Em meio à preocupação de que possa faltar oxigênio nas unidades hospitalares do Acre, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou, na tarde desta quinta-feira (11), uma usina oxigênio para obra de ampliação do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC), o hospital de campanha de Rio Branco.
A distribuidora que fornece oxigênio para o Acre informou que o produto pode faltar no estado em um prazo de 15 dias devido à alta demanda. A distribuidora fornece oxigênio para as unidades de saúde particulares do estado e públicas do interior. Os três hospitais públicos que são referência no atendimento a vítimas da Covid-19, (dois em Rio Branco e um em Cruzeiro do Sul), têm usinas de distribuição própria de oxigênio.
A possível falta de oxigênio no estado ocorre num momento em que a rede pública e privada enfrentam a superlotação leitos, com recorde em números de mortes. Nesta quinta (11), foram registados mais 11 óbitos, um total de 1.094 mortes em todo o estado e 61.394 casos da Covid-19, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).
A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) informou que a usina vai ampliar a oferta de gás no estado. Contudo, não especificou quando ela deve começar a operar. O material foi adquirido por meio de um contrato de locação.
A usina vai ser instalada no antigo prédio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que está em obras. No local, devem ser abertos pelo menos 32 leitos, com possibilidade de serem 10 de UTIs. No Hospital do Idoso também devem ser abertas mais 10 UTIs.
Usina foi levada para o antigo batalhão do Bope, onde vai funcionar uma extensão do hospital de campanha de Rio Branco — Foto: Cedida
Falta do produto nas empresas
À Rede Amazônica, o secretário de saúde, Alysson Bestene, informou que o estado tem um plano de contingência para não deixar faltar o produto na rede pública e privada.
“As nossas unidades de referência de hospital de internação, todas elas fazem uso do oxigênio através de usinas. Os cilindros, uma vez que são utilizados, é para transporte do paciente dentro da unidade ou para outra unidade. A preocupação é em relação à matéria-prima, tivemos uma conversa com as empresas, a White Martins e Oxiacre, e estamos conversando para que se instale aqui no Acre uma usina que envase esse cilindro de oxigênio,” explicou.
Bestene falou ainda que já está sendo providenciado um pedido com uma quantidade maior de cilindros. “Estamos providenciando para que chegue quantitativo de cilindros a mais, uma média de 300 que foi pedido, eles vão encaminhar em torno de 60 a 100 cilindros para que a gente possa ajudar toda a rede, não só pública, mas também a privada”, garantiu.
Empresa postou anúncio na fachada que acabou o oxigênio — Foto: Quésia Melo/Rede Amazônia Acre
Mesmo a Saúde informando que o produto ainda não acabou no estado, pelo menos duas empresas de Rio Branco suspenderam a venda do produto. A empresa Oxiacre, que fica no bairro Distrito Industrial, em Rio Branco, amanheceu nesta quinta (11) com um aviso dizendo que está suspensa a venda de oxigênio medicinal e industrial. O G1 entrou em contato com a empresa, mas foi informado por um funcionário que o responsável não estava e ele não poderia repassar o contato.
O dono da empresa Oxivida, que preferiu não se identificar, também confirmou que está sem o produto há pelo menos duas semanas.
O empresário Cassiano Marques, que é baloeiro, disse que foi nas duas lojas, onde costuma comprar o produto, mas estava em falta.
“Recentemente, emprestei um cilindro para um amigo que estava com a mãe com Covid-19 e, graças a Deus, ela se recuperou, então, fui encher para manter sempre pronto para alguma eventualidade, mas já está faltando”, contou à Rede Amazônica.
Marques disse que o oxigênio é para manter apenas o estoque e que ninguém da família está doente.