Ministério da Saúde envia equipe à Terra Yanomami após morte de 10ª criança por suspeita de Covid em RR

Foto: Júnior Hekurari Yanomami/Condisi-YY/Divugação

O Ministério da Saúde enviou nesta terça-feira (2) equipes para a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, uma semana após a comunicação da morte de crianças indígenas com sintomas de Coronavírus nas comunidades Waphuta e Kataroa, na região do Surucucu, em Alto Alegre, Norte do estado.


De acordo com o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, a 10º criança morreu após apresentar sintomas de Covid, no último domingo (31).


As mortes das nove crianças indígenas foram comunicadas ao Ministério da Saúde no último dia 26, pelo Condisi-YY. Quatro eram da comunidade Waphuta, e outras cinco de Kataroa.


As crianças morreram em janeiro, e tinham entre um e cinco anos. Segundo relatos dos indígenas, todas elas tiveram sintomas como febre e dificuldade para respirar.


Em nota, o Ministério da Saúde informou que “as equipes multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) ainda estão colhendo relatos para a investigação dos óbitos das crianças Yanomami” e que também foram encaminhadas 800 doses de vacinas para Covid-19 a indígenas maiores de 18 anos. (Leia a nota na íntegra abaixo).


O presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami acredita que houve demora na resposta do Ministério, que só aconteceu após a morte de mais uma criança com sintomas de Covid-19. A vítima é um bebê de 1 ano, da comunidade Taremou, também em Alto Alegre.


“Demorou bastante. Desde o dia 26, uma semana. Essa demora levou mais uma vida, uma criança que morreu dois dias atrás no Taremou. Muitas crianças estão internadas e as comunidades que a gente não consegue chegar, eu não sei como estão. A demora e a burocracia estão matando o povo Yanomami”, disse Hekurari.


No documento enviado ao Ministério da Saúde, também é citado que há ao menos 25 crianças com os mesmos sintomas e em estado grave”, além dos postos de saúde da região estarem fechados há cerca de dois meses por falta de helicóptero para enviar profissionais de saúde aos locais.


Ao G1, Hekurari explicou que as duas comunidades ficam no meio da floresta amazônica, em região de difícil acesso. Para chegar até elas, é necessário viajar de avião de Boa Vista a Surucucu e, de lá, pegar um helicóptero. “Do contrário, leva de três a quatro dias caminhando no meio da mata”.


A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil e também a mais vulnerável à Covid-19 na Amazônia, principalmente, devido aos garimpos ilegais. Em três meses, o vírus avançou 250% nas comunidades, segundo relatório produzido por uma rede de pesquisadores e líderes Yanomami e Ye’kwana.


Covid-19 entre os Yanomami

O número de Yanomami infectados pela Covid chegou a 1.276 nesta terça-feira, de acordo com o boletim epidemiológico da Sesai. Além disso, há o registro de 10 óbitos.


O boletim da Sesai contabiliza apenas os casos de Covid-19 verificados em indígenas assistidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, não considerando aqueles que buscam atendimento em outros sistemas de saúde.


Nota do Ministério da Saúde


O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, informa que as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) ainda estão colhendo relatos para a investigação dos óbitos das crianças Yanomami sob suspeita de Covid-19.


Vale informar, ainda, que foram encaminhadas 800 doses de imunizantes para Covid-19, nesta terça-feira (2), pelo DSEI Yanomami até o Polo Base Surucucu. A expectativa é iniciar a vacinação de indígenas acima de 18 anos, nesta quarta-feira, dependendo das condições de voo.


Cabe ressaltar que o deslocamento das equipes ocorre somente por helicóptero, pois as aldeias estão em região serrana de difícil acesso e depende de condições climáticas para pouso e decolagem.


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