Moradores de Rio Branco que buscaram atendimento nesta segunda-feira (22) no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC) e que estão com sintomas de Covid-19 reclamaram da demora para serem atendidos. Uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve na unidade e encontrou pessoas que esperavam há quase quatro horas por atendimento.
Laildo Dantas de Lima disse que ele e a esposa estão com sintomas da doença há 16 dias e que por isso resolveram ir até o hospital de campanha. “Eu e minha esposa estamos sentindo muitas dores nas costas, na cabeça e com vômito. Já estamos assim há mais de 16 dias. Estamos aqui desde às 14 horas esperando por atendimento”, criticou.
O G1 tenta contato com a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre). A reportagem tentou também contato com a direção da unidade, mas não obteve sucesso até a última atualização desta reportagem.
Outra que aguardava o atendimento era Tânia Linhares. Ela contou que também havia chegado às 14h e três horas depois ainda não tinha sido atendida.
“Ainda têm 10 pessoas na minha frente, acho que vou sair daqui lá para meia-noite. Estou com febre, dor nas juntas, no corpo inteiro, dor de cabeça e a vontade é de ficar deitada o tempo todo, mas tenho que ficar, porque tenho que enfrentar a fila para fazer o exame, não tem outra opção”, falou.
José Pereira Nunes lamentou a demora e criticou as pessoas que desrespeitam as normas sanitárias. “O povo não procura se cuidar, esse ‘boom’ da doença e as pessoas ficam na farra, nas praças e o que acontece é que essa doença está afetando o mundo todo. Enquanto o povo ficar solto por aí sem máscara vai continuar piorando. Tem muita gente morrendo, os jovens não querem usar máscaras aí eles passam para os parentes mais velhos que estão em casa e eles acabam pegando e, por isso, os mais velhos estão indo embora”, questionou.
Nesta segunda (22), várias pessoas aguardavam atendimento no Into-AC — Foto: Tálita Sabrina/Rede Amazônica Acre
Covid-19 no Acre
O Acre registrou mais 183 novos casos de Covid-19 nesta segunda-feira (22), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). O número de pessoas infectadas passou de 54.786 para 54.969 nas últimas 24 horas. O total de mortes agora é de 968, porque o Estado confirmou mais cinco óbitos.
O número de exames de RT-PCR à espera de análise pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen) ou pelo do Centro de Infectologia Charles Mérieux é de 893. Há 287 pessoas internadas.
O estado está em contaminação comunitária desde o dia 9 de abril, com uma taxa de incidência de e 6.145 casos para cada 100 mil habitantes e a de mortalidade é de 108,2 para o mesmo grupo. Já a letalidade é de 1,8%.
Dos 106 leitos de UTI nos hospitais da rede SUS disponibilizados, 94 estão ocupados, fazendo com que a taxa de ocupação na UTI fique em 88,7%. Os leitos de UTI estão concentrados em Rio Branco, com 85 vagas, e Cruzeiro do Sul, com 26.
Com o aumento de casos e internações, o governador Gladson Cameli disse que estuda a transferência de pacientes do Acre para outros estados para evitar o colapso no sistema de saúde do estado.
Além da pandemia do coronavírus, o Acre ainda enfrenta surto de dengue, crise migratória e cheia de rios que atingiu 10 das 22 cidades do estado.
O Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 manteve todas as três regionais do Acre na fase de emergência, representada pela cor vermelha. A medida vale até o dia 1º de março.