Após toque de recolher, Associação de Bares do Acre pede fechamento de outras atividades não essenciais

Após o governo do Acre baixar um toque de recolher para tentar impedir o avanço do novo coronavírus no estado, a Associação de Bares pede que outras atividades não essenciais também sejam suspensas. O toque de recolher, das 22h às 6h, começou a valer na segunda-feira (25) e vai até o dia 25 de fevereiro.


O anúncio das restrições foi feito pelo próprio governador Gladson Cameli, no último dia 22, quando o O Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 reclassificou as regionais do Alto Acre e Baixo Acre e Purus para as faixas vermelha e laranja, respectivamente. A regional do Juruá/Tarauacá permaneceu na fase amarela, que é de atenção. Além disso, Cameli anunciou o cancelamento do carnaval no estado.


Nesta sexta (29), a página oficial da associação fez uma postagem defendo o fechamento também de hotéis, bancos, comércios, oficinas, correios e indústrias (operando com capacidade mínima). A associação defende que o setor de bares não é o único responsável pelo aumento de casos de covid no estado.


Associação fez postagem em uma rede social pedindo o fechamento de outros segmentos para evitar a proliferação da Covid-19 — Foto: Reprodução

Associação fez postagem em uma rede social pedindo o fechamento de outros segmentos para evitar a proliferação da Covid-19 — Foto: Reprodução


“Estamos nos mobilizando no sentido de formalizar nossa associação, tanto de empreendedores do setor de eventos e segmentos de bares unidos. Temos alguns pontos de convergências e diálogos. Não somos contra as medidas sanitárias adotadas pelo governo, no entanto, a gente acredita que são pouco eficientes no sentido de um combate mais efetivo da pandemia. Entendemos que fechar só os bares é uma medida muito paliativa e acaba sobrando para esse segmento pagar a conta, que não é efetivamente dele”, destacou o advogado da associação e produtor de eventos, Weverton Matias.


O advogado acrescentou que o segmento defende um lockdown durante 15 a 20 dias para ter um combate mais efetivo e reduzir os indicadores dos casos. Matias explicou também que os representantes da associação vão apresentar a proposta de fechar as demais atividades não essenciais ao governo do Acre durante uma reunião marcada para a terça (2).


“Estamos construindo propostas, sugestões e indicativos para a gente encaminhar tanto para a prefeitura como para o governo do estado no sentido de sermos ouvidos de fato e contribuir para achar uma saída para essa crise. A gente defende um lockdown mais efetivo e abrangente. Um lockdown do comércio deixando só as atividades essenciais funcionando durante 15 a 20 dias para que a gente possa ter um combate mais efetivo e depois o comércio volte, talvez, com horário reduzido, uma volta progressiva”, defendeu.


‘Bares não são culpados’

 


Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o presidente da Associação de Bares do Acre, Guilherme Macedo, também defendeu que é preciso que o poder publico entre em consenso com os empresários para que mais empresas não fechem as portas. Ele alega ainda que a maioria dos bares respeita as regras sanitárias estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).


“Colocar toda essa culpa do aumento no número de casos só nos bares é uma grande injustiça porque vemos, diariamente, basta passar nos bancos e mercados, que tem uma aglomeração em um espaço de tempo muito maior. Então, os culpados são só os bares, fechar vai resolver? Tenho minhas dúvidas”, argumentou.


Contudo, Macedo reconhece que manter o controle é difícil. “A gente trabalha com bebida alcoólica, o cliente chega e senta bonitinho, mas chega uma hora que ele esquece. O que fazemos: [pedimos] para ficar sentado, evitar isso [fechamento]”, afirmou.


Festa ao lado de hospital foi adiada

Um novo decreto publicado pelo governo nesta sexta (29) suspendeu as emissões de licenças de segurança para festas comerciais quando a regional estiver nas faixas vermelha ou laranja, do Pacto Acre Sem Covid.


A portaria também proíbe eventos com fins lucrativos em um raio de 200 metros de hospitais públicos ou privados que estejam com pacientes internados por Covid-19 no Acre independente da faixa que a regional se encontra. O decreto foi baixado após a divulgação de uma festa que estava marcada para ocorrer neste sábado (30) ao lado do hospital de campanha de Rio Branco.


Após um vídeo em que dois cantores do estado aparecem divulgando a festa circular nas redes sociais, o Ministério Público do Acre e a Secretaria Estadual de Segurança notificaram os organizadores e a direção do local onde aconteceria e o evento foi adiado.


A festa estava marcada para ocorrer no Clube dos Oficiais, que fica ao lado do hospital de campanha Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into-AC), principal referência no atendimento de pacientes com Covid-19 do estado. Por conta do decreto de toque de recolher, das 22h às 6h, o evento estava marcado para começar às 12h e seria até às 22h, segundo a divulgação.


Toque de recolher

 


O toque de recolher começou a valer na segunda (25) das 22h às 6h. O decreto tem validade de um mês, ou seja, tem efeito até 25 de fevereiro.


Porém, a circulação de pessoas está liberada em locais de serviços essenciais, como farmácias, postos de combustíveis e outros.


A determinação também destaca que os estabelecimentos que trabalham com delivery ou drive thru podem funcionar, mas fechados, sem que o cliente entre no local.


A restrição é válida para todas as regionais, independente de que faixa estejam. A fiscalização vai ser feita pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e, caso o estabelecimento seja flagrado descumprindo as medidas, pode sofrer multas de R$ 500 a R$ 2 mil, atualizada anualmente pela Taxa Selic, à suspensão ou cassação da Licença de Segurança.


Covid-19 no Acre

 


Conforme o último boletim da Secretaria de Saúde do Acre divulgado nesta sexta (29), o Acre registra 47.936 casos confirmados de contaminação pela Covid-19. Ao todo, 861 pessoas morreram em decorrência da doença.


Pelo menos 39.899 pessoas já receberam alta médica da doença, enquanto 175 pessoas seguem internadas.


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