No dia 1º de junho de 2001 foi ao ar o primeiro episódio de Os Normais na Globo. Mesmo após 20 anos da série, Luiz Fernando Guimarães, que deu vida ao carioca Rui, não consegue esquecer de um dos principais trabalhos da sua carreira.
Isolado com a família em um sítio no Rio de Janeiro, o ator ficou surpreso com a repercussão da reprise da produção no canal Viva.
“Estou aqui na roça. De repente, vi chegarem muitas notificações no meu celular e pensei: “Ué… Alguma coisa está acontecendo!”. Eram as pessoas me marcando em cenas da série. Tenho recebido muitas mensagens. Curioso é que tem umas que nem eu nem Nanda (Fernanda Torres) lembrávamos de ter feito. A gente fez muito. Então, tem umas sequências que escapam. Hoje fico mexido e me sinto privilegiado de as pessoas reviverem isso, mesmo com tanta coisa tendo acontecido de lá para cá. E vêm tantas recordações…”, disse em entrevista à colunista Patrícia Kogut.
Durante o bate-papo, o humorista relembrou ainda como surgiu a ideia da escalação de Fernanda Torres, sua amiga e parceira de cena no seriado:
“Lembro que eu e Nanda tínhamos acabado de voltar de uma viagem à África. E ela estava chorando por um romance. Ela chorava e falava com a mãe (Fernanda Montenegro). Pensei: “Ela não vai ficar assim”. Aí enquanto isso eu estava conversando com o Alexandre (Machado, roteirista) e ele me disse: “Escrevi um programa que é sua cara!” E eu imediatamente pensei nela para a Vani. Eu colava fotos da Fernanda vestida como Vani no camarim. Isso que surgiu lá na nossa viagem que fez Rui e Vani nascerem. A gente não imaginava que ia ser o sucesso que foi. O programa vinha depois do Globo Repórter, tinha uma hora. Aí depois de um tempo após a estreia ouvimos dizer que um grupo de pessoas da classe média só saía para a balada depois que Os Normais terminava”.
Luiz Fernando revelou ainda que antes das gravações os protagonistas ensaiavam poucas vezes, para que tudo saísse o mais natural possível:
“A gente ensaiava muito pouco. Nós somos amigos demais. Então, nos entendíamos. Ah! Inclusive acho que para “Os normais” bater texto não seria muito próprio. Nem o Alvarenga (o diretor, José Alvarenga Jr.) dava bola para isso. E o texto da Fernanda Young e do Alexandre já vinha na nossa embocadura. O que acontecia nessas cenas é que qualquer coisa diferente que eu ou que a Nanda colocássemos já fazia perguntar: “O que foi isso, Vani?” ou “O que foi isso, Rui?” Às vezes a gente ficava com vontade de rir, e isso não era cortado”.
Ao ser questionado se acredita que a série seria cancelada nos tempos atuais, o artista destacou:
“Nós estamos passando por um momento em que as pessoas estão com pedra na mão. Mas eu não vejo “Os normais” como indecente nem exagerado. Se uma produção passa do ponto, fica excessivo e constrangedor. Ali não era o caso. Eu, como ator, sei do meu limite e comento quando não me sinto à vontade com alguma coisa. Hoje há muitas posturas radicais, mas não passo o programa por essa peneira. Acho que principalmente por não ver conotações políticas”.