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Grupo de haitianos desiste de cruzar fronteira e embarca para a Capital

Foto: Reprodução

A irredutibilidade do governo peruano em abrir a fronteira para a passagem dos imigrantes que se encontram em Assis Brasil aguardando autorização para seguir viagem pelo país andino começa a fragilizar o movimento iniciado no último domingo (14) que ocupou a Ponte da Integração e culminou com a invasão da cidade de Iñapari pelos estrangeiros.


Obrigados pelas autoridades peruanas a voltar para o lado brasileiro, os imigrantes se dividiram entre um grupo formado na maioria por mulheres e crianças, que resolveu voltar para os abrigos em Assis Brasil, e por outro, composto por homens, que permaneceu na ponte, de maneira a prosseguir pressionando o governo do país vizinho a permitir a passagem.


Diante da manutenção da posição peruana de não permitir o ingresso em seu território, alguns estrangeiros começaram a desistir de cruzar a fronteira. No começo da noite desta sexta-feira, 19, um grupo de 20 haitianos embarcou de volta para Rio Branco, de onde pretendem retornar para São Paulo. Eles foram levados à capital acreana em um ônibus da prefeitura de Assis Brasil.


O prefeito Jerry Correia disse ao ac24horas que muitos dos estrangeiros até desejam retornar para os lugares onde estavam no Brasil, mas não possuem as condições para isso, pois foram roubados ou perderam o que tinham. Segundo ele, o governo federal precisa criar as condições para que eles possam voltar, pois o governo peruano está certo de que não vai recuar.


“Quantos mais queiram voltar, nós estamos criando as condições porque é necessário diminuir esse número que temos aqui. Eu espero que esse movimento de retorno cresça e que todas as condições sejam criadas pelo governo para isso, pois o Peru está certo de que não abre a fronteira de forma nenhuma”, disse o prefeito de Assis Brasil.


Desde que estourou a atual crise relacionada aos imigrantes estrangeiros, Assis Brasil se tornou a cidade acreana mais citada nos veículos de comunicação de todo o país. A repercussão levou até lá, nesta sexta-feira, o secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, mas a visita não deixou o gestor municipal entusiasmado.


“A gente ficou grato pela presença e tudo, mas não tivemos ainda, infelizmente, uma tomada de decisão por parte do governo federal que resolva o problema ou mitigue a situação que vivemos aqui. Nós estamos esperando, eles ouviram nossa fala, nosso clamor, nossa postura de afirmar que não temos condição de abrigar e manter todas essas pessoas”, acrescentou Correia.


Com a desistência do grupo que rumou para Rio Branco, a quantidade de pessoas na Ponte da Integração diminuiu, mas cerca de 60 imigrantes se mantêm no local. Nos abrigos de Assis Brasil, no entanto, o número de pessoas aumentou com a chegada de cerca de 50 venezuelanos que chegaram na última quinta-feira, pelo Peru, para entrar no Brasil.


É importante esclarecer que as autoridades peruanas não admitem a entrada dos imigrantes que estão em Assis Brasil, mas permitem a saída dos que lá estão para o país vizinho. A dupla situação tende a agravar a concentração de pessoas na cidade brasileira, que enfrenta colapso tanto no atendimento dos estrangeiros quanto na prestação dos serviços à própria população.


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