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Cesta básica chega a consumir 77 % do salário mínimo dos acreanos

Rio Branco teve a 4ª maior taxa de inflação entre as capitais no mês de agosto, com 0,54%


Algo que vem sendo unanimidade na capital acreana é a certeza de que a cada dia que passa os preços de gêneros alimentícios nas prateleiras dos supermercados só aumentam. Cada vez mais, os consumidores veem sua renda sendo consumida com aquisição comida. Não é só o consumidor que tem sentido a diferença nos preços. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no mês de agosto o acréscimo na inflação em Rio Branco foi de 0,54%, valor que é o 4º maior entre as capitais de todo o país.


Os grandes vilões da inflação na capital acreana foram os preços do tomate (12,98%), do leite longa vida (4,84%), das frutas (3,37%) e das carnes (3,33%). A carne, inclusive, para os consumidores, teve elevação de apenas 3,33% na pesquisa, bem abaixo do que é sentido na prática. A reportagem do ac24horas foi ao supermercado fazer um levantamento de preços de itens que compõem a cesta básica, chamados de gêneros de primeira necessidade. Alguns produtos chamam a atenção pela variação de preço dos últimos dias.


O óleo de cozinha, que pouco tempo atrás custava menos de R$ 4 o litro, hoje não sai por menos de R$ 6. Não era difícil encontrar a caixa de leite longa vida em promoção também por menos de R$ 4 reais. Atualmente, nas prateleiras, todas as marcas estão acima de R$ 5. A carne, pelo jeito, vai se tornar artigo raro na mesa das famílias que ganham menos. Um quilo de uma carne intermediária para bife como coxão mole está custando quase R$ 30. Esse era o preço do filé mignon praticado até pouco tempo nos açougues de Rio Branco. O jeito, de acordo com Pablo Aquino, é optar por outras alternativas. “O que tenho feito na minha casa é optar por mais frango e outros tipos de carne, como as com osso, que apesar de terem aumentado, ainda estão mais em conta”.


Dois outros itens apontados como dos que mais subiram de preço nas últimas semanas foi o arroz e óleo de cozinha. O ac24horas fez uma simulação de compra de itens básicos de alimentação. De fruta, foi incluída apenas banana e tomate. A cesta não tem nenhum tipo de verdura ou legume, apenas batata. Outro fator que contribui para mostrar o quanto a alimentação tem ficado com a maior parte do orçamento das famílias é que não foram incluídos artigos de limpeza doméstica, como sabão em pó e detergente, e de higiene pessoal, como sabonete e creme dental. Outro vilão do orçamento familiar também ficou fora da pesquisa que é o gás de cozinha. Depois dos últimos aumentos, uma botija de 13 quilos está custando quase R$ 100 reais em Rio Branco.


Os produtos pesquisados pelo ac24horas foram arroz, feijão, macarrão, açúcar, carne bovina, frango, manteiga, pão, farinha de mandioca, óleo de cozinha, café, pão, batata, tomate, banana e leite de caixinha. O custo foi mensurado para uma família de 4 pessoas e chegou a praticamente R$ 800 reais. Ou seja, se uma família almoçar e jantar todos os dias, apenas do básico, o valor com alimentação consome 77% de um salário mínimo, cujo valor atual é de R$ 1.045.


O resultado é uma verdadeira bola de neve que compromete a economia. Com mais gastos na alimentação, não sobra dinheiro para outros gastos como lazer, educação e saúde, o que pode comprometer a economia. Dona Maria das Graças Araújo, vem ao supermercado pelo menos três vezes na semana porque diz gostar de tudo bem fresquinho. Ela conta que a cada nova vinda os preços estão diferentes. “Eu não entendo de economia, mas tenho certeza que a inflação tá muito alta. Toda vez que venho os preços mudam. Pouco tempo atrás com 100 reais a gente saia daqui com um monte de sacolas, agora se duvidar, cabe tudo dentro de uma”, afirma.



Aumento da cesta básica em Cruzeiro do Sul: óleo chega a R$ 9


Em Cruzeiro do Sul , a exemplo do restante do Brasil, arroz e óleo de soja foram os itens mais majorados da cesta básica. O saco de 5 quilos de arroz custa R$ 22 e o óleo de soja alcança R$ 9. O empresário cruzeirense Junior Melo justifica os aumentos dizendo que os supermercados só repassam os reajustes que a indústria vem impondo ao mercado desde o início da pandemia de Covid-19 e acredita que este ano os preços seguirão sendo reajustados. Ele explica que não há óleo de soja para a venda.


“As indústrias suspenderam vendas do óleo de soja. Fecharam pra novas vendas por um prazo de cerca de 15 dias e na reabertura pode haver novidades. O Brasil exportou muita soja e o mercado deve normalizar na safra a partir de fevereiro do próximo ano”, diz Melo. No ultimo dia 31 de agosto o, Procon vistoriou 20 supermercados de Cruzeiro. Os donos dos estabelecimentos foram notificados a enviar nota fiscal dos últimos 03 meses e planilha de preço atualizado dos produtos da cesta básica e outros essenciais. O órgão aguarda a documentação pras enviar ao Ministério Público do Estado do Acre, onde são feitas as análises.


Não haverá tabelação


Apesar das constantes altas, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não vai tabelar preços de produtos e apontou nova safra de arroz, que começa a ser colhida em dezembro e janeiro, com o inicio da normalização da situação de pandemia em todo Brasil. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a pandemia do coronavírus fez os brasileiros comprarem mais alimentos, o que forçou preços para cima. Alegam ainda a disparada do dólar em relação ao real , o que encareceu os insumos da agropecuária.


A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), em nota, informou que nos últimos 25 dias observou uma alta de mais de 30% no custo da matéria-prima, além do reajuste já ocorrido em decorrência do aumento da demanda no início da pandemia. “Os preços praticados ultrapassaram em 290% o valor do preço mínimo estabelecido pelo governo federal. Importa destacar que a matéria-prima representa parte expressiva do preço de venda do arroz, o que reflete sobremaneira no preço final ao consumidor”.


Aumento da cesta básica em Xapuri:


A alta de preços nos supermercados começa a afetar custo de vida em Xapuri. Os aumentos expressivos dos preços de produtos básicos como arroz, feijão, carne, leite e óleo de soja, ocorridos nas últimas semanas, causam preocupação também em Xapuri, no interior do Acre, onde sempre se teve a ideia formada de um lugar com custo de vida significativamente menor que a capital, Rio Branco, além de outros municípios do estado.


Com as informações da imprensa nacional indicando que os aumentos seguirão pelos próximos meses, já que os preços no atacado ainda estão em alta, muita gente está adotando critérios rigorosos na hora de ir às compras. Uma das alternativas está sendo a de se ater cada vez mais aos itens extremamente essenciais, deixando fora da lista outros também fundamentais.


É o caso da dona de casa Antônia de Souza, de 48 anos, que afirma estar abrindo mão de alguns “luxos” para conseguir colocar a mesma quantidade de comida na mesa sem comprometer o pagamento de outras despesas, como as contas de água tratada e energia elétrica. Outra tática que ela usa é a de procurar atentamente os preços mais baixos.


“Temos que priorizar aquilo que é mais importante, além de diminuir as quantidades, na medida do possível, além de procurar o preço mais baixo. Por menor que seja a diferença do preço de um produto para outro similar, isso resulta numa economia no valor final das compras. Então temos que pesquisar, pois não sabemos até onde isso vai dar”, explica.


A reportagem do ac24horas no município elaborou uma lista baseada nos 13 itens e na quantidade de produtos da cesta básica pesquisada pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em várias capitais brasileiras, demonstrando como estão os preços em alguns dos estabelecimentos comerciais de gêneros alimentícios da cidade.


O valor da cesta pesquisada em Xapuri (veja na tabela abaixo) é composto por uma média dos menores preços dos produtos listados em três dos principais mercados da cidade. Os números mostram que os itens que mais pesam no bolso na hora da feira são a carne bovina, o leite longa vida, o pão francês e a manteiga. Esses produtos representam mais de 50% do total da cesta.


No entanto, a exemplo da maioria das cidades brasileiras, os preços que mais estão causando sustos aos consumidores na atualidade são os do arroz agulhinha e do óleo de soja. O feijão também nunca esteve tão caro. Quanto à carne bovina, apesar dos aumentos recentes, em Xapuri o preço ainda está bem abaixo dos praticados em Rio Branco, por exemplo.


De acordo com um comerciante do setor de alimentos, que prefere não se identificar, os aumentos de preço “vêm de cima” e é inevitável que deixem de ser repassados ao consumidor. Segundo ele, grande parte dos produtos expostos nas gôndolas são vendidos com uma margem muito baixa de lucro ou até mesmo com lucro zero, em algumas situações.


“Tem havido uma onda de críticas nas redes sociais contra os supermercados, que quase sempre são acusados de ser os responsáveis pelos aumentos que têm ocorrido. Na maioria das vezes, isso não passa de falta de conhecimento. As altas de preços nas notas fiscais não podem deixar de ser repassadas ao consumidor sob pena de inviabilizar o negócio”, afirmou.


De acordo com o IBGE, os principais percentuais de aumento nos preços de produtos da cesta básica neste ano são os seguintes: arroz (19,2%), feijão carioca (12,1%), óleo de soja (12,2%), batata inglesa (9,7%) e tomate (12,3%). São os itens do chamado prato feito, tradicional mistura de arroz, feijão, salada e carne, que aumentou 20% em 2020 com relação a 2019.


Rango minguado


O Decreto-Lei nº 399, de 30 de abril de 1938 (ainda em vigor), que instituiu as Comissões do Salário Mínimo, estabelece o conjunto mínimo de alimentos necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. Também chamada de rango minguado, a cesta básica brasileira não possui vitaminas e minerais suficientes para garantir uma alimentação satisfatória.


Tendência de alta


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, 9, a alta de 0,24% na inflação oficial do país em agosto. O Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA) subiu 2,44% em 12 meses, enquanto a inflação dos alimentos subiu 8,83%. Os que chamam mais a atenção são exatamente o arroz, com alta de 19,2%, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.


Calculado pelo IBGE desde 1980, o IPCA se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Rio Branco (AC), São Luís (MA), Aracaju (SE) e de Brasília (DF).


Entre as muitas explicações que os especialistas têm dado para a alta de preços, destacam-se o dólar alto, que tem incentivado as exportações, diminuindo a oferta interna, o estímulo ao consumo promovido pelo auxílio emergencial do governo durante a pandemia, e o período de entressafra. Expectativa é de que os preços permaneçam altos até o fim do ano.


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