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Conheça a história das apostas esportivas no Reino Unido, um dos símbolos do país

A cultura britânica tem muitas peculiaridades famosas, e uma delas é o hábito das apostas esportivas. A cultura das apostas é antiga no Reino Unido – mais especificamente na Inglaterra, uma das quatro nações constituintes do reino. Entre as principais formas de perceber essa cultura está observar a quantidade de casas de apostas nas ruas de Londres, ou as cenas em que a rainha Elizabeth II aparece nos camarotes dos hipódromos – ao longo da vida, ela apostou em corridas de cavalo.


Na Inglaterra, estão sediadas algumas das principais empresas de apostas do mundo, como a Bet365, fundada em 2000 e cuja central está, hoje, na cidade de Stoke-on-Trent, na região central do país. Mas, além das grandes casas de aposta, estão espalhadas pela Inglaterra milhares de pequenos estabelecimentos nos quais é possível fazer apostas esportivas.


As apostas mais populares envolvem a Premier League, a principal competição do futebol inglês, e campeonatos como Champions League, Liga Europa e Copa do Mundo, além de outros esportes muito populares no Reino Unido, como tênis, críquete e rugby.


Porém, também são célebres as apostas na política, principalmente antes de eleições importantes. É possível apostar, por exemplo, em qual partido vai ganhar mais cadeiras nas próximas eleições britânicas, até quando Boris Johnson vai continuar no cargo de primeiro-ministro e qual nome terá o bebê esperado pela duquesa de Sussex, Meghan Markle.


A história do jogo no Reino Unido


A primeira lei para regulamentar o jogo na Inglaterra foi introduzida pelo rei Richard I, em 1190. Na época, vários membros da nobreza perderam parte das suas terras, dadas a eles pelo rei, graças a derrotas nos jogos. Para evitar que isso continuasse ocorrendo, Richard I limitou a quantia diária de dinheiro que podia ser apostado.


Quatro séculos depois, em 1509, o rei Henry VIII, famoso por ter tido seis esposas, baniu totalmente o jogo. O que levou o monarca a tomar a decisão foi o fato de que muitos arqueiros do Exército inglês estavam apostando seus arcos.


A rainha Elizabeth I, filha de Henry VIII, reverteu a proibição imposta pelo pai e levou o parlamento a aprovar a regulamentação das apostas – inclusive com a previsão de que o Estado promovesse loterias. A partir daí, as apostas passaram a se misturar com a história inglesa e britânica. As loterias oficiais foram uma das principais formas encontradas por Elizabeth para financiar a construção de portos e o aprimoramento da Marinha inglesa antes da guerra contra a Armada Espanhola.


Mais tarde, o rei James I usou as loterias para financiar a fundação de Jamestown, a primeira cidade inglesa na colônia americana da Virginia. Em 1826, quando o Reino da Inglaterra e o Reino da Escócia já tinham se unido e formado o Reino Unido, as loterias foram novamente cruciais – dessa vez para preparar as Forças Armadas para enfrentar a França liderada por Napoleão Bonaparte.


Apostas em cavalos


O hábito de Elizabeth II de apostar em cavalos é uma cultura enraizada na monarquia e na nobreza britânicas. A atual rainha, inclusive, repassou sua paixão por equinos para alguns dos seus descendentes.


Foi o rei Charles I, que reinou de 1625 a 1649, quem transformou as apostas em corridas de cavalos em uma cultura nacional inglesa – embora o hábito já existisse desde a era Tudor, encerrada com Elizabeth I. O próprio Charles I foi um exímio cavaleiro e foi responsável por tornar a cidade de Newmarket, no leste da Inglaterra, no coração do hipismo nacional – status que Newmarket conserva até hoje, apesar de ter apenas 16 mil habitantes.


Também são atribuídos a Charles I algumas das principais superstições envolvidas nas apostas em cavalos. No reinado dele, passou a ser comum que pessoas de toda a Inglaterra viajassem para assistir às corridas de cavalo.


A popularização das apostas futebolísticas


Nas primeiras décadas do século XX, o futebol ainda era um esporte muito ligado à elite, e as corridas de cavalo dominavam o mercado de apostas. O primeiro registro de apostas futebolísticas no Reino Unido é de 1923. Foi apenas em 1960, quando o parlamento britânico aprovou o Betting and Gaming Act, que as apostas em futebol se disseminaram pelo reino.


A lei de 1960 representou um grande incentivo às apostas esportivas – permitindo, por exemplo, que as casas de apostas ficassem localizadas em ruas de comércio. A medida pavimentou o caminho para que o mercado de apostas ganhasse uma nova imagem, superando a face obscura que o hábito de apostar carregava até então – embora o hábito de frequentar casas de apostas ainda carregasse um estigma nos anos seguintes.


Uma nova lei relaxou as regulamentações em 1986 e, em 1992, o canal Sky Sports passou a transmitir vários jogos da Premier League a cada fim de semana. Na mesma época, estavam surgindo as versões online das casas de apostas. Tudo isso levou a uma grande popularização das apostas e deu à indústria britânica do jogo as características que ela possui hoje: tradicionalismo, honestidade, transparência e sucesso a nível global.


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