Março é o mês com o maior número de mortes por Covid-19. Foram 264 vidas ceifadas até o dia 31. Isso representa 61% do número total de óbitos registrados no mês (434). Uma média de 8,5 pessoas mortas por dia. O vírus que trancou cidadãos dentro de casa, que tirou alunos da sala de aula e foi capaz de acabar com o futebol no domingo, é também o que mais mata.
No dia 6 de abril foi registrado o primeiro óbito em Rio Branco, uma mulher de 79 anos, hipertensa e diabética. Quatro dias depois, 13 municípios incluindo a capital decretavam situação de calamidade pública. A partir de 20 de abril se tornou obrigatório o uso da máscara e todos eventos e atividades com mais de cinco pessoas, suspensa.
O caos da primeira onda foi registrado ainda em abril do ano passado, quando leitos e UTIS da rede pública tiveram 100% de ocupação. Em junho de 2020, o Acre registrou o maior número de óbitos por Covid-19 em um mês, um total de 217. Até dezembro de 2020, foram 795 vidas perdidas, uma média de 66 pessoas mortas por mês.
Como a segunda onda de Covid-19 se espalhou matando de forma mais rápida e atingindo pessoas mais novas
Quando o governador Gladson Cameli planejava o maior relaxamento dos protocolos sanitários de isolamento social, a nova cepa do vírus descoberta no Amazonas chegou ao Acre com força total. A partir do mês de janeiro, estresse tomou conta da rotina dos hospitais públicos.
Somente nos primeiros três meses deste ano, o aumento de falecimentos por causa da Covid-19 foi de 136%, subiu de 66 óbitos/mês para 155. Até o dia 31 de março foram 467 vidas perdidas para o novo coronavírus. A fila à espera de leito com tratamento intensivo chegou a 25 pacientes.
Das cidades interioranas, sem estrutura para o tratamento avançado da doença, começaram a ser transferidos pacientes para Rio Branco. De Rio Branco, famílias negociaram tratamento fora de domicilio para quem estava à beira da morte. Manaus começou a regular vitimas da Covid-19 do Acre. Seis foram transferidos até o dia 31 de março.
O mapa da morte nas cidades acreanas é medido através dos dados de óbitos do Portal Transparência de Registro Civil. Rio Branco, com 767 falecidos, lidera o ranking das unidades federativas que mais perdeu pessoas para o Covid-19 desde o início da pandemia. Com relação ao número total de mortos o crescimento foi de 139%.
Cruzeiro do Sul desde o início da pandemia perdeu 127 vidas. A segunda maior cidade do estado teve um aumento de 170% no número total de óbitos. Feijó, com 41 óbitos em toda pandemia, teve aumento total de falecidos de 93%. Sena Madureira, com 37 pessoas mortas por Covid-19, teve 90% a mais no número total de óbitos. Brasileia completa a lista das cinco cidades mais ameaçadas pelo novo coronavírus, registrou 29 óbitos. Localizada na fronteira com a Bolívia, apresentou maior variação no aumento do número total de mortos com 271%.
A comparação em todas cidades analisadas é com relação ao mês de março de 2020 e março de 2021. Os números de óbitos por Covid-19 têm como fonte a Secretaria de Estado de Saúde (SESACRE) e foram tabulados até o último dia 31.
De forma ortodoxa, o Acre não consegue avançar na imunização de seu rebanho. Mesmo com o aumento de doses de vacinas, do total de 150 mil doses recebidas do Ministério da Saúde, apenas 58.970 foram aplicadas. No meio da floresta amazônica, antes da vacina contra Covid-19, chegou a fake news. 30% dos indígenas rejeitam a imunização.
Padre Jairo diz que a Páscoa na pandemia é oportunidade de “mudança de mentalidade”
Padre Jairo Coelho, da Igreja Católica do Estado do Acre, disse que essa Páscoa de pandemia é uma oportunidade para a sociedade fazer uma experiência de passagem, “mudança de mentalidade, conversão, metanoia, como diziam os gregos”, analisou em entrevista no Rádio.
A vida nova sem o vírus, segundo o religioso, só acontece com a responsabilidade de cada cidadão em cuidar de sí e do outro. Ele orienta a busca pelas orientações sanitárias ditadas pelas autoridades do estado.
“Nós somos seres interdependentes, não somos ilhas, pessoas capazes de sobreviver sozinhas”, acrescentou o padre.
Com um trabalho feito dentro da UTI Covid-19 no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, o religioso afirma que a doença não atinge somente ao paciente, mas, à toda família.
“É uma doença silenciosa que mexe com o emocional das pessoas, dos profissionais de saúde e de todo o mundo”, analisou.
O religioso acredita que a comemoração nesse fim de semana deve ser na verdadeira igreja doméstica que é a casa. Para ele, cada cidadão deve se colocar em comunhão com o Cristo Vencedor, que vence, inclusive a morte. “Não sairemos perdedores nessa batalha, mas, vencedores, as famílias não perderam entes queridos, ganharam intercessores no céu”, concluiu.