O Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Acre registrou, em um ano, o aumento de 150% das ocorrências relacionados à invasão de áreas para furto de madeira. Segundo o major Kleison Oliveira de Albuquerque, comandante do batalhão, os crimes têm se tornado recorrentes e interferem diretamente nos prejuízos de quem trabalha legalmente no mercado de venda de madeiras no estado.
Os dados são de 2019, quando 10 registros de furto de madeira foram registrados, e 2020, quando essas ocorrências subiram para 25. E ainda, somente nos primeiros dias deste ano, cinco registros foram feitos.
Para furtar a madeira, o grupo invade áreas públicas ou privadas, cortam árvores e aí formam blocos que são vendidos de forma ilegal. Fora o dano ambiental, o setor madeireiro do estado é afetado diretamente.
No final de janeiro, um flagrante grande ocorreu em uma fazenda no município de Sena Madureira. O grupo invasor estava com trator dentro de uma área privada fazendo a retirada de madeira – 47.9 m³ de tauari branca e vermelha.
“Essas áreas são invadidas. Sem o conhecimento do dono da terra, os suspeitos entram, derrubam e arrastam as toras. De lá são cortadas, transformadas em blocos menores e são transportadas geralmente à noite ou de madrugada para tentar burlar a fiscalização”, explica.
Como foi o caso de outro flagrante em Cruzeiro do Sul na última segunda-feira (8), quando dois caminhoneiros foram pegos com 10 m³ de madeira ilegal . Eles faziam o transporte durante a noite na rodovia AC-405.
Só no ano passado, 12 pessoas foram presas cometendo crimes como esses. O major disse ainda que esse tipo de ação também ocorre na área pública, mas na privada o impacto é maior porque o prejuízo é individualizado. Além do crime ambiental, há também a questão econômica.
“Para o dono da área isso não é interessante, ele acaba sendo castigado. Porque preservou, cuidou, mas alguém foi lá e invadiu a terra para que essa madeira seja vendida de forma ilegal e acabe concorrendo com ele no mercado interno”, destaca.
O batalhão ambiental atende todo o estado. Além da capital, Cruzeiro do Sul tem um pelotão específico para essa área também. Em cidades próximas, é possível atender no mesmo dia. Porém, em cidades mais distantes, o batalhão precisa planejar operações – o que leva mais tempo.
Ele destaca ainda que essas ocorrências são ainda maiores, já que o quantitativo é apenas de denúncias registradas. O major diz ainda que é possível ver que esse tipo de invasão e crime acabam interferindo também no aumento de ocorrências de queimadas, que castigam o estado durante a estiagem.
“Não sei a correlação, mas está havendo isso. O aumento dessas invasões está ligado diretamente ao aumento dessas ocorrências. Além do crime ambiental, também é um prejuízo para o pagador de impostos.”