Após pedido de Lula a Biden, Bolsonaro divulga carta de apoio do americano

Foto : Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer à CNN, na terça-feira (16), que pedirá a Biden que reúna o G20 e doe vacinas ao Brasil e a países pobres, a Secretaria de Comunicação (Secom) divulgou um resumo de uma carta de apoio vinda do governo americano. O ex-presidente justificou o pedido dizendo que “não confia no seu governo”.


Sem citar a entrevista de Lula, a nota informa que o presidente estadunidense teria prometido a Jair Bolsonaro (sem partido) “estreita colaboração com o governo brasileiro neste novo capítulo da relação bilateral”, incluindo o combate à pandemia de coronavírus.


A carta, revelada nesta quarta-feira (17), foi enviada por Biden em 26 de fevereiro em resposta ao pedido de conciliação feito por Bolsonaro em 20 de janeiro, dia da posse do novo presidente americano. O texto, entre outros assuntos, aborda a parceria entre Brasil e Estados Unidos pelo desenvolvimento sustentável e a proteção ao meio ambiente, além de citar “ameaças à democracia”. No entanto, o teor foi contraditório em relação a ações adotadas pelo governo federal, incluindo ataques ao próprio Biden quando este falou sobre a devastação na Amazônia.


Bolsonaro, aliado fiel do adversário de Biden, Donald Trump (Republicano), que, sem provas, disse que houve fraude nas eleições em que perdeu, demorou a admitir a vitória dos democratas, sendo o último líder dos países do G-20 a reconhecer o presidente estadunidense, levando 38 dias para cumprimenta-lo pela eleição. A apuração de votos foi contestada pelo presidente brasileiro, acusando, em mais de uma ocasião, que havia fraude no sistema eleitoral americano.


O governo brasileiro não destacou trechos literais da resposta americana, resumindo a carta e afirmando que “Biden sublinhou que não há limites para o que o Brasil e os EUA podem conquistar juntos”, destacando que as duas nações compartilham ideais como “luta pela independência, defesa de liberdades democráticas e religiosas, repúdio à escravidão e acolhimento da composição diversa de suas sociedades”. Ainda segundo a secretaria especial, Biden “enfatizou a responsabilidade comum dos dois líderes em tornar o Brasil e os EUA mais seguros, saudáveis, prósperos e sustentáveis para as gerações futuras”.


O comunicado ainda diz que Biden fez referência à Cúpula sobre o Clima, programada para 22 de abril, nos Estados Unidos. O meio-ambiente é considerado um ponto crítico na projeção do relacionamento entre os países, uma vez que o novo presidente americano trata o tema como fundamental. “(Biden) saudou a oportunidade para que ambos os países unam esforços, tanto em nível bilateral quanto em fóruns multilaterais, no enfrentamento aos desafios da pandemia e do meio ambiente”, afirma o comunicado.


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