À espera de um milagre
Ao meio-dia desta terça-feira (16) quando o rio Acre marcava 15, 62 metros em Rio Branco, o servidor público Jonas Pedrosa Maciel (61) sentava no sofá velho na travessa Cearense, no bairro Seis de Agosto, sem medo da água que se aproximava. São 53 anos vendo o sobe e desce do rio e grandes enchentes como as de 2015, 1997 e 2012.
“Isso aqui já virou rotina. É de dois em dois anos, três em três anos acontece isso. Nós já estamos até acostumados a sofrer. Eu pelo menos já estou com umas seis ou sete alagações grandes que passo aqui”, conta.
O olhar de Jonas parece cansado e distante, aparente reflexo de uma preocupação que não se vê em suas mãos na caixinha velha movida a pilha que toca o forró da atualidade e no asfalto no corote de cachaça que ele toma sem se importar em ser fotografado enquanto bate-papo com vizinhos e amigos.
“Às vezes água vai até acolá e volta… Temos que ir para o Parque de Exposição, Sesc, casa de parentes, e de que qualquer maneira você perde as coisas, sai do seu lar, é um sofrimento”, diz.
“E tem umas [enchentes] que vão até o mercado [Mercado da Seis de Agosto]”, rememora ele. O servidor público se referiu ao alagamento de 2015, a maior já registrada em Rio Branco pela Defesa Civil, quando rio Acre chegou a 18, 40 metros, 4, 40 metros acima da cota de transbordamento.
No bairro Seis de Agosto, várias ruas e travessas estão debaixo d’água. Os pedidos de ajuda ao Corpo de Bombeiros com origem no bairro aumentaram bastante.
A Defesa Civil informou que 83 famílias haviam sido removidas de suas residências em Rio Branco até às 15h30 desta terça-feira. Dessas, 29 foram acolhidas em escolas públicas que servem como abrigo e 54 levadas a casas de familiares.