Após denúncia feita nas redes sociais relatando o abandono de um dos pontos turísticos de Rio Branco, a Biblioteca da Floresta, o Ministério Público do Acre instaurou um procedimento preparatório para apurar a falta de manutenção do local. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Órgão na sexta-feira (28).
A apuração vai ser feita pela Promotoria de Justiça Especializada de Habitação e Urbanismo e Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural em um prazo de 90 dias.
No documento, o promotor Alekine Lopes determina que a Casa Civil seja oficiada sobre a apuração e que informe qual providência vai ser tomada diante do problema. O G1 entrou em contato com a porta-voz do governo para saber quais medidas estão sendo tomadas e se há previsão de obras no local, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
O prédio com traços da cultura indígena e que traz uma mistura da arquitetura moderna com as construções típicas da Amazônia, está parado no tempo, bem no Centro de Rio Branco.
Banheiro da biblioteca está abandonado e completamente sujo — Foto: Reprodução/Rede Amazônica
O local está fechado para reforma e manutenção, conforme cartaz fixado na porta, desde 2019. No entanto, não se vê nenhum indício de que o local passa por qualquer tipo de obra. Pelo contrário, imagens mostram um prédio abandonado, com paredes cheias de infiltrações e banheiros sujos.
A biblioteca foi inaugurada em outubro de 2007 e reúne pesquisa e acervo, impresso e digital e visual, acerca da Amazônia, especialmente do Acre e de suas populações tradicionais como índios, seringueiros, ribeirinhos e parteiras.
O prédio, com três andares, tem cinema com lugares para 82 pessoas e terminais de acesso à internet. A obra, de R$ 3,8 milhões, é estadual, mas teve financiamento no BNDES.
Após denúncia, Ministério Público do Acre apura abandono da Biblioteca da Floresta — Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Ao G1, o presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Manoel Gomes, informou que a Biblioteca da Floresta está com um projeto de reforma concluído, no entanto, não há recursos para colocar em prática a obra. Segundo ele, o acervo do local está preservado.
“O estado entrou em faixa amarela há menos de um mês, com presença de 50% de público. Então, se o governo lança um decreto de não aglomeração, de não utilização dos espaços, como que a gente abre os espaços? Por outro lado, temos que ter a compreensão que a biblioteca está extremamente preservada no seu interior, no seu acervo. O que ela precisa, assim como vários espaços públicos, é de reforma, revitalização, e para isso, obviamente, precisa ter recurso. Temos o projeto da Biblioteca da Floresta, mas precisa ter esse custeio”, disse.
Gomes informou ainda que a maior intervenção que precisa ser feita na biblioteca é com relação ao auditório e que no restante dos espaços, as ações vão ser mínimas. “O auditório quando chove ele alaga. Então, precisamos fazer essa correção. O projeto está pronto, mas precisamos captar recurso.”