O caso levou o Ministério da Saúde a suspender nesta terça-feira a aplicação do imunizante em grávidas e puérperas (mulheres que deram à luz há até 45 dias).
Na noite anterior, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia emitido uma nota recomendando a suspensão.
A AstraZeneca afirmou, em comunicado, que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos testes da vacina contra a Covid-19.
“Esta é uma precaução usual em ensaios clínicos”, informou a empresa, que ressaltou:
“Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal”.
Mas, afinal, o que devem fazer as grávidas que já tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca? O EXTRA ouviu especialistas para tirar esta e outras dúvidas.
Confira as perguntas e respostas sobre o assunto:
O que as grávidas e puérperas que já tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca/oxford devem fazer?
A ocorrência de plaquetopenia e eventos tromboembólicos são extremamente raros.
A recomendação é que as gestantes que tomaram a primeira dose recebam acompanhamento médico e fiquem atentas a sintomas não habituais, como piora no estado geral, febre e sudorese.
Nestes casos, diz Agnaldo Lopes, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a gestante ou puérpera deve buscar assistência médica.
Grávidas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca devem tomar a segunda?
Ainda não há resposta definida para isto. O Ministério da Saúde detalhará, em nota técnica a ser publicada nos próximos dias, orientações para as que já receberam a primeira dose.
Alguns estados suspenderam temporariamente a aplicação da segunda dose da AstraZeneca em gestantes.
Já especialistas divergem se é recomendado ou não aplicar a segunda dose. Por isso, é importante esperar a orientação do ministério.
Existe vacina contra a Covid-19 segura para grávidas?
De acordo com Lopes, entre os imunizantes contra a Covid-19 em uso no Brasil, só existem, até o momento, dados sobre o uso da vacina da Pfizer em gestantes.
As informações foram levantadas a partir da análise de gestantes americanas que tomaram a vacina, ou de forma inadvertida (sem saber que estavam grávidas) ou que engravidaram depois.
Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que na grande maioria das vacinas, para qualquer doença, as gestantes não participam dos ensaios clínicos, mas quando começa a vacinação em massa, são observados os dados a partir das que acabam sendo vacinadas sem saber que estão grávidas.
A epidemiologista Ethel Maciel também destaca que a vacina da Pfizer é a única com estudos no grupo das grávidas, mas explica que a CoronaVac, apesar de não ter pesquisas em gestantes, usa uma tecnologia de vírus inativado, a mesma de outras vacinas para as quais existem pesquisas sobre uso nesse grupo, inclusive a da gripe, que “há muito tempo coloca as gestantes no grupo prioritário”.
Grávidas com comorbidades devem se vacinar?
Sim. O Ministério da Saúde recomendou que este grupo seja imunizado com doses das vacinas da Pfizer e da CoronaVac.
Mas é preciso que um médico analise a relação de custo e benefício da vacinação.
O especialista deverá dar um documento que comprove a indicação de vacinação, assim como é feito em casos de comorbidade grave. A prescrição deve ser assinada e carimbada.