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Grupo com 20 imigrantes que estava acampado em ponte no interior do AC chega à capital para voltar a São Paulo

Um grupo de cerca 20 imigrantes, que estava acampado desde domingo (14) na Ponte da Integração, em Assis Brasil, saiu do interior do Acre em direção à capital acreana, Rio Branco, para tentar deixar o estado. Os refugiados saíram da município na sexta-feira (19), logo após a visita do Secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, e da equipe do governo estadual.


O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia, explicou que o grupo pediu ajuda para chegar em Rio Branco e foi disponibilizado um micro-ônibus da Secretaria de Assistência Social da cidade. O veículo levou os imigrantes para a capital acreana e, de lá, eles foram para um hotel, porque não tinha mais lugar no abrigo da capital.


“A princípio, ficariam na casa de apoio, mas parece que está lotada e acabaram ficando em um hotel da cidade. Segundo a Secretaria de Assistência Social informou, estão com as passagens adquiridas para seguir de volta para São Paulo. Não sei se foram de estrada ou de avião, mas partiram ontem [sexta,19] e não iam ficar em Rio Branco”, destacou o gestor.


Ainda segundo o gestor, um outro grupo está se programando para sair da cidade na segunda-feira (22).


Dos mais de 500 estrangeiros que estavam no município, a maioria haitianos, ao menos 80 deles ainda ocupam a Ponte da Integração, desde o domingo (14). Os imigrantes tentaram deixar o país, mas foram barrados pelas autoridades peruanas. A fronteira no lado peruano está fechada por causa da pandemia da Covid-19.


Ao G1, a secretaria de Assistência Social, dos Direitos Humanos e Políticas para Mulheres do Acre (Seasdhm), Ana Paula Lima, contou que ela e o secretário Miguel Ângelo conversaram com os imigrantes orientando eles a voltarem para os estados onde estavam vivendo. Foi pedido também que os imigrantes regressassem aos abrigos com as crianças e mulheres.


“Conversamos no sentido de convencê-los a deixar a ponte, até porque têm abrigos para ficarem e ali também têm mulheres e crianças que estão em situação insalubre e isso é a nossa preocupação, de garantir que essas famílias tenham essa proteção, que saíam dessa situação que é muito desgastante. Foi essa conversa e tivemos sucesso porque de ontem [sexta,19] para cá, depois da nossa vinda, começou um movimento de retirada. Algumas famílias já retornaram para os abrigos e estão nesse movimento de retorno”, complementou.


Secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, se reuniu com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso — Foto: Diego Gurgel/Secom

Secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, se reuniu com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso — Foto: Diego Gurgel/Secom


Visita em Assis Brasil

Secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, esteve nesta sexta (19) em Assis Brasil para ver de perto a situação dos imigrantes que estão no município acreano e tentam atravessar a fronteira para deixar o Brasil.


O representante do governo federal se reuniu com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso, ainda nesta sexta. Na conversa, segundo a Agência do Governo do Acre, as autoridades peruanas informaram que o país avalia uma forma de abrir a fronteira para liberar a passagem dos imigrantes, mas que, por enquanto, a fronteira no lado peruano segue fechada.


Guillermo disse ainda, à Agência do Governo do Acre, que o ministro do Meio Ambiente do Peru, Gabriel Quijandria, deve ir a Iñapari no domingo (21) para levar uma resposta do presidente do Peru sobre o impasse. O gestor peruano teria afirmado ainda que a situação se agravou após os estrangeiros terem tentado ultrapassar a fronteira sem autorização.


Ainda ao portal do Governo do Acre, o Secretário Nacional de Assistência Social reconheceu que o problema precisa ser resolvido de imediato, por se tratar de uma situação diplomática, mas não disse como o governo federal deve resolver a situação diplomática, mas não disse como o governo federal deve resolver a situação.


Gomes afirmou que o Ministério da Cidadania vai ajudar o estado e o município no enfrentamento do que chamou de crise humanitária na fronteira. “Viemos para conhecer a realidade e ouvir as demandas da prefeitura, que está na linha de frente dessa situação. De posse do relatório detalhado, iremos agilizar a ajuda dentro daquilo que a urgência nos permite.”


‘Situação é grave’, diz prefeito

O prefeito de Assis Brasil disse que a expectativa é que o governo federal entenda ‘de uma vez por todas a gravidade dessa situação.’


Dos mais de 500 imigrantes, cerca de 300 estão divididos entre as duas escolas usadas como abrigos, os demais estão na Ponte da Integração, que liga o Acre à cidade de Iñapari, no Peru, e também espalhados pelas ruas da cidade acreana. Os estrangeiros querem fazer o percurso contrário saindo do estado para seguir viagem.


“Que anuncie de imediato [governo federal] um plano para retirada dessas pessoas [imigrantes], levando aos seus destinos e crie uma estrutura em Assis Brasil, que somente o governo federal tem condições de criar, através das Forças Armadas. Pelo número da alimentação dá pra ter uma ideia. Ontem servimos no almoço 520 refeições nos dois abrigos e na ponte e mais 520 no jantar. Estamos com cerca de 300 pessoas nos dois abrigos”, desabafou.


Na quinta (18), o secretário da Snas participou de uma reunião na Seasdhm com vários representantes estaduais. No mesmo dia, a Força Nacional começou a atuar na cidade após decreto autorizando o reforço na cidade.


Parte dos imigrantes continuam na ponte que liga o Acre ao Peru  — Foto: Arquivo/Prefeitura

Parte dos imigrantes continuam na ponte que liga o Acre ao Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura


Plano de ação

O prefeito de Assis Brasil voltou a falar que a cidade não precisa somente de recurso para assistência mas, sim, de um plano para resolver a situação que já se estende há mais de ano.


“O governo federal precisa tirar a visão meramente assistencialista. Além de toda boa vontade de prestar assistência, talvez liberar recursos financeiros, o município não suporta mais isso. Estamos deixando nossas atividades, o cuidado com nossa população para ficar apenas cuidando da situação imigratória”, afirmou.


Por conta da pandemia e para tentar evitar a proliferação do vírus dentro dos abrigos, equipes de saúde estão nas duas escolas que recebem imigrantes.


De acordo com Correia, ainda não foi possível fazer a testagem de todos os imigrantes e as equipes estão fazendo triagem. Até esta sexta, somente um caso foi confirmado de Covid-19 entre imigrantes, que é de uma mulher que está entubada no hospital de Brasileia. Uma criança com suspeita da doença passou por testagem, mas foi descartada a doença.


Assis Brasil é a cidade com a maior taxa de contaminação a da Covid-19 no Acre. De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) deste sábado (20), são 1.385 casos para cada 10 mil habitantes na cidade. Em todo o município, há 1.044 casos confirmados e 12 mortos.


Ponte fechada para passagem de imigrantes de Assis Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura

Ponte fechada para passagem de imigrantes de Assis Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura


Reforço policial

Na quinta (18), além dos policiais do batalhão de choque da Polícia Militar e do Grupo Especial de Fronteiras (Gefron), mais de 12 militares da Força Nacional chegaram na região para reforçar a segurança e mais de 20 policiais rodoviários federais.


Uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, publicada nessa quinta, autorizou o emprego da Força Nacional no Acre, no apoio às forças policiais no estado. A autorização é válida por 60 dias e pode ser prorrogada.


A determinação estabelece que as Forças Nacionais devem auxiliar “nas atividades de bloqueio excepcional e temporário de entrada no País de estrangeiros, em caráter episódico e planejado”.


Mais um homem é preso no AC suspeito de atuar como ‘coiote’ de imigrantes do Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Gefron

Mais um homem é preso no AC suspeito de atuar como ‘coiote’ de imigrantes do Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Gefron


Terceiro suspeito de atuar como coite preso

Mais um homem foi preso suspeito de atuar como coite no transporte de imigrantes do Brasil para o Peru. Dessa vez, foi um cubano de 37 anos que estava em um táxi lotação e foi flagrado já na entrada da cidade de Assis Brasil. A prisão foi feita por uma equipe do Gefron que está em fiscalização.


Essa é a terceira prisão de suspeito dessa prática criminosa. Com o homem estão mais de 30 imigrantes, segundo o delegado Rêmulo Diniz, coordenador do Gefron. O flagrante ocorreu na noite dessa quinta. O homem foi levado para a Polícia Federal.


“Ele veio de Manaus de avião e estava nesse táxi. Com ele nós encontramos mais de 30 comprovantes de depósito internacional e vinha acompanhando um grupo de imigrantes, mas dessa vez, não haitianos. Tinha senegalês, cubano, venezuelano, uns 32 imigrantes. Agora, a Polícia Federal vai apurar essas transferências, foi feita apreensão de celulares e documentos que ele estava carregando”, disse o delegado.


Na quarta (17) um homem de naturalidade peruana também foi preso suspeito de atuar como coite. Com o suspeito ainda foram apreendidos mais de 15 mil dólares, outros mais de R$ 200 e 140 soles peruanos. No mesmo dia, outro peruano também foi flagrado pela equipe do Gefron na BR-317.


Grupo permanece na ponte bloqueada pela polícia peruana  — Foto: Arquivo/Prefeitura

Grupo permanece na ponte bloqueada pela polícia peruana — Foto: Arquivo/Prefeitura


Rotas

São duas situações que fazem com que o número de imigrantes cresça na cidade de Assis Brasil; a primeira, a de imigrantes que entraram no Brasil entre 2010 e 2016 em busca de uma vida melhor e, com a crise da pandemia, tentam sair do país para seguir viagem até México, Canadá, Estados Unidos e outros países.


A segunda é que o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, libera a saída deles para o lado brasileiro, então é uma porta de entrada para venezuelanos.


Notas

Em nota, a embaixada do Peru no Brasil informou que o país está com as fronteiras fechadas para evitar a propagação da Covid-19. O documento diz ainda que a embaixada entrou em contato com as autoridades municipais, estaduais e federais no Brasil para que as mesas entrem em um acordo com os estrangeiros para que eles desocupem a ponte e voltem para os abrigos na cidade acreana. Ainda segundo a nota, o fechamento das fronteiras é uma das principais medidas de combate ao novo coronavírus naquele país.


O Itamaraty disse que tem mantido contato com as autoridades peruanas sobre o assunto, mas que o país diz que vai manter as fronteiras fechadas.


“Em função do agravamento da pandemia do novo coronavírus, as fronteiras terrestres do Peru encontram-se fechadas para o ingresso de estrangeiros não residentes, por decreto daquele país. O Itamaraty tem mantido contato com as autoridades peruanas sobre o tema, nos mais diferentes níveis, as quais têm reafirmado a situação de fechamento fronteiriço no contexto da crise sanitária.


O Ministro das Relações Exteriores participou de reunião informal, por videoconferência, a pedido de parlamentares do Acre, que transmitiram sua preocupação com a situação de migrantes no Estado que buscam cruzar a fronteira para o Peru. Também participaram representantes do governo do Acre e da prefeitura de Assis Brasil.”


Imigrantes em Assis Brasil

No domingo (14), cerca de 400 imigrantes deixaram os abrigos que ocupava em Assis Brasil e se concentraram na Ponte da Integração, na fronteira com o Peru. Os imigrantes tentavam deixar o país, mas foram barrados pelas autoridades peruanas.


Na terça (16), os imigrantes enfrentaram a polícia peruana e invadirem a cidade de Iñapari, no lado peruano da fronteira. Depois de confronto, o grupo foi reunido pelos policiais peruanos e mandado de volta para Assis Brasil. Parte do grupo aceitou voltar para os abrigos cedidos pela prefeitura, mas alguns imigrantes seguem ocupando a Ponte da Integração.


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