É tempo de conciliação, de cidadania e de esperança numa das regiões mais isoladas do planeta. Em meio ao berçário de aves raras, répteis gigantescos e felinos vistosos, a expectativa de dias melhores renasce para 16 famílias, por meio do programa Ação Humanitária Itinerante, idealizado pelo governo Gladson Cameli para levar dignidade ao povo do Parque Estadual Chandless, a 233 quilômetros por água desde Manoel Urbano, numa viagem de mais de 12 horas de barco pelo Purus e, depois, pelo mesmo rio que empresta o seu nome ao parque.

Garotinho em preparação para soltar ave que acabara de ser capturada para estudos no Parque Estadual Chandless, por jovens mestrandos em biologia; integração da população local com a natureza é automática dentro da reserva de conservação Foto: Odair Leal/Secom

Lancha do parque navega quase que silenciosa em apoio à equipe do governo pelo rio Chandless com a paisagem de grandes árvores sobre os altos barrancos do lugar; Floresta Estadual do Chandless recebeu a primeira edição do programa Ação Humanitária Itinerante, do governo do Estado do Acre Foto: Odair Leal/Secom

Aranha é fotografada em árvore; Parque Estadual do Chandless concentra uma das maiores biodiversidades da Amazônia Foto: Odair Leal/Secom

Odontólogos do programa Saúde Itinerante trabalham na recuperação da dentição de criança no Parque Estadual Chandless; carinho e dedicação pela população local Foto: Odair Leal/Secom

Indígenas moradores do entorno do parque fazem uma pausa para o almoço à margem do rio Purus; área de conservação do Chandless é rodeada de aldeias indígenas, em sua maioria da etnia Kulina Foto: Odair Leal/Secom

Governador Gladson Cameli cumprimenta morador que está sendo atendido por um dos médicos do programa; ideia é valorizar cada um dos ribeirinhos do Chandless com vários serviços Foto: Odair Leal/Secom

Isnailda Gondim, diretora de Política para Mulheres, conversa com o público feminino sobre direitos e deveres como forma de esclarecimento para uma boa convivência com suas companheiras Foto: Odair Leal/Secom

Governador Gladson Cameli posa para a foto com os representantes das diversas instituições que estiveram no Ação Humanitária Itinerante do Chandless; juíza Andreia Brito representou o Tribunal de Justiça do Estado do Acre Foto: Odair Leal/Secom
Na vastidão verde, amoxicilina é providencial a ataque de arraia

Nascer da Lua sobre a Floresta Estadual do Chandless; missão da equipe governamental navegou por mais de 220 quilômetros para levar atendimento médico, vacinação e outros serviços à comunidade Foto: Odair Leal/Secom

Menina Ivaneide Pacaya mostra o pé ferido por uma arraia, enquanto aguarda para receber a medicação Foto: Odair Leal/Secom
Dez dias depois de muito choro, febre e inflamação, e sem tomar praticamente nada que não fosse beberagens caseiras a partir de ervas, a menina finalmente foi atendida por uma médica do programa Saúde Itinerante.
Ela foi ao encontro dos serviços do governo levada pela mãe, Ivanilde Pinho, numa viagem de pouco mais de uma hora, descendo o Rio Chandless até a sede do parque, onde a equipe do Ação Humanitária Itinerante foi assentada.
“Está bem melhor agora. Cicatrizou rápido, graças a Deus”, alegrou-se a genitora, enquanto a filha espantava uma nuvem de mosquitos sobre a ferida. A prescrição médica: um frasco de amoxicilina líquida e uma pomada de neomicina para passar sobre o ferimento.

Ivaneide Pacaya recebe das mãos da servidora da Saúde medicamentos anti-inflamatórios e antibióticos Foto: Odair Leal/Secom

José Nunes Pacaya, 83 anos, o morador mais velho do Parque Estadual Chandless, em consulta médica; ele reclama da visão turva e necessitará de uma cirurgia de retirada de catarata Foto: Odair Leal/Secom

Médica da família atende moradores do Chandless; oportunidade foi possível por meio do programa Ação Humanitária Itinerante Foto: Odair Leal/Secom

Profissional de Saúde prepara medicamento anti-inflamatório para morador acometido de uma ferida de difícil cicatrização; Ação Humanitária Itinerante levou para a comunidade uma variedade de 76 fármacos para vários tipos de doença Foto: Odair Leal/Secom
“Não temos geladeira e nem luz. Agora é que as coisas estão melhorando por aqui, com as placas de energia solar que recebemos do governo”, afirmou Naídes. Para o incômodo no estômago, os gêmeos receberam cartelas de omeprazol e frascos de Gastrol do programa Saúde Itinerante.
“Fica o orgulho de contribuir para que as pessoas vivam melhor”, diz odontólogo
Os números do programa Saúde Itinerante no Parque Estadual Chandless foram extremamente expressivos, se considerado o total de moradores da região: 76 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Foram 307 atendimentos no total. Outras 97 doses de vacina foram aplicadas, sendo 64 da Fiocruz/Astrazeneca para Covid-19, 12 contra a influenza e outras 21 de rotina, que são as tetravalentes, para tétano e outras. (Veja os números abaixo).

Coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Renata Quiles, exibe frasco da vacina Astrazeneca, da Fiocruz; doses foram aplicadas na comunidade Foto: Odair Leal/Secom

Télio Coelho foi um dos odontólogos do Ação Humanitária Itinerante no Chandless; ele diz ficar feliz com a presença da população no consultório Foto: Odair Leal/Secom
“Mais do que prestar um serviço para a população, fica o orgulho de estar contribuindo para que essas pessoas possam viver melhor, sem o incômodo causado pela falta de cuidados com a saúde bucal”, ressaltou Coelho, com um ar de satisfação, de quem ama o que faz.

Criança da comunidade recebe anestesia para o tratamento dentário por um dos dois profissionais de odontologia escalados para o Ação Humanitária Itinerante; moradores aprovaram a primeira edição Foto: Odair Leal/Secom

Enfermeira Emanuele Nóbrega verifica pressão de paciente, antes da consulta com o médico (ao fundo) do programa Saúde Itinerante Foto: Odair Leal/Secom
Distanciamento geográfico, infelizmente, não é barreira para fake news

Na chegada à sede da Floresta Estadual do Chandless, governador Gladson Cameli cumprimenta Ricardo Plácido, gestor do parque; estado vai auxiliar mais de perto a gestão do local Foto: Odair Leal/Secom

Professor James da Silva Xavier, 22 anos, o único educador da Escola Willian Chandless, recebe a vacina contra a Covid-19 da coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Renata Quiles Foto: Odair Leal/Secom

Governador Gladson Cameli fala para a comunidade sobre a importância de se vacinar contra a Covid-19; movidos por mentiras, muitos ainda relutaram a tomar o imunizante Foto: Odair Leal/Secom

Antônio Davi Mamaré da Silva, 42 anos, posa para a foto com a carteirinha de vacinação da Covid-19 com gestores e o secretário de Saúde, Alysson Bestene Foto: Odair Leal/Secom

Profissional de saúde prepara mais uma dose da vacina Astrazeneca, contra a Covid-19, no programa Ação Humanitária Itinerante do Chandless Foto: Odair Leal/Secom
Os números do Saúde Itinerante no Chandless
Consultas médicas
Medicina da Família: 39
Pediatria: 16
Ginecologia/Obstetrícia: 10
Total: 65
Procedimentos
Serviço Social: 4
Receitas médicas atendidas: 61
Exames
Ultrassonografia : 5
Preventivo do Colo do Útero: 4
Exames laboratoriais: 20
Hemograma: 2
Teste Rápido Covid-19 dos tipos IGG e IGM: 15
Swab Covide-19-Antígeno: 1
Palestras: 5
Entrega de kits diversos para a população: 54
Total: 307
Política para Mulheres acolhe homens e mulheres com o mesmo carinho

Isnailda Gondim, diretora de Política para Mulheres, distribui doces para mulheres da comunidade que participam de palestras educativas Foto: Odair Leal/Secom

Equipe da Diretoria de Políticas para Mulheres em conversa informal sobre direitos e deveres no seio familiar, com o público feminino do Chandless Foto: Odair Leal/Secom

Dona Antônia Marques, 48 anos, (ao fundo) interage com a equipe da Diretoria de Política para Mulheres, em palestra sobre direitos e deveres Foto: Odair Leal/Secom

Isnailda Gondim, ao centro, conversa com homens do Chandless sobre a obrigação de respeitar a esposa e denunciar também quaisquer tipos de agressão contra o sexo feminino na comunidade Foto: Odair Leal/Secom

Moradores do Chandless em palestra sobre violência doméstica e sexualidade; interação foi maior do que com as suas mulheres Foto: Odair Leal/Secom

Diretora distribui doces para mulheres da comunidade que participam de palestras educativas Foto: Odair Leal/Secom

Goreth Pinto, chefe de Departamento de Políticas Públicas dos Direitos Humanos em conversa franca sobre o dia a dia das mulheres do Chandless Foto: Odair Leal/Secom

Jerônimo Lostranaud, de 65 anos, foi um dos homens que mais interagiram com as dinâmicas oferecidas pela equipe da Diretoria de Políticas para Mulheres Foto: Odair Leal/Secom
Comunidade deve ganhar selo de certificação de produtos ecologicamente corretos

Barcos da equipe do Ação Humanitária Itinerante navegam pela região, cuja política de gestão do governo Gladson Cameli será a melhoria da qualidade de vida de sua população Foto: Odair Leal/Secom

Secretário de Meio Ambiente, Israel Milani também assina termo de cooperação entre entidades governamentais, o Tribunal de Justiça do Estado do Acre e a superintendência do Ministério da Saúde no Acre para realização de outras quatro edições do programa Ação Humanitária Itinerante Foto: Odair leal/Secom
E, como prova viva de que as http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrações passadas seguiam com as costas viradas para os ribeirinhos do Chandless, estão os gêmeos Naídes e Naísses Peres, que abrem esta reportagem. Afirmou Naídes que, depois da energia solar, “incentivos para a produção, como a aquisição de uma batedeira ou de uma trilhadeira de arroz”, por exemplo, seriam de muita valia para os produtores locais.

Naídes e Naísess, ambos cultivadores de feijão, mostram parte dos produtos ao governo do estado do Acre; incentivo com maquinário está previsto para ainda este ano, com a aquisição de uma trilhadeira por meio de emendas de bancada alocadas pela deputada federal Vanda Milani (Solidariedade) Foto: Odair Leal/Secom
“Nós temos a perfeita noção de que o Chandless é uma área de conservação ambiental, e que não podemos, por força de lei, ampliar nossas áreas de plantio, mas todos deveriam entender que poderíamos ter mais facilidade no pouco que produzimos com o auxílio dessas máquinas”, completou ele, com o pensamento lúcido de quem só quer o melhor para a sua comunidade.

Família da comunidade tradicional do Chandless em pescaria para subsistência; governo do estado estará mais presente na região Foto: Odair Leal/Secom
Outro ponto seria a valorização do plantio de feijão, por meio de um selo de certificação de origem e autenticidade, como produto ecologicamente correto. Sobre isso, o selo verde de produto orgânico é visto como muito positivo pelo técnico Celso Nascimento, da Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre.

Sarney Pacaya, morador da região. Produtor de subsistência, ele espera que a partir da visita do governador Gladson Cameli com sua equipe, a vida melhore ainda mais na comunidade Foto: Odair Leal/Secom
“Acredito que todo mecanismo que favorece o produtor sem degradar a floresta é bem-vindo, porque traz vantagens para todos. E a certificação é uma delas. Aqui no Chandless, eles têm um feijão de excelência. Então, por que não o certificar com um selo de origem ecologicamente correta? Com certeza, geraria um valor agregado altíssimo sobre o produto e melhoraria a vida do produtor daqui. Trata-se de algo que podemos levar para análise do próprio governo”, sugeriu Nascimento.
Nesse caso, além do feijão, há ainda a produção de chocolate, a partir do plantio de cacau, que igualmente poderia ser aproveitado.
A boa notícia é que a deputada federal Vanda Milani (Solidariedade) destinará cerca de R$ 10 milhões em emendas de bancada para a compra de implementos agrícolas, como colheitadeiras, aradores e até um trator para os pequenos agricultores e agroextrativistas do Acre.
Para o Chandless, a reivindicação da trilhadeira de grãos já está atendida pela parlamentar. “Direcionamos alguns recursos diretos para as secretarias, incluindo a trilhadeira, de que eles tanto precisam aqui, e que chegará mais rápido, já que não precisa passar pela Prefeitura de Manoel Urbano, mas pela Sema”, explicou a deputada.
Volume de investimentos na área ainda é muito baixo
Para Ricardo Plácido, coordenador do Parque Estadual Chandless, décadas de descaso com a região fizeram a população perder as expectativas de alguma melhora em suas vidas. “Elas já estavam bastante céticas quanto a alguma possibilidade de mudanças positivas nas suas vidas”, diz. “Então, a vinda do governo Gladson Cameli ao parque dá uma nova injeção de ânimo”, acredita.

Secretário do Meio Ambiente, Israel Milani, com o gestor do Parque Estadual Chandless; coordenação da área enfrentou dificuldade na execução de recursos do programa Arpa, com a pandemia de Covid-19 Foto: Odair Leal/Secom
Os recursos que chegam para a Floresta Estadual do Chandless são originários do programa Áreas Protegidas da Amazônia, o Arpa, do Ministério do Meio Ambiente.
No entanto, de 2019 até o presente momento, foram executados R$ 408,4 mil, de um total de mais de R$ 1,5 milhão. Plácido explicou que a baixa execução para o que foi planejado para o biênio 2020/2022 se deve à mudança de gestão do parque e aos efeitos da pandemia de Covid-19.
“Esses fatores nos travaram muito em 2020 e 2021. Mas pretendemos executar o recurso ainda neste ano, nas diversas frentes de atividades planejadas para o parque”, afirmou. Os recursos financiados pelo Fundo de Transição do programa Arpa financiam diversas unidades de conservação na Amazônia.
Os números de investimentos foram drásticos em gestões anteriores, quando entre 2014 e 2015, por exemplo, foram usados apenas pouco mais de R$ 109,4 mil inicialmente. Entre 2016 e 2017, aumentou para pouco mais de R$ 658,3 mil e, de 2018 a 2019, foram pagos R$ 714,5 mil. O governo do Estado também é obrigado a fazer uma contrapartida de cerca de R$ 100 mil por ano.
