Acre pode sofrer desastre inédito com inundação, Covid-19, dengue e colapso na saúde

Um estudo divulgado por meio de carta aberta nesta quarta-feira, 10, dia em que o Rio Acre ultrapassou a cota de transbordamento na capital acreana, alerta para os perigos que a mistura de problemas sanitários e ambientais podem causar ao Acre, Madre de Dios, no Peru, e Pando, na Bolívia, região chamada MAP.


A avaliação parte de um grupo de Gestão de Risco e Defesa Civil, que engloba diversas secretarias das três cidades de região trinacional, que compõem a Amazônia Sul-ocidental. “A intersecção de um período de chuvas acima do que é normal com uma ressurgência da pandemia Covid-19 pode criar um desastre inédito para a Amazônia Sul-ocidental. Em 2012 e 2015, inundações desabrigaram dezenas de milhares de pessoas nesta região, sobrelotando abrigos públicos e casas individuais”, inicia o documento.


A carta explica que o fato de os desabrigados precisarem de apoio e abrigos públicos juntam pessoas e famílias em alta densidade. “Durante uma pandemia, como a da Covid-19, tal proximidade pode desencadear um colapso dos sistemas de saúde pública com uma transmissão acelerada da doença no mesmo tempo em que a capacidade hospitalar e o apoio da Defesa Civil estão comprometidos”, salienta.


O estudo aborda os prejuízos mediante a situação de pandemia x desabrigados x capacidade hospitalar e o fato de centros urbanos bi e trinacionais como de Cobija-Epitaciolândia-Brasileia e o de Iñapari-Assis Brasil-Bolpebra, terem uma intensa interação de comércio e abastecimento, serviços de saúde e sistemas de educação. “O fechamento esporádico da fronteira Peru-Brasil cria um acúmulo de viajantes de diversas nacionalidades que precisam de abrigos nas cidades fronteiriças. Por exemplo, o município de Assis Brasil precisou abrigar, sem recursos adequados, mais de trezentos viajantes de várias nacionalidades em março de 2020, reforçando a necessidade de planejamento antecipado”, afirma o grupo.


Aceleração da Covid-19


Segundo a carta, o deslocamento de milhares de pessoas em cidades e áreas rurais ribeirinhas durante inundações intensificará a pandemia de Covid-19. Por isso, os especialistas listam três soluções para reduzir o impacto destes eventos: “coordenar e compartilhar ações e informações relevantes da defesa civil e da saúde dos três países nas fronteiras; controlar as fronteiras com sabedoria e antecipar o problema de isolar indivíduos e famílias com Covid-19 em abrigos, com a implementação de planos de contingência”.


Outras recomendações específicas são a de considerar doenças tropicais (ex: dengue, zika e chicungunya) como fator agravante e incorporá-las nos planos de contingência, além de identificar as pessoas em situação de vulnerabilidade para efetuar e melhorar o planejamento financeiro e contribuir com os meios de comunicação em massa para divulgação de protocolos e recomendações direcionadas a esses problemas.


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