Mãe de menino que está internado após ficar submerso em igarapé morre com Covid-19 à espera de vaga em hospital no Acre

A mãe do adolescente Willy Bezerra da Silva, de 16 anos, que luta pela vida após ficar em estado grave ao ficar submerso por quatro minutos no Igarapé São Francisco, no dia 29 de janeiro, em Rio Branco, morreu com Covid-19 na manhã dessa segunda-feira (15) à espera de uma vaga no Instituto de Traumautologia e Ortopedia do Acre (Into-AC).


Segundo a família, Meiriane Bezerra do Nascimento, de 35 anos, sofria de depressão e adquiriu uma pneumonia nas últimas semanas.


Por conta disso, ela ia constantemente ao hospital tomar medicação. Na noite de domingo (14), Meiriane passou mal e foi levada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Sobral. Fizeram o exame para Covid-19 no hospital, que deu positivo, e ela ficou aguardando uma vaga no Into-AC.


Na manhã de segunda, a mulher não resistiu. “Eu mesmo levei ela na UPA no domingo à noite. Ontem de manhã [segunda,15] fui lá e recebi a notícia da morte dela. Fizeram o exame e deu positivo. Não apresentou sintomas, apenas estava com o quadro depressivo, não tinha forças para comer e estava fraca. No domingo, tivemos que levar na UPA”, relembrou o irmão de Meiriane, Robson Nascimento.


Adolescente não sabe da morte da mãe

Willy Bezerra segue internado na enfermaria da Fundação Hospitalar do Acre. Ele continua evoluindo bem na recuperação, fazendo fisioterapia e ainda não sabe da morte da mãe. Além dele, Meiriane tinha outros três filhos, sendo uma bebê de 11 meses, 5 anos e 15 anos.


“Ele nem pode saber. Sempre foi uma mãe presente na vida dos 4 filhos, nunca deixou eles desamparados. Os quatro filhos eram o combustível dela”, destacou.


Nascimento explicou também que o quadro depressivo de Meiriane se agravou após o acidente do filho. No início, ela ainda conseguia ficar com ele no hospital, acompanhou o tratamento do menino, mas, deixou de ir porque não tinha mais forças para ver o filho internado.


“Foi ver ele, mas não recentemente, foi no começo quando estava bem de saúde. Esses últimos dias que estava ruim não foi porque a gente não deixava. Enquanto estava bem ficou cuidando dele no Hospital da Criança, mas depois que adoeceu não foi mais para o hospital e a gente passava as notícias para ela”, acrescentou.


O irmão disse que não sabe como Meiriane pode ter se infectado com o novo coronavírus. Nenhum outro parente pegou a doença. As crianças devem ficar com a avó, que mora no mesmo terreno que a filha.


“Pode ter sido infectada no hospital quando ia tomar o remédio para a depressão. Estamos até fazendo campanha de doações de fraldas e outras coisas para as crianças. Estamos sem chão, nos reerguendo e travando essa batalha para o Willy vencer. Infelizmente, ela perdeu a batalha, nós também perdemos. Temos outras batalha com meu pai, que se recupera de um AVC. Estamos todos em choque, mas vamos vencer se Deus quiser”, lamentou.


Submerso em igarapé

O menor estava brincando na ponte do igarapé, no bairro Raimundo Melo, no dia 29 de janeiro, quando caiu e teria ficado mais de quatro minutos submerso na água.


Populares que estavam no local acionaram uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e realizaram os primeiros socorros enquanto a ajuda médica chegava.


Quando a equipe do Samu chegou, os médicos passaram mais de seis minutos tentando reanimar o adolescente. Ele foi levado intubado e em estado grave para o pronto-socorro da capital e no mesmo dia foi transferido para o Hospital da Criança, onde ficou 16 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).


No dia 12 de fevereiro, o adolescente foi submetido a uma traqueostomia e no dia 15 do mesmo mês foi transferido para um leito de enfermaria da unidade. Já no dia 22 de fevereiro, o Willy foi levado para a semi-UTI da Fundação. No dia 7 de março, o adolescente deixou a semi-UTI e foi levado para a enfermaria.


O adolescente está sendo acompanhado por fonoaudiólogo e fisioterapeuta. Ainda segundo Robson Nascimento, a família foi informada que, em breve, uma assistente social deve fazer uma visita na casa deles para verificar a necessidade de instalação de equipamentos para que o menino possa voltar a morar no local.


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