“No Dia do Trabalho, o sentimento é exaustão”, diz profissional da linha de frente no Acre

Foto: Reprodução

No Dia do Trabalho, comemorado neste 1º de maio em todo o Brasil, todos os profissionais merecem as felicitações, sobretudo os que estão na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus, que já tirou a vida de mais de 400 mil pessoas em todo o país.


Procurado pela reportagem para falar sobre a rotina de trabalho cansativa neste momento atípico do mundo, o enfermeiro do Pronto-Socorro de Rio Branco, Lucas Gustavo de Souza, de 25 anos, disse que a palavra do dia é exaustão.


“No Dia do Trabalho, a palavra é exaustão, acompanhada de vários sentimentos diferentes, como frustração, satisfação e cansaço”, destacou.


Lucas tem 25 anos e é enfermeiro/Foto: Arquivo pessoal

Lucas atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do PS, criada no ano passado para o tratamento de pacientes em estado grave da covid-19, além de prestar serviço no Hospital Santa Juliana, também em Rio Branco. Ele cumpre uma carga horária de trabalho de 12 horas diárias.


“Me divido nessas 12 horas para atender os dois hospitais. Foi o caminho profissional que escolhi e que, apesar de todo cansaço, me faz feliz”, continuou.


Quando questionado sobre os desafios do trabalho que envolve o uso de conhecimentos científicos e a interferência da dimensão humana do profissional (que não pode ser dissociada do exercício profissional), Gustavo disse que conciliar as duas coisas é uma mais complexas tarefas.


“Eu sou um enfermeiro, formado para atuar no atendimento a essas pessoas, mas eu também sou humano. Nosso trabalho é movido pela ciência e também pelas expectativas que criamos de manter o paciente vivo, cuidá-lo da melhor forma, entregá-lo para a família recuperado, mas às vezes isso não é possível. Quando nos deparamos com o pior e o paciente evolui para óbito, a frustração vem”, disse o especialista.


“Não contamos as vezes em que vamos para casa, dormir, e pensamos no que vamos fazer no outro dia para ajudar o paciente que está internado. Quase não temos mais vida pessoal, porque o momento exige que o nosso lado profissional tenha mais destaque”, continuou.


Se por um lado é desgastante a rotina, por outro a recuperação de inúmeras pessoas traz um afago ao coração de quem dedicou uma vida ao cuidado.


“Quando digo que é um misto de sentimentos, falo sobre frustração, medos, ansiedade, cansaço, mas também sobre a satisfação de ver uma pessoa saindo da UTI e indo para casa, reencontrar a família, abraçar quem ama. Isso é de uma satisfação absurda. Nós sempre estamos ali, embora pareça difícil ou impossível ter avanço, para dizer que vai ficar tudo bem, mesmo reconhecendo limitações”, finalizou.


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