Após mais chuvas, o nível do Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo, que é de 14 metros e já atinge três bairros da capital acreana, Rio Branco.
De acordo com dados da Defesa Civil Municipal, o manancial marcou nesta quarta-feira (10) 14,12 metros na medição feita às 9h. Às 6h, o nível do rio estava em 14,03 metros.
Entre os bairros já atingidos pelas águas do Rio Acre estão Cadeia Velha, Baixada da Habitasa e Airton Senna. Equipes da Defesa Civil estão em outros bairros verificando a situação.
Em entrevista ao Bom dia Acre, o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, major Cláudio Falcão, afirmou que ainda não há registro de famílias desalojadas ou desabrigadas por conta do rio. Apesar disso, o abrigo no Parque de Exposições começou a ser montado para o caso de precisar receber famílias.
“Nesse momento, a Defesa Civil está percorrendo todos os bairros para averiguar esse nível do Rio Acre dentro dos bairros. Ultrapassamos a cota de transbordo e a partir desse momento, bairros são atingidos e quando aumentar um pouco mais, pessoas serão atingidas diretamente. Estamos com equipes prontas e também preparando os abrigos – escolas, igrejas e também o Parque de Exposição – para poder abrigar essas famílias que, porventura, tenham que ser removidas de suas casas”, disse Falcão.
Situação dos igarapés
Diferente do Rio Acre, as águas dos seis igarapés que transbordaram após as chuvas dos últimos dias ainda atingem milhares de pessoas e 13 famílias estão em abrigos montados em uma escola e em uma igreja. Cerca de 40 bairros foram atingidos.
Com a rápida subida das águas entre quinta (4) e sexta (5), várias casas, lojas, comércios e outros estabelecimentos foram atingidos e a situação ainda não foi normalizada. De acordo com a Defesa Civil, mais de 13 mil famílias foram afetadas pela enxurrada.
O coordenador da Defesa Civil informou ainda que 10 famílias estão abrigadas na Escola Álvaro Rocha, sendo 42 pessoas, e outras três famílias com 15 pessoas estão na Igreja Renascer. Os dois abrigos ficam na região do bairro Conquista.
“Os igarapés nessa terça [9] começaram a ter uma elevação novamente e aí na parte da tarde houve uma vazante, porém à noite começou a retornar o aumento do nível. Por isso, desde o final de semana, nós temos orientado as famílias que estão desabrigadas e também aquelas que estão desalojadas em casas de parentes que não retornem ainda para suas residências. Mesmo assim, inúmeras delas já retornaram. Estamos num momento de muita instabilidade em relação aos igarapés.”
Chuvas
Nas últimas 24 horas choveu 18,4 milímetros, segundo dados da Defesa Civil. E nos 10 primeiros dias de fevereiro já foram registrados 172 milímetros de chuva, o que representa quase 60% do esperado para todo o mês, que é de 292 milímetros.
“Em todos os dez primeiros dias de fevereiro choveu. Para se ter uma ideia, no mês de janeiro, nos 31 dias, em 25 deles choveu. Então, estamos com alto índice de encharcamento do solo e tudo isso tem um reflexo, tanto a questão do Rio Acre, quanto dos igarapés”, afirmou o coordenador.
Decreto de emergência
Com cerca de 40 bairros atingidos pelas águas de igarapés que transbordaram, a prefeitura de Rio Branco declarou situação de emergência. O decreto foi publicado na edição dessa terça-feira (9) do Diário Oficial do Estado.
Entre os igarapés que transbordaram estão: o Igarapé do Almoço, São Francisco, Dias Martins, Batista, o Igarapé da ETA e o Judia.
O decreto de situação de emergência tem validade por 180 dias. Nesse período, de acordo com o documento, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem nas ações de resposta ao desastre. Essas ações vão ser coordenadas pela Defesa Civil e Gabinete de Crises.
Também fica autorizada a convocação de voluntários para reforçar as ações e para a realização de campanhas de arrecadação de recursos e doações, com o objetivo de facilitar a assistência à população afetada. Estão dispensadas as licitações de contratos de aquisição de bens e de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários dos desastres.