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Após ser vacinado contra a Covid-19, líder Ashaninka no AC fala sobre importância do imunizante: ‘Satisfação’

Após receber vacina contra a Covid-19, liderança do povo Ashaninka no AC fala sobre importância do imunizante — Foto: Reprodução

“Aqui a vacina chegou e a gente vai fazer nossa parte de contribuir com a ciência”. Esse foi o recado dado pelo indígena Wewito Piyãko após receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Ele é uma das lideranças do povo Ashaninka, da Aldeia Apiwtxa, que fica na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, na cidade de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre.


Em um vídeo postado na página oficial da Comissão Pró-índio, o indígena falou sobre a importância da imunização contra a doença.


“Estou tomando a primeira dose da vacina aqui na Apiwtxa e quero dizer que é uma satisfação muito grande para mim e para todos aqui. Eu como representante dos Ashaninka, quero dizer que aqui a vacina chegou e a gente vai fazer nossa parte de contribuir com a ciência e participar dessa vacina como a gente já vem participando há anos”.


Mais de 12,4 mil indígenas que vivem em aldeias no estado do Acre devem receber a vacina contra a Covid-19 nesta primeira fase de imunização. Segundo os dados divulgados pelo governo do estado, do total de 40.760 vacinas da CoronaVac recebidas no primeiro lote, no dia 19 de janeiro, 24.834 unidades são destinadas aos índios aldeados, para primeira e segunda dose.


A cidade que recebeu o maior número de doses para imunizar indígenas foi Feijó, com um total de 4.856 unidades, referente à primeira e segunda dose da vacina para 2.428 indígenas. Em seguida, vem a cidade de Tarauacá que vai imunizar 2.209 índios aldeados. Já as cidades de Brasileia, Bujari, Capixaba, Epitaciolândia, Rio Branco, Senador Guiomard, Xapuri e Porto Acre não receberam nenhuma dose destinada aos indígenas.


G1 entrou em contato com as coordenações dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Alto Rio Juruá e Purus (Dsei) para saber se já há um balanço de quantos indígenas foram vacinados até esta quinta (28), mas foi informado de que as equipes estão nas localidades e, portanto, os dados não ainda não estão consolidados.


Uma outra liderança Ashaninka, Francisco Piyãko, informou que a vacinação na aldeia Apiwtxa, que tem 1,2 mil indígenas entre crianças, adultos e idosos, iniciou na última terça (26) e deve ser concluída nesta sexta (29). Ele não soube dizer quantos indígenas vão ser imunizados nesta primeira fase, mas afirmou que serão os que têm acima de 18 anos.


“Estamos muito felizes de estar no grupo prioritário nessa fase da campanha de vacinação contra a Covid-19. Não temos dúvida do grande passo que está sendo dado com a vacinação. Queremos dizer que da nossa parte estávamos mobilizados e preparados e acreditamos muito que a ciência foi fundamental e vai ser cada vez mais para combater esse tipo de pandemia. Não tenho dúvida de que estamos fazendo a coisa certa, de que é necessário fazer, porque muitas vidas já perdemos. Não temos dúvida de que só assim a gente vai combater. Espero que todas as comunidades indígenas façam parte dessa campanha e que sigam na luta para combater esse vírus”, disse Francisco Piyãko.


Indígenas sem mantém isolados desde março em comunidade para evitar contaminação pela Covid-19 — Foto: Arison Jardim/Associação Apiwtxa

Indígenas sem mantém isolados desde março em comunidade para evitar contaminação pela Covid-19 — Foto: Arison Jardim/Associação Apiwtxa


Terra indígena não teve casos de Covid-19

 


O povo Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, na cidade de Marechal Thaumaturgo, se mantém isolado e sem nenhum caso de Covid-19 desde a confirmação dos primeiros casos da doença no Acre, em março deste ano.


Segundo Francisco Piyãko, quatro indígenas que vivem no local foram contaminados, mas após saírem em missão fora da terra indígena. “A partir do momento que foi identificado, eles foram mantidos fora da terra indígena até se recuperar. Mas, dentro mesmo da Terra Indígena Kampa nós não temos o registro de nenhum caso da doença”, afirmou.


É nesse local que mais de mil Ashanikas seguem um isolamento social criterioso para não ter contato com a doença que já vitimou vários indígenas em todo o país.


Coronavírus entre indígenas

 


Os casos confirmados do novo coronavírus entre os indígenas do Acre chegaram a 2.448. O número corresponde a levantamento feito até o dia 18 de janeiro pela Comissão Pró-Índio do Acre . Os dados são divulgados semanalmente.


Ao todo, no estado são 14 povos atingidos com casos de Covid-19. De acordo com os dados, 28 indígenas morreram vítimas da doença. Dos casos registados, a maioria está entre indígenas que vivem nos municípios, com 1.230 casos. Outros 1.218 são entre os que vivem em terras indígenas.


O boletim que é divulgado pela CPI-AC e Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (Amaaiac), Organização dos Professores Indígenas do Acre, com informações das lideranças e organizações indígenas, Dseis Juruá e Purus e Sesacre.


O documento aponta que entre os povos atingidos estão: Puyanawa; Jaminawa; Jaminawa Arara; Manxineru; Huni Kui (Kaxinawa); Madijá (Kulina); Shawãdawa (Arara); Shanenawa; Yawanawa; Nikini; Nawa; Noke Ko í (Katukina); Apolima Arara e Ashaninka.


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