Após o fim do contrato com empresa terceirizada no último dia 30 de março, cerca de 130 garis que faziam o serviço de varrição em Rio Branco perderam seus empregos. Mas, segundo a Secretaria Municipal de Zeladoria, a limpeza da cidade não foi comprometida e a assinatura do contrato com nova empresa deve ser feita na próxima segunda-feira (5).
Até lá, o trabalho deve ser realizado pelos profissionais das outras três empresas terceirizadas que prestam serviço para a secretaria. A informação foi confirmada ao G1 pelo secretário Joabe Lira. Segundo ele, a nova empresa que vai ser contratada na segunda deve entrar, inicialmente, com 105 garis, podendo aumentar até 130 profissionais, a depender da demanda.
O secretário informou que nesta sexta (2), devido ao feriado, não está tendo serviço de limpeza na capital, por conta do decreto estadual que determina medidas mais restritivas aos finais de semana, feriados e pontos facultativos.
No entanto, segundo ele, neste sábado (3), vai ser feita a limpeza de varrição somente no Centro da cidade por uma equipe. O trabalho de coleta de lixo nos bairros segue cronograma normal.
O governo adotou o fechamento emergencial do comércio e outros serviços nos fins de semanas e feriados para tentar reduzir os casos de Covid-19 e a alta demanda nos hospitais. Nas últimas semanas, a taxa de ocupação dos leitos de UTI na rede pública se manteve acima dos 90% e por vários dias ficou em 100%.
“Temos quatro empresas na prefeitura, sendo duas de roçagem, outra de capina, e a que saiu foi uma que fazia a varrição. Ela saiu no dia 31 e as outras continuam. Hoje não estão trabalhando, devido ao lockdown, mas entramos em contato para ter autorização e amanhã vai ter limpeza no Centro, para não acumular. Na segunda [5], já estamos com contrato pronto e será assinado para o chamamento mais de 100 trabalhadores, podendo chegar até 130. Então, vamos suprir a necessidade desses que saíram”, afirmou o secretário.
Lira informou ainda que o processo de licitação para contratação da nova empresa foi iniciado ainda no ano passado, pela gestão anterior, e que passou por análise para ser finalizado.
Protestos e confronto com polícia
Com salários atrasados, um grupo de garis fez vários dias de protesto em frente à Secretaria Municipal de Zeladoria de Rio Branco, inclusive bloqueando a saída de maquinários e de outros trabalhadores que não participavam do ato.
Após dias de negociações, paralisações e até confusão com intervenção do Batalhão de Choque da Polícia Militar (Bope), os garis voltaram a trabalhar no último dia 17 depois de receberem os salários que estavam atrasados.
Os atrasos se deram porque as empresas terceirizadas diziam que tinham que receber um valor e a prefeitura, após calcular o serviço prestado, dizia que o valor teria que ser bem abaixo. Mesmo com o impasse, as empresas acabaram recebendo o repasse, umas até 50% menos do que esperavam, e fizeram o pagamento dos trabalhadores, que voltaram ao trabalho.
O clima ficou tenso, no último dia 15, quando os trabalhadores bloquearam a entrada da Zeladoria e uma equipe do Bope foi acionada e chegou a usar gás de pimenta.
A situação causou repercussão e o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, em entrevista a outra emissora, falou que a ação da polícia foi preciso para “restabelecer a ordem” e que não foi feito “nada demais”. Segundo ele, no dia em que a polícia precisou agir, mais de 300 trabalhadores tentavam sair da garagem da secretaria com 40 máquinas, mas estavam sendo impedidos pelo grupo.
O Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) chegou a instaurar uma notícia de fato para apurar a conduta dos policiais militares envolvidos na repressão ao protesto dos garis.