Reunião da bancada com Gladson é marcada por insatisfação com secretários e “milicianos digitais”

Foto: Sergio Vale

Uma reunião que deveria ser marcada por planejamento de ações contra a pandemia de Covid-19 que vem assolando o Acre, ocorrida entre a bancada federal do Acre em Brasília e o governador Gladson Cameli, acabou se tornando uma verdadeira “lavagem de roupa suja” na tarde desta quinta-feira, 4. O encontro que ocorreu de maneira presencial e remota teve como palco a sala de reuniões do Palácio Rio Branco e contou com a presença do coordenador da bancada, senador Sérgio Petecão (PSD) e também da senadora Mailza Gomes (PP), além de secretários de Estado. Remotamente, participaram os deputados Alan Rick, Vanda Milani, Léo de Brito e Perpétua Almeida.


Ao abrir o diálogo, Gladson, que estava ladeado por Petecão e Mailza, elogiou o trabalho da bancada, afirmando que não governa o estado sozinho. “Não se governa sozinho e eu quero agradecer o apoio da bancada federal. Quero agradecer o empenho de nossos 8 deputados federais e 3 senadores que nos ajudam diariamente. Nós estamos num momento crítico do Estado. Eu respeito as opiniões, mas acredito que essa seja a reunião mais importante. Eu sei que estão reclamando, mas é melhor reclamar agora do que chorar amanhã. Reafirmo que o apoio do presidente Jair Bolsonaro tem sido fundamental nesse período. Tenho procurado o Butantan. Trabalhamos com planos A, B e C para alternativas na compra de outras vacinas. Nosso gargalo é o tempo, para que possamos fazemos tudo hoje e não deixarmos para amanhã”, disse.


Petecão informou a Cameli e aos demais presentes que nesta semana teve agendas em Ministérios, onde foi tratado benefícios para o Estado com relação à internet para municípios isolados. Com a ministra Damares Alves, houve a pauta sobre crianças especiais, porém o congressista aproveitou a oportunidade para deixar o encontro mais tenso ao relatar que ele e o senador Márcio Bittar tem sido vítimas de ataques na internet de pessoas supostamente patrocinadas pelo Estado. “Mas Gladson, o coordenador tem trazer notícia boa e notícia ruim. Hoje tem uma insatisfação com relação ao tratamento com os parlamentares. E hoje existe uma insatisfação generalizada das pessoas que recebem dinheiro do governo para bater nos parlamentares. Muitos são bancados para nós bater e não conheço um só parlamentar federal que bata ou fale mal do seu governo”, frisou o congressista.


Demonstrando insatisfação, Petecão afirmou que não é candidato ao governo e que o momento não é para se falar disso. “Não sou candidato ao governo e esse momento não permite que ninguém pense nisso. Nós temos que trabalhar para acertar. Eu tenho medo de que aconteça com o Acre o que ocorreu em Manaus. Espero que o Ministério não haja depois que a situação piorar”.


Antes mesmo que Petecão terminasse, Cameli pediu a palavra e afirmou que tomaria as providências cabíveis sobre o assunto. “Perdemos mais de 5 minutos discutindo com algo que não compactuo e peço desculpas”, pontuou.


Tentando apaziguar a situação, a senadora Mailza teve a palavra e tentou mudar o tom da reunião se colocando à disposição dos acreanos e do governador para ajudar. “Nós estamos passando por momentos complicados com relação a pandemia, mas estou aqui para colocar o nosso trabalho a disposição do governador. Estou aqui para somar, para ajudar o Acre e pode contar com a nossa força no senado”, disse.


A deputada Vanda Milani (Solidariedade) também externou sua insatisfação, mas desta vez com secretários de Estado que estariam atrasando obras, mas elogiou o governador. “Com relação ao covid-19, a sua nota seria mais de 100% , mas a burocracia é com o secretariado. Temos tido essa dor de cabeça com secretários que não tem dado a devida atenção para as nossas emendas. Nossos projetos estão parados. Queremos mais rapidez para não perdemos a oportunidade de fazer as obras. Vai acabar nosso mandato sem resposta. Nosso governo precisa ser mais ágil. Eu quero que o senhor cobre os seus secretários. Dê uma chacoalhada nessa equipe”, reclamou a deputada.


O deputado Léo de Brito (PT) tentou dar um tom mais voltado para a problemática da covid-19. “Estou muito preocupado mesmo. Não tem nada mais importante do nosso Estado sobre o que aconteceu em Manaus, aconteceu em Porto Velho… e agora com o fim do auxílio emergencial e a população nessa penúria. Eu queria nesse primeiro momento procurar saber para entender como as coisas estão andando. Eu entrei com uma ação e fiz uma sugestão ao governo, e sei que o senhor tem feito viagens. O Governo federal cometeu alguns erros, mas precisamos saber quem são as pessoas que estão sendo vacinadas. E tem essa questão dos fura-fila. Nós precisamos saber quem são os vacinados. As pessoas estão questionando isso. A velocidade do processo de vacinação. O Acre está em penúltimo lugar no ranking da vacinação”, frisou o petista, questionando sobre recursos aplicados durante a pandemia.


Já Alan Rick (DEM) relatou que a área da saúde é onde as pessoas mais sofrem e enfatizou o trabalho da Drª Paula, secretária-adjunta, por atender demandas da bancada. Mesmo elogiando, o democrata reforçou a reclamação de Vanda Milani. “A reclamação da deputada Vanda é válida. Nós não recebemos respostas dos secretários. Eu tenho uma emenda de 2016 da reforma e ampliação da Unidade Mista de Saúde de Acrelândia e essa obra ainda não saiu do papel. A população me pergunta cadê o hospital. É um recurso que já está fazendo 5 anos disponíveis e não saiu do papel”, disse o deputado afirmando passar por constrangimentos devido a obra não ser executada. Ele ainda lembrou que existem recursos disponíveis para reforma das UPAs do Segundo Distrito, Cidade do Povo e Sobral, além do Hospital do Câncer. “Todas essas obras têm recursos, mas não saem, não andam. Precisamos que essas obras avancem”.


O procurador-geral do Estado, João Paulo Setti, levantou pontos onde os parlamentares da bancada poderiam ajudar com recursos. “Precisamos de custeio e mão de obra. Estamos reforçando junto ao governo federal a necessidade da prorrogação do auxílio emergencial, e também do decreto de calamidade nacional e também a suspensão dos contratos de financiamentos dos Estados”, disse.


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