Quando o padre João Paulo Souto Victor viajou a Roma para fazer um mestrado sobre a influência das redes sociais na formação da consciência cristã, ele não imaginava que o final de seu período na capital italiana seria com um vídeo dele próprio viralizando na internet.
Nesta quarta (26), após o fim da audiência geral no Vaticano, o religioso da diocese de Campina Grande (PB) encontrou o papa Francisco e pediu uma bênção aos brasileiros. De forma descontraída, o pontífice abriu um sorriso e disparou: “Vocês não têm salvação. Bebem muita cachaça e rezam pouco”.
O vídeo, gravado por um colega, rapidamente ganhou força nas redes, e a repercussão assustou o padre, tamanha a quantidade de mensagens que recebeu. “Estou surpreso e feliz, porque foi uma experiência única. Olhar nos olhos do papa, ver seu semblante tranquilo, o sorriso afetuoso”, disse por telefone João Paulo, para quem a declaração demonstra a capacidade de Francisco de nos surpreender.
O padre brasileiro de 37 anos está na Europa há um ano e oito meses, e o encontro desta quarta marcou o fim do período dele na capital italiana, após estudar teologia moral na Academia Alfonsiana de Roma. O contato com o pontífice foi espontâneo, sem preparação, afirma ele, que definiu o momento como um sonho realizado. “Depois de brincar ele fez o sinal da cruz na minha testa”, conta.
“Sempre digo que o papa tem um afeto imenso pelo Brasil. Ele sempre se dirige ao país com palavras positivas. A palavra do papa é sempre de ânimo e encorajamento.”
Ainda que Francisco tenha brincado com a quantidade de cachaça e de orações dos brasileiros e diga, em tom descontraído, que o Brasil não tem salvação, a posição do pontífice está distante da opinião da população do país, de acordo com levantamento recente do Datafolha.
Apesar das crises sanitária, política e econômica, a maior parte dos brasileiros se diz orgulhosa do país e esperançosa sobre o futuro. Segundo o instituto, 90% dos entrevistados afirmam que o Brasil tem jeito, e 8% disseram que não. Disseram que depende 2% dos entrevistados. O Datafolha também questionou se os brasileiros têm orgulho do país, e 70% dos entrevistados dizem ter mais orgulho do que vergonha do Brasil, ante 26% que afirmaram o oposto. Não soube responder 1%, e outros 2% deram outras respostas.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 2.071 pessoas de todo o país nos dias 11 e 12 deste mês. O nível de confiança do levantamento é de 95%.