que muitos dos trabalhadores não aguentaram a situação e decidiram deixar o emprego. Atualmente, a categoria conta com cerca de 400 trabalhadores, já que cerca de 80 saíram dos seus postos.
“Muita gente saiu e outros estão querendo sair porque estão vendo que o transporte coletivo está derrubado. A gente acredita que a prefeitura tem que resolver essa situação.”
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos do Acre (Sindcol), Aluízio Abade, que também http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistra as empresas São Judas e Via Verde, confirmou que os trabalhadores estão sem receber o décimo terceiro salário de dezembro e as férias referentes ao ano passado. Ele disse que as empresas buscam negociação com a prefeitura para resolver a situação.
“O que está em atraso com os trabalhadores é o 13ª e as férias de 2020. O salário não está atrasado, porque eles recebem uma parte pelo governo federal e o resto pela empresa que ainda está conseguindo manter isso aí. Mas, está tendo um acordo junto com a prefeitura para pagar esses déficits com o trabalhadores”, afirmou Abade.