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Criança de um ano morre vítima de Covid-19 e dengue no Acre; ‘dor inexplicável’, diz mãe


“Era meu único filho. Foi planejado, amado, era muito bem cuidado. É uma dor inexplicável”. Este é o relato da dona de casa Luzia Barbosa, de 23 anos, três dias depois de perder o pequeno Bernardo Teixeira da Costa, de apenas um ano, para a Covid-19 e complicações de dengue.


Ainda com o vazio da perda do filho, e tentando lidar com a partida rápida e interrupção de vários sonhos, Luzia, que mora na zona rural de Xapuri, no interior do Acre, volta o pensamento para a família e busca forças para seguir em frente.


“Só vazio, saudade e a fé de superar. Com isso, estou vendo que outras pessoas podem ser ajudadas porque, até então, para mim criança era imune a essa doença. Para eu perceber que não é, e para cuidar mais da minha família, dos meus sobrinhos que são como meus filhos, eu tive que perder o meu”, conta.


Bernardo morreu no dia 3 de janeiro, no pronto-socorro de Rio Branco, deu entrada no dia 1º. A mãe não lembra a data de quando ele começou a sentir os sintomas, mas ele já sofria há pelo menos 10 dias e nesse período ele teve apenas o diagnóstico de dengue.


Só depois de dar entrada do PS é que fez o exame e testou positivo para Covid-19. Luzia conta que viu os sonhos serem interrompidos por duas doenças graves e perigosas.


“Meu maior sonho era comprar um caderno para meu filho e ir deixar ele na escola, de ver ele estudando, ver crescer, ter uma família, fazer uma faculdade. Tudo que eu não tive, sonhava para o meu filho ter”, relembra.


 


O alerta que a dona de casa deixa é de que é preciso estar atento. “Não só a Covid mata, a dengue também. As pessoas morrem. A dengue também é uma grande vilã e as pessoas têm que olhar para isso também”, acrescenta.


Peregrinação

 


Sem fazer qualquer tipo de acusação, Luzia conta que o filho começou a sentir febre, e ela levou em um consultório particular, em Brasileia, e foi medicado apenas com antibiótico, ela tornou a consultar a criança com o mesmo médico outras duas vezes, uma vez no consultório e outra em um posto de saúde e o tratamento era o mesmo e em nenhuma das consultas, foi feito o exame para Covid-19. Apenas o dengue, após a segunda consulta, segundo relatou.


Já no final de dezembro, ela levou Bernardo ao hospital de Xapuri, onde ele ficou por três dias internado e, até então, ele continuava apenas com diagnóstico de dengue. Depois disso, a mãe pediu para que o filho fosse tratado onde tem mais recursos e recebeu alta do hospital. E eles foram para capital acreana. Dois dias depois, Bernardo não resistiu às complicações e morreu.


“Com três dias disse a doutora [em Xapuri] que queria levar meu filho para onde tem mais recursos, ela liberou ele, coloquei dentro de um táxi e levei para Rio Branco. Cheguei em um dia, no outro ele começou a ter falta de ar, já muito fraquinho e quando a pediatra veio ver ele, pediu o exame. Até aí estava só como se fosse dengue e era porque deu positivo, mas, ainda não tinha sido feito o de Covid. E estava eu, ele e meu esposo com Covid”, relembra.


 


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