Direção alerta que Hospital do Juruá pode ficar sem leitos após transferência de pacientes

Foto: Reprodução

Após a transferência de pacientes de Rio Branco para Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a direção do Hospital do Juruá, unidade referência no atendimento à Covid-19 na região do Vale do Juruá, disse que o hospital está ficando sem vagas disponíveis. Com isso, os pacientes da unidade podem precisar ser transferidos para outras cidades.


A declaração foi feita pelo diretor-clínico da unidade, Marlon Holanda, nesta quarta-feira (17), em entrevista à Rede Amazônica Acre. Segundo o diretor, há 17 pacientes internados na UTI e outros 70 em leitos de enfermaria da unidade.


“Até o momento, recebemos três pacientes, sendo dois para enfermaria e um para UTI, que, infelizmente, foi a óbito. Desses dois da enfermaria, um foi levado para a UTI devido à gravidade do caso”, relatou.


A paciente que morreu foi a autônoma Samia de Fátima Almeida, de 43 anos, que tinha diagnóstico de lúpus e fibromialgia e estava internada há 12 dias lutando contra a infecção pelo novo coronavírus. Ela foi transferida de Rio Branco para Cruzeiro do Sul e morreu horas depois na UTI do Hospital do Juruá.


O procedimento foi adotado pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) para desafogar os hospitais de Rio Branco, que estão sem leitos de UTI e enfermaria Covid. No sábado, o sistema de saúde entrou em colapso e a Sesacre selecionou alguns pacientes para também serem transferidos para Manaus, onde abriram seis vagas. Contudo, até esta quarta esses pacientes não foram transferidos.


“Na nossa enfermaria temos 70 pacientes, sendo que temos pacientes graves lá que ficam na semi-intensiva. Na semi-intensiva tem seis leitos e os seis estão lotados. A qualquer momento, um desses pacientes pode ir para UTI”, disse Holanda.


Abertura de mais leitos

O diretor falou também que existe a possibilidade da abertura de mais dez leitos no Hospital do Juruá. O espaço já existe, mas falta o maquinário e a mão de obra. A falta de profissional, inclusive, é o maior problema na região.


“Hoje nossa maior dificuldade é o recurso humano, principalmente médicos. Veio agora a residência médica e perdemos quatro médicos nas últimas duas semanas e não encontramos mais médicos na região, não encontramos ninguém que queira vir para cá trabalhar. Estamos nos virando com o que tínhamos, e hoje com um número bem menor. Hoje o médico não pode trabalhar acima de algumas horas, que pode sofrer algumas alterações, como teve a operação da Polícia Federal um tempo atrás, então, isso causou muito medo nos colegas e não querem mais trabalhar além do permitido”, frisou.


Ainda segundo o diretor, a unidade recebeu mais uma usina de oxigênio e aumentou a produção do produto. “Recebemos uma segunda usina e o hospital tem duas usinas de oxigênio, estamos trabalhando bem com relação a isso, medicamentos também. Temos todos os medicamentos para o tratamento, mas hoje a maior dificuldade é o recurso humano”, reforçou.


Além de diretor, Holanda também trabalha como médico na UTI da unidade. Após um ano à frente do combate da Covid-19, o profissional descreveu um plantão na UTI como uma guerra.


“Sempre comento que um plantão na UTI Covid é uma guerra. Você tem 20 pacientes ali, todos graves, são pessoas que são o amor da vida de alguém, a família de alguém, e pacientes que a qualquer momento podem ter uma parada cardiorrespiratória. São plantões bem tensos, cansativos e, por isso, hoje está tão difícil conseguir médicos. Está todo muito cansado”, finalizou.


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