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Acre tem queda de 67% no número de mortes violentas em janeiro de 2021, revela relatório do MP

O Acre registrou uma queda de 67% nas mortes violentas no primeiro mês deste ano em comparação com o mesmo período de 2020. É o que mostra o Observatório de Análise Criminal divulgado pelo Ministério Público do Estado.


Conforme os dados, no mês de janeiro deste ano, foram registradas 17 mortes violentas, que incluem os homicídios dolosos consumados, latrocínios, mortes decorrentes de intervenção policial em serviço e fora de serviço e lesão corporal com resultado morte. Já no mesmo período em 2020, foram 51 mortes violentas.


Entre os casos registrados este ano foram 14 homicídios dolosos consumados, um latrocínio e duas mortes decorrentes de intervenção policial. Em janeiro do ano passado foram 45 homicídios dolosos, um latrocínio, quatro mortes decorrentes de intervenção policial e uma lesão corporal que resultou em morte.


Com relação aos casos a cada município acreano, a capital foi a que registrou maior taxa de redução nos casos. Segundo os dados, em janeiro de 2020 foram 42 mortes violetas em Rio Branco, já este ano forma 13, o que representa uma redução de 69%. No caso do interior do estado, apenas as cidades de Feijó e Acrelândia registraram assassinatos em janeiro, com três e um caso, respectivamente.


O observatório traz ainda a quantidade de mortes violentas no mês de janeiro nos últimos seis anos. Em 2016 foram contabilizadas 19 mortes, já em 2017 foram 44 casos, em 2018 os dados mostram que chegou a 53 mortes, sendo a maior da série histórica. No ano de 2019 foram 32 casos, em 2020 foram 31 e este ano foram as 17 mortes.


Taxa de mortes violentas

No que se refere à tarde de mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes, o Acre, que vinha se mantendo até 2015 abaixo da taxa nacional, apresentou nos anos de 2016 e 2017 um crescimento expressivo, saindo de uma média de 20 a 27 casos para cada 100 mil habitantes para uma taxa de 45,4 e 64, nos anos de 2016 e 2017, respectivamente. Ou seja, taxas sem precedentes históricos. Em 2017, o Acre teve a segunda maior taxa do país.


Em três anos, entre 2015 e 2017, o aumento na taxa foi de 142%. No entanto, a partir do ano de 2018, essa taxa por grupo de 100 mil habitantes começou a apresentar redução. Segundo os dados, a taxa projetada para 2021 é de 22,1 para o mesmo grupo.


Assim como o estado, a capital acreana também apresentou nos últimos anos aumentos contínuos na taxa de mortes violetas. Sendo que em 2017 ocupou o topo do ranking das capitais com uma taxa de 83,5 mortes para cada 100 mil habitantes.


No entanto, em 2018 essa taxa caiu 30% em relação a 2017, assim como em 2019 apresentou uma taxa 22% menor que 2018. Em 2020, Rio Branco voltou a apresentar aumento, porém, menos substancial, de 3%.


Em 71% das mortes violentas de janeiro no Acre foram usadas armas de fogo  — Foto: Reprodução

Em 71% das mortes violentas de janeiro no Acre foram usadas armas de fogo — Foto: Reprodução


Instrumento usado

O levantamento mostra que do total de mortes violentas no estado ocorridas em janeiro de 2021, 71% foram com uso de armas de fogo e 18% com armas brancas. Outros 12% foram com uso de outros instrumentos.


Quanto à autoria das mortes violentas intencionais ocorridas no Acre em janeiro de 2021, 64,7% estão com a autoria desconhecida, ou seja, não foram elucidadas. Outros 35,3% dos casos foram elucidados e estão com autoria conhecida.


Faixa etária das vítimas

O relatório aponta que 53% das vítimas de mortes violentas no estado em janeiro deste ano eram da faixa etária entre 25 e 39 anos.


Outras 29,5% estavam com idades entre 10 e 24 anos. Menos de 18% encontravam-se na faixa etária de 40 a 69 anos.


Com relação ao sexo das vítimas, em janeiro de 2021, das 17 pessoas assassinadas, somente uma era mulher. Esse percentual da maioria das vítimas serem homens se mantém desde 2017, segundo os dados. Em 2020, do total de mortes 91% eram do sexo masculino.


Motivação

 


Quase metade das mortes violentas ocorridas em janeiro deste ano está com motivação indeterminada. De acordo com o estudo, oito das 17 estão nessa condição. Outras duas tiveram a motivação apontada para torpe.


O observatório aponta que duas foram por intervenção policial em serviço, outras duas a motivação estava ligada a drogas e acerto de contas. Uma por latrocínio, uma por vingança e uma por motivo fútil.


Explicação para redução das mortes

O coordenador adjunto do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Bernardo Fiterman revela que atribui a alguns fatores essa redução no número de mortes violentas no estado. Entre eles:


  • Consolidação do Grupo Especial de Fronteira do Acre (Gefron)
  • Força-tarefa da Segurança Pública
  • Reestruturação da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco)
  • Ações integradas do sistema de Segurança Pública
  • Ações do próprio Gaeco
  • Criação da Vara Especializada de delitos e organização criminosa

“Tudo isso trouxe um resultado palpável, porque a gente saiu de 2019 com 340 pessoas responsabilizadas por integrar organização criminosa para 500 responsabilizadas pelo Gaeco em 2020, apesar da pandemia e dos desafios. Isso representou um aumento de 47% no número de pessoas identificadas e responsabilizadas por integrar organização criminosa”, afirmou o promotor.


Outro ponto citado por ele que pode ter contribuído com os números foi o fato de uma organização criminosa que tem atuação no estado do Acre ter tomado diversos territórios na região do Juruá, Tarauacá, Feijó e bairros de Rio Branco, o que reduz os confrontos.


“A partir do final de 2019, a expansão de uma organização criminosa, no caso o Comando Vermelho, com a tomada de diversos territórios, diminuiu as fronteiras de tensão entre as organizações criminosas. Então, se eu tenho a diminuição desses pontos de atrito, com a consolidação do território, verifica-se também uma redução do número de execuções decorrente de guerras de facções. Acredito que a pandemia não foi um fator predominante.”


Em janeiro de 2021 houve um aumento de 14,8% nos roubos na capital acreana  — Foto: Reprodução

Em janeiro de 2021 houve um aumento de 14,8% nos roubos na capital acreana — Foto: Reprodução


Aumento de 14,8% nos roubos na capital

No caso dos roubos registrados em Rio Branco no mês de janeiro, os dados do observatório revelam que houve um aumento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2020. Ao todo, em janeiro de 2021 foram registrados 459 roubos na capital acreana, enquanto que no mesmo período em 2020 foram 400.


Conforme o estudo, na 1ª Regional foram registrados 243 casos de roubos foram em janeiro deste ano, enquanto que no mesmo período no ano passado foram 182. O que representa um aumento de 33,5%.


Na 2ª Regional, foram contabilizados 171 roubos no primeiro mês deste ano e em janeiro de 2020 tinham sido 165 casos, um aumento de 3,6%. Já com relação à 3ª Regional houve uma pequena redução nos casos, de 15,1%, saindo de 53 roubos em janeiro de 2020 para 45 em janeiro de 2021.


Bairros com mais roubos

Os bairros do Belo Jardim I e II/Cidade do Povo, Vila Acre e Areal concentram as maiores incidências de roubos ocorridos em janeiro de 2021. Conforme o estudo, foram 40 roubos registrados no Belo Jardim I e II/Cidade do Povo, outros 22 no Vila Acre e 21 no bairro Areal. Todos localizados na 2ª Regional, em Rio Branco.


Em seguida vem os bairros Seis de Agosto, com 18 casos, Santa Inês e Bosque com 16 casos em cada um, Sobral com 14, Vila Ivonete com 13 e Centro com 12.


A regional com menor número de casos de roubos é a 3ª. Onde os bairros Eldorado e Loteamento Santa Luzia registraram seis casos em janeiro deste ano cada um. Depois os bairros São Francisco, Xavier Maia e Alto Alegre com quatro casos cada um e Vitória e Wanderley Dantas com dois casos em cada.


Do total de ocorrências de roubo registradas em janeiro deste ano, 50% se concentraram nas sextas-feiras, sábados e domingos. Os dados mostram ainda que 46% ocorreram no período da noite. Além disso 74% foram em vias públicas e 12% em residências. Em 45% dos casos, os criminosos usaram arma de fogo para render as vítimas.


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