O número de pessoas desabrigadas pela enchente dos igarapés, que transbordaram após chover mais de 140 milímetros entre quinta-feira (4) e sábado (6), e do Rio Acre na capital chegou a 72 nesta quinta (11). Além disso, há várias famílias desalojadas que estão em casas de parentes.
Desse total, 57 são de pessoas atingidas pela enchente dos igarapés e 15 tiveram que sair após o Rio Acre ultrapassar a cota de transbordo, que é 14 metros, e atingir pelo menos quatro bairros. O manancial marcou 14,24 metros ao meio-dia desta quarta.
Para atender a população, a Defesa Civil Municipal montou quatro abrigos.
- Escola Álvaro Rocha e Igreja Renascer – ambos na região do bairro Conquista;
- Escola Georgete Eluan Kalume – no bairro Cadeia Velha;
- Escola Aurea Pires Montes de Souza – no bairro Aeroporto Velho.
Além disso, o órgão do município montou boxes no Parque de Exposições Wildy Viana, na região do Segundo Distrito. O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, major Cláudio Falcão, disse que o abrigo no parque foi montado para atender até 100 famílias.
“Temos essa capacidade de atender 170 famílias, sendo 100 só no parque e 70 fora. As famílias atingidas ontem [quarta,10] e hoje [quinta,11] são pelas águas do Rio Acre. Dos desabrigados pela enchente dos igarapés são 13 famílias e do rio são oito, só que três desalojadas e cinco estão em abrigos”, destacou.
Na terça (9), 15 famílias estavam abrigadas na Escola Álvaro Rocha e na Igreja Renascer. Duas dessas famílias já retornaram para casa e permanecem 13 no abrigo. Oito famílias precisaram sair de casa na região da Baixada da Sobral, nesta quinta, e cinco foram levadas para um abrigo.
Já na Escola Georgete Eluan Kalume, a Defesa Civil instalou duas famílias atingidas pela enchente do rio no bairro Cadeia Velha.
Abrigo no Parque de Exposições começa a ser montado em Rio Branco — Foto: Tálita Sabrina/Rede Amazônica
Decreto de emergência
Devido à situação, a Prefeitura de Rio Branco declarou situação de emergência. O decreto foi publicado na edição da terça (9) do Diário Oficial do Estado.
Com a rápida subida das águas entre quinta (4) e sexta (5), várias casas, lojas, comércios e outros estabelecimentos foram atingidos.
Inicialmente, a Defesa Civil Municipal havia falado em quatro igarapés inundados, mas o decreto cita que foram pelo menos seis que transbordaram. Entre eles, o Igarapé do Almoço, São Francisco, Dias Martins, Batista, o Igarapé da ETA e o Judia.
Bairros atingidos pela enxurrada
- Belo Jardim
- Boa Esperança
- Bosque
- Calafate
- Casa Nova
- Centro
- Conjunto Jardim Tropical
- Conjunto Manoel Julião
- Conjunto Mariana
- Conjunto Oscar Passos
- Rui Lino
- Conjunto Universitário
- Conquista
- Bairro da Paz
- Defesa Civil
- Distrito Industrial
- Geraldo Fleming
- Ivete Vargas
- Jardim América
- Jardim de Allah
- Jardim Primavera
- João Paulo
- Loteamento Jofre
- Loteamento Praia do Amapá
- Loteamento Vila Maria
- Mocinha Magalhães
- Parque das Palmeiras
- Placas
- Raimundo Melo
- Recanto dos Buritis
- Canãa
- Santa Inês
- São Francisco
- Sobral
- Tancredo Neves
- Waldemar Maciel
- Vila Ivonete
- Conjunto Procon
- Conjunto Solar
- Vila Nova
Válido por 180 dias
O decreto de situação de emergência tem validade de 180 dias. Nesse período, de acordo com o documento, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem nas ações de resposta ao desastre. Essas ações vão ser coordenadas pela Defesa Civil e Gabinete de Crises.
Também fica autorizada a convocação de voluntários para reforçar as ações e para a realização de campanhas de arrecadação de recursos e doações, com o objetivo de facilitar a assistência à população afetada.
As autoridades http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativas e os agentes de defesa civil, diretamente responsáveis pelas ações, em caso de risco iminente estão liberados:
- Adentrar nos imóveis, para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação;
- Usar de propriedade particular, no caso de iminente perigo público, assegurada ao proprietário indenização, se houver dano.
O decreto libera ainda o início de processos de desapropriação, por utilidade pública, de propriedades particulares comprovadamente localizadas em áreas de risco.
Por fim, estão dispensadas as licitações de contratos de aquisição de bens e de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários dos desastres, desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias.
Emergência por causa da dengue
Além da situação das centenas de famílias atingidas pela enxurrada, a capital acreana enfrenta o aumento de casos de dengue. Depois de Rio Branco registrar quase seis vezes mais casos suspeitos de dengue nos primeiros dias do ano comparando com o ano passado, o prefeito Tião Bocalom também decretou situação de emergência no dia 2 deste mês.
Conforme o decreto, nas três primeiras semanas epidemiológicas de 2021, que correspondem ao período entre 3 e 21 de janeiro, foram registrados 1.494 casos notificados de dengue. O que representa um aumento de 481% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram registrados 257 casos suspeitos.
A capital acreana registra ainda o maior número de casos de Covid-19 do estado. Segundo último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, divulgado nesta quinta, Rio Branco tem 23.167 casos confirmados da doença e 556 pessoas perderam suas vidas em decorrência da infecção.