UTI neonatal humaniza morte de bebês e entrega cartinha com marca dos pés aos pais no AC

Foto: Giselly Januário/Arquivo pessoal

“Queridos mamãe e papai, estive com vocês por pouco tempo, mas pude sentir um grande amor. Vocês são pais excelentes. Fiquem em paz! Voltei para o céu, mas estarei sempre em seus corações. Com amor, Gabriel”. O trecho faz parte da cartinha entregue aos pais que perderam os filhos prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da maternidade de Cruzeiro do Sul, interior do Acre.


Junto à mensagem vem o carimbo dos dois pezinhos dos bebês, o nome deles e a assinatura da equipe plantonista. A cartinha é entregue pela equipe da UTI neonatal da unidade em uma ação de humanização, acolhimento e conforto após a morte dos bebês.


A ação iniciou em março na unidade de saúde e até o momento já foram entregues três cartinhas. A ideia foi levada até a coordenação da UTI pela fonoaudióloga Giselly Januário. A coordenação, então, inseriu a iniciativa nas ações de humanização, que incluem ainda ‘festinha’ quando o bebê completa mês na internação.


“Faz uma diferença enorme na vida dos pais. Fizemos a primeira entrega em março. Fazemos uma cartinha, como se fosse o bebê falando para os pais, e colocamos um carimbo dos pés. Principalmente, dos bebês prematuros, os pais não têm lembrança, fotos, e fazemos o carimbo dos pés”, explicou a profissional.


Ação iniciou em março após a fonoaudiológa Giselly Januário propor para a coordenação da UTI neonatal  — Foto: Giselly Januário/Arquivo pessoal

Ação iniciou em março após a fonoaudiológa Giselly Januário propor para a coordenação da UTI neonatal — Foto: Giselly Januário/Arquivo pessoal


Segundo Giselly, a iniciativa é uma forma de tentar amenizar a dor e o sofrimento dos pais após a morte dos filhos. Entre as três cartas entregues, um era de um bebê que nasceu com malformação e os outros dois nasceram prematuros.


A última cartinha foi entregue no dia 14 de abril. O bebê nasceu no dia 10 com 710 gramas e morreu quatro dias depois. O G1 tentou falar com a mãe da criança, mas não obteve sucesso.


“Fazemos de tudo para que isso não aconteça [o óbito], mas quando acontece tentamos amenizar esse momento. Graças a Deus, nosso índice de mortalidade não é grande aqui, mas, às vezes que fizemos, a receptividade é muito boa, os pais choram muito, agradecem”, conclui Giselly.


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