O crescimento de 1,2% no PIB, registrado no primeiro trimestre deste ano não significa absolutamente nada em termos de melhoria para a população de um modo geral.
O cálculo do Produto Interno Bruto mascara a desigualdade social crescente. Ele se baseia na soma de todos os produtos e serviços finais produzidos no país. O PIB per capita é obtido pela divisão do PIB do país pelo número de habitantes. O resultado é o mesmo valor em R$ para milionários e miseráveis.
Em números reais o Brasil tem em 2021, 110 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 400/mês. Metade da renda da Nigéria. R$ 400/mês equivale a renda de países como o Haiti (o país mais pobre das Américas) e de Mianmar (um dos mais pobres do Sudeste Asiático).
110 milhões de pessoas é mais que a população da Alemanha, Suiça, Suécia e Dinamarca, juntas. O que significa que temos dentro do Brasil, um Haiti do tamanho populaçional de 4 países.
A renda média do brasileiro empregado que era de mais de R$1,2 mil em 2017, caiu para 1.065 reais em 2021. A inflação atingiu seu maior valor para um mês de maio desde 1996. A inflação em 10% significa que quem possuía 100 reais em junho do ano passado, agora tem 90 reais.
A inflação elevou os preços alterando os hábitos alimentares também da maioria dos outros 100 milhões de brasileiros restantes: a salsicha substituiu a carne. Um estudo da Universidade de Berlim apontou que o ovo foi o alimento com maior aumento no consumo pelos brasileiros na pandemia, com 18,8%. O consumo de carne teve queda de 44%.
A gasolina ficou 45% mais cara em um ano e os salários estão congelados.
A doutora em Demografia, Luísa Cardoso Guedes de Souza, afirma que o Brasil voltou ao mapa da fome em 2018 (governo Temer) e que o aumento da pobreza é maior entre mulheres e negros: “Apesar do aumento do PIB no primeiro trimestre de 2021, o consumo das famílias não acompanhou esse crescimento. O aumento da pobreza no Brasil reflete as desigualdades regionais, raciais e de gênero no país”.
Vale ressaltar que em 2020, o PIB brasileiro teve uma queda de 4,1%, portanto o crescimento de 1,2% não atingiu sequer a metade do que foi perdido no ano anterior.