O Ministério Público do Acre registrou, até esta quarta-feira (10), dez denúncias sobre “fura- filas” na vacinação contra Covid-19 no estado. Nesta primeira fase do plano de imunização, os grupos prioritários são os trabalhadores da Saúde, idosos acima de 90 anos e indígenas. Além dos idosos acima de 80 anos acamados.
Porém, algumas investigações foram abertas após a ouvidoria geral do órgão receber pelo menos 10 relatos de pessoas que foram vacinadas sem estarem dentro desses grupos. Todas as denúncias foram encaminhadas às promotorias competentes.
O G1 tentou ouvir um dos promotores, mas não obteve retorno. A assessoria do órgão informou que, caso seja confirmado que a pessoa tomou a vacina sem se encaixar nos requisitos, ela pode responder criminalmente por infringir determinação do poder público destinado a impedir introdução ou propagação da doença contagiosa, o que pode gerar uma pena de até um ano e multa.
Além disso, podem ser enquadradas também em corrupção ativa e peculato, dependendo de cada caso.
Dayanna Menezes causou polêmica nas redes sociais ao postagem uma foto tomando vacina contra a Covid-19 na Policlínica da PM — Foto: Reprodução
Caso investigado
O caso de maior repercussão que está sendo investigado é da estudante de psicologia Dayanna Menezes postar uma foto recebendo a primeira dose da vacina contra Covid-19, o Ministério Público do Acre abriu uma investigação para apurar se a Policlínica da Polícia Militar, em Rio Branco, desviou a finalidade na aplicação das vacinas.
A postagem da esposa do ex-comandante da Polícia Militar do Acre, coronel Ulysses Araújo, causou polêmica nas redes sociais, já que foi apontada como não ser dos grupos prioritários listados no plano de imunização. Porém, ela rebateu informando que fazia estágio na unidade fazendo atendimento psicológicos.
O MP está pedindo um relatório da policlínica com o número de pessoas que receberam as doses, entre outras informações que podem auxiliar na apuração de possíveis irregularidades na aplicação das vacinas. O órgão pede ainda que essas pessoas que não fazem parte da prioridade não recebam a segunda dose da vacina.
Em entrevista ao Bom Dia Acre desta terça-feira (9), a coordenadora do Núcleo do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre, Renata Quiles, disse que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) pediu que cada gestor organizasse as prioridades de cada unidade, mas confirmou que há vários relatos de gente furando a fila.
“O que está acontecendo realmente são os fura-filas dentro do grupo de trabalhadores da saúde, talvez aquele profissional que trabalha dentro da UTI lidando diretamente com paciente de Covid está deixando de ser vacinado pela falta de caráter dos profissionais que deveriam entender que aquele não é seu momento. Temos gestores que não entenderam, ou realmente se aproveitaram da situação e não fizeram uma priorização com responsabilidade, mas vai também do ser humano. Nós abrimos um canal de denúncias e o MP também tem um canal onde está fazendo também apuração dos casos de fura-filas”, pontuou.
Ao G1, por mensagem de texto, Dayanna se limitou a dizer que é muito grata pela oportunidade de atuar na unidade e ajudar as pessoas com os atendimentos de psicologia. A empresária acrescentou ainda que deseja ‘que todos os acreanos sejam imunizados, assim também como minha avó de 84 anos, que se pudesse teria colocado ela no meu lugar. Daria meu lugar para minha mãe também, que inclusive testou positivo para a Covid no dia de hoje [segunda, 8]’.