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Após caos em janeiro, Amazonas tem queda de 80% em mortes por Covid

Neste mês de março, 670 pessoas foram vítimas da doença. Em janeiro, com segunda onda da Covid e falta de oxigênio, 3.556 pessoas morreram


O Amazonas registrou uma queda de 80% no número de mortes por Covid neste mês de março, na comparação com janeiro deste ano. Em março, foram 670 vítimas da Covid.


No primeiro mês de 2021, com o caos da segunda onda da Covid, 3.556 pessoas morreram vítima da doença. Na época, o estado sofreu com falta de oxigênio e teve que transferir pacientes para outros estados.


Os dados constam no boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) desta quinta-feira (1º). Atualmente, o Amazonas encontra-se na fase laranja, com risco moderado de transmissão de Covid, e registra mais de 12 mil mortes por Covid.


Uma das explicações para essa diminuição está no fechamento do comércio não-essencial no Amazonas, que foi proibido de abrir em 2 de janeiro, por conta da segunda onda, e passou o mês inteiro fechado. As flexibilizações começaram em 22 de fevereiro.


Outro fator que pode explicar essa queda no número de mortos é a vacinação, que começou em janeiro com grupos prioritários. Mas, como o número de vacinados ainda não é ideal, especialistas alertam que mesmo quem se vacinou deve continuar seguindo os protocolos de distanciamento social.


O estado foi o primeiro do país a entrar em colapso na segunda onda da doença e atingiu, em janeiro, tristes recordes de casos, mortes e internações pela doença. Neste mês de março, o restante do Brasil registrou os piores números da pandemia.


O epidemiologista Jesen Orellana, da Fiocruz Amazônia, alerta, entretanto que é possível que o Amazonas já esteja passando por uma reversão na queda das taxas de infecção e internação por Covid. Para ele, isso se dá em função das flexibilizações do comércio, que começaram em 22 de fevereiro.


“O governador está coberto de razão quando ele diz que algumas atividades comerciais não podem parar, até por uma questão relacionada ao mercado de trabalho, ao emprego, a geração de renda. Mas é preciso lembrar que o governo, a prefeitura, e a sociedade, precisam fazer o papel deles, fiscalizando”, ressaltou.


“Fiscalizando nossos amigos, dando conselho aos vizinhos, o governo intensificando as fiscalizações, no transporte intermunicipal, transporte interestadual, e aumentando a testagem em massa, uma ferramenta importantíssima para o adequado monitoramento da pandemia”, completou Orellana.


Orellana reforça, ainda, que os números de internações e mortes por Covid são indicadores tardios na circulação do vírus. Por exemplo, se um indivíduo é internado hoje com Covid, significa que ele foi infectado há cerca de 10 ou 15 dias.


Para ele, o melhor indicador para monitoramento da pandemia é de novas infecções. “Pra ter o indicador de novos casos, tenho que ter uma quantidade maior de exames RT-PCR utilizados. Porque, assim, nós conseguimos monitorar casos novos, isolando esses indivíduos, orientando essas pessoas a fazerem testagem de seus contatos”, afirmou.


Segundo dados da FVS, em janeiro deste ano, o Amazonas realizava uma média de 1.500 testes RT-PCR por dia. Em 26 de fevereiro, foram realizados 1.162 testes RT-PCR. Nos últimos dias de março, foram cerca de 100 a 400 testes diários.


“Nós poderíamos estar monitorando melhor a epidemia, e transformando esse momento agora do Amazonas, em um momento que seria um exemplo pra humanidade. Mas continuamos falhando nesse aspecto do monitoramento da pandemia, e, lamentavelmente, podemos ser surpreendidos daqui a uns dois ou três meses, como já fomos duas vezes surpreendidos pela Covid”, finaliza.


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