Mulher lamenta após descobrir problema no fígado por causa do uso excessivo da ivermectina
Ivermectina, cloroquina, azitromicina, vitaminas e minerais: o coquetel de remédios apelidado de “kit Covid” é o chamado tratamento precoce, que, segundo cientistas e instituições de pesquisa renomados, não funciona para Covid-19. No entanto, muita gente pelo país ainda continua fazendo uso desses medicamentos e, muitas vezes, sem prescrição e de forma excessiva.
“Já vi de tudo. Até 10 comprimidos por dia, que é uma dose inaceitável, jamais testada em humanos”, lamenta o médico hepatologista Raymundo Paraná.
O uso de tantos medicamentos, ainda mais por um tempo tão prolongado, tem se refletido no aumento de diagnósticos de problemas no fígado. Em São Paulo, o uso do ‘kit Covid’ pode ter provocado a morte de três pessoas. Quatro pessoas estão na fila pelo transplante e uma está em recuperação após passar pelo procedimento.
Em Salvador, a baiana Cremilda tomou três cápsulas de ivermectina a cada 15 dias, durante um ano. Agora, tomou um susto quando descobriu que desenvolveu uma doença chamada colestase pelo uso excessivo do medicamento.
“Meus irmãos disseram que alguém disse para eles que um médico falou que a ivermectina era a cura ou então a preventiva e todos eles começaram a tomar. Eu não podia ficar de fora. É muito mais fácil você acreditar com força que aquilo ali é seguro e vai lhe proteger, né? É essas bobagens da vida que a gente faz”, afirma.
Para quem também está insistindo no tratamento precoce, Cremilda manda um recado: “Para com a ivermectina. Vai usar máscara, vai se cuidar, não vai aglomerar. Porque é a melhor coisa que você faz”.