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Ações de Bolsonaro na pandemia geram picos de pedidos de impeachment

Um levantamento inédito da organização Avaaz no Twitter identificou picos de pedidos de impeachment nas redes sociais nos mesmos dias em que o presidente Jair Bolsonaro fez declarações negacionistas em relação ao enfrentamento da covid-19 ou então em momentos críticos da gestão da pandemia no Brasil, como na falta de oxigênio em Manaus, no Amazonas.


A Avaaz é uma associação sem fins lucrativos que atua em rede para mobilização social global por meio da Internet.


O número de pedidos de impeachment enviados à Câmara dos Deputados disparou desde o ano passado. Já foram apresentados 74 pedidos até o começo de março. Os pesquisadores coletaram 2,3 milhões de tweets que mencionaram “Bolsonaro” e “impeachment”, e/ou hashtags pedindo sua saída entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2021, Foi verificado, por exemplo, que a hashtag #forabolsonaro foi usada em mais de 1 milhão de mensagens.


O maior pico de tuítes identificado ocorreu na crise de falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, em janeiro deste ano. Em 15 de janeiro, um dia depois que a imprensa começou a reportar a situação, foram registrados mais de 98 mil tuítes sobre o assunto. O número de mensagens atingiu a frequência de um tweet a cada cinco segundos.


Já o segundo maior pico, que também foi o primeiro desde o início da pandemia, ocorreu em 25 de março do ano passado. Um total de 82,4 mil tuítes depois do pronunciamento em cadeia nacional em que o presidente Jair Bolsonaro chamou a covid-19 de “gripezinha”.


Ações de Bolsonaro na pandemia geram picos de pedidos de impeachment, aponta estudo da AvaazImagem: Divulgação


Outros picos de tuítes, mais de 23 mil, que associam as palavras “impeachment” e “Bolsonaro” foram registrados na saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, em abril do ano passado. Ainda, quando o Brasil atingiu a marca de 10 mil mortos de covid-19 e Bolsonaro disse que iria marcar um churrasco, em 8 de maio de 2020, outros 20 mil. Novamente, dias depois, quando Nelson Teich deixou o comando da Saúde, menos de um mês depois de ter assumido a pasta, mais 31,3 mil tuítes.


“A gente começou a monitorar em novembro, no fim do ano passado, quando começamos a testar as campanhas pelo impeachment. A gente quis ler as redes, para ver como as pessoas estavam reagindo”, contou Laura Moraes, coordenadora das campanhas da Avaaz.


Ela explicou que não imaginava a associação antes da pesquisa. “Os picos foram uma surpresa. Na hora em que colocamos em formato de gráfico, vimos aquelas datas e fomos ver o que tinha acontecido naqueles dias por meio das notícias. E foi então que identificamos que toda vez que o Bolsonaro minimizava ou atacava o combate à pandemia, em seguida, estavam lá os picos de tuítes. Depois, quando estávamos no meio do estudo, ocorreu a explosão de mensagens por causa do que ocorreu em Manaus”, explicou Moraes.


A pesquisadora explicou que há um grupo de influenciadores que mais movimentou o tema. São políticos como Guilherme Boulos (Psol), Ciro Gomes (PDT), mas também o humorista Whindersson Nunes e a influenciadora digital Nill Moretto, além de vários outros. Moraes conta que não é possível afirmar que todos os tuítes foram favoráveis ao pedido de impeachment porque algumas pessoas usam as hashtags para surfar no assunto. Mas a pesquisa verificou que a maioria foi.


“Analisando, substancialmente, a maioria era favorável ao pedido de impeachment. A grande maioria sim”, disse ela. Para a pesquisadora, outro dado interessante foi verificar pessoas de diferentes espectros políticos se unindo em torno do tema nas redes.


“A gente perceber atores de direita, esquerda e centro com a mesma demanda. Isso, de certa forma, se relacionou com as carreatas e mostra que a sociedade cada vez mais está entendendo que vamos perder mais vidas com Bolsonaro”, completou ela.


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