A guerra entre defesa e acusação no caso da morte da jovem Maicline Costa, que veio à óbito em um acidente com uma moto aquática em janeiro de 2019, onde o médico Eduardo Veloso e o empresário Otávio Costa podem ser indiciados por homicídio doloso, teve mais um capítulo.
Nesta quinta-feira, 4, estava marcada a reconstituição do acidente ocorrido no Rio Acre. Deveriam participar a defesa, Ministério Público e a perícia da Polícia Civil. Ocorre que a banca de advogados que representa o médico Eduardo Veloso entrou com um pedido de adiamento da reconstituição do acidente. O argumento da defesa é de que é impossível fazer a reconstituição sem desobedecer as medidas de proteção contra o novo coronavírus. No entender da defesa a realização da simulação vai provocar aglomeração.
O Ministério Público do Acre e os advogados que defendem o filho, a irmã e a mãe de Maicline foram contrários ao adiamento. O MPAC lembrou que a reconstituição já deveria ter acontecido um atrás e não ocorreu exatamente por conta da pandemia. O promotor Teotônio Rodrigues Soares Júnior argumentou que o adiamento da diligência causará prejuízo à
conclusão das investigações. É que de acordo com a perícia, a reconstituição deve ser feita nas mesmas condições do acidente, ou seja, em época de cheia do Rio Branco.
“Além disso, não prospera o argumento defensivo de que a realização da reprodução simulada dos fatos colocaria em risco a saúde dos envolvidos. É de se ressaltar que os responsáveis pela perícia são policiais civis, militares e bombeiros, profissionais do serviço público essencial, acostumados a exercer seu ofício na atual condição sanitária, sendo isso algo inerente a sua profissão”, escreveu o promotor em sua argumentação.
Já os advogados que representam a família de Maicline que pede uma indenização na justiça de mais de 2 milhões de reais, alegou que o único objetivo da defesa de Eduardo Veloso é apenas protelar a reconstituição. A banca chegou a juntar na sua argumentação uma foto do acusado em uma casa de shows em Rio Branco em novembro do ano passado sem o uso de máscara.
Apesar dos argumentos, a justiça decidiu adiar a reconstituição. De acordo com o juiz Alesson José Santos Braz a realização da diligência em plena fase vermelha poderá gerar maiores prejuízos, notadamente quando é notório que a aglomeração de pessoas contribui para disseminação do corona vírus.
O magistrado determina que a reconstituição seja realizada em uma outra data, quando Rio Branco voltar para fase laranja da pandemia.