Após fim de contrato, Saúde do Acre perde cinco leitos de UTI em hospital particular para pacientes com Covid-19

Into-AC instala mais 10 leitos de UTI para atender demanda de pacientes com Covid-19 — Foto: Junior Aguiar/Secom-AC

Os cinco leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que o governo do Acre (UTI) tinha no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, para atender pacientes com Covid-19 foram desabilitados na quarta-feira (27). A Secretaria de Saúde (Sesacre) afirmou que se encerrou o contrato firmado com a unidade particular, mas que já está em negociação um novo processo de contratualização.


Um termo de cooperação foi firmado entre o governo e a unidade em abril de 2020 para o hospital desse suporte a eventuais casos graves de Covid-19 no estado com leitos de UTI.


Para suprir a demanda, a Sesacre está instalando 10 novos leitos de UTI no Instituto de Tomografia e Ortopedia (Into-AC). Destes, cinco já estão atendendo pacientes e aparecem no boletim de assistência da Sesacre. Ao todo, o Into-AC agora conta com 45 leitos de UTI, dos quais 42 estão ocupados.


“Hoje à tarde já finalizamos a instalação. Já estão atendendo, a partir de hoje já tem disponibilidade de vagas”, resumiu a diretora do Into-AC, Lorena Seguel.


Desinstalação

Os leitos no Hospital Santa Juliana foram desabilitados no momento em que Acre enfrenta um aumento no número de casos e internações por Covid-19 nas unidades de saúde. Esse aumento tem elevado significativamente o aumento dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O hospital de campanha, em Rio Branco, está com 93% de ocupação.


A capital acreana conta ainda com leitos de UTI para pacientes infectados com o coronavírus no pronto-socorro. Dos dez leitos disponíveis, três estão ocupados. A unidade é a que tem a menor taxa de ocupação, 30%.


No Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, dos 20 leitos de UTI existentes, 14 estão ocupados, uma taxa de ocupação de 70%.


Nesta quinta-feira (28), o boletim da Sesacre mostrou que os casos positivos de Covid-19 continuam subindo no estado e chegaram a 47.461. São 342 novos registros nas últimas 24 horas. O número de mortes também subiu para 860 com mais dois novos registros.


O Acre investiga ainda seis casos suspeitos da nova variante.


O número de exames de RT-PCR à espera de análise pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen) ou pelo do Centro de Infectologia Charles Mérieux continua alto, são 860. Pelo menos 39.731 pessoas já receberam alta médica da doença, enquanto 164 pessoas seguem internadas.


Promotor Glaucio Oshiro diz que situação preocupa e que tem mantido diálogo com a Sesacre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Promotor Glaucio Oshiro diz que situação preocupa e que tem mantido diálogo com a Sesacre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre


MP acompanha situação

O Ministério Público Estadual (MP-AC) tem acompanhado a situação. O promotor Gláucio Oshiro informou ao G1 que a situação é preocupante.


“O MP tem acompanhado, tenho feito esse acompanhamento diário, e a gente vem trazendo e traduzindo as ocupações com bastante preocupação”, afirma.


O promotor afirma que tem mantido diálogo com a Sesacre e que a maior preocupação é saber se o estado tem condições de ampliar os leitos no momento em que for necessário.


“Nós estamos em diálogo e não é uma orientação, mas, o diálogo é para saber a capacidade de ampliação no momento correto do cenário. Então, assim que a gente perceber uma evolução muito rápida, queremos saber em qual momento, em quanto tempo a secretaria consegue se movimentar e expandir os leitos no Into. Conforme for, se eles no indicarem que têm alguma deficiência, ou incapacidade, aí claramente a gente toma as medidas judiciais necessárias para provocar o governo”, explica.


O promotor pede que a população seja parceira e mantenha os cuidados necessários de prevenção à doença, como manter o distanciamento, fazer o uso de máscara, promover a higiene habitual.


Toque de recolher

O governador do Acre, Gladson Cameli, decretou, no início desta semana, segunda-feira (25), o toque de recolher das 22h às 6h que já havia sido anunciado na última sexta-feira (22). O decreto tem efeito até 25 de fevereiro.


O anúncio da medida mais restritiva foi feito durante a coletiva de reclassificação das regionais, quando Alto Acre e Baixo Acre e Purus passaram para as faixas vermelha e laranja, respectivamente, e a regional do Juruá/Tarauacá permaneceu na fase amarela, que é de atenção.


Cameli também antecipou que não haverá carnaval. “Fica determinada, no âmbito do estado do Acre, a restrição no horário de funcionamento de todos os estabelecimentos e atividades comerciais com atendimento ao público, assim como de eventos em geral, que deverão permanecer fechados ao público no período de 22h às 6h do dia”, destaca o decreto.


Porém, a circulação de pessoas está liberada em locais de serviços essenciais, como farmácia, postos de combustíveis e outros. A determinação também destaca que os estabelecimentos que trabalham com delivery ou drive thru podem funcionar, mas fechados, sem que o cliente entre no local.


A restrição é válida para todas as regionais, independente de que faixa estejam. A fiscalização vai ser feita pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e, caso o estabelecimento seja flagrado descumprindo as medidas pode sofrer multas de R$ 500 a R$ 2 mil, atualizada anualmente pela Taxa Selic, à suspensão ou cassação da Licença de Segurança.


Com aumento nos casos de Covid-19 e na ocupação de leitos, duas regionais do Acre regridem de faixa — Foto: Reprodução

Com aumento nos casos de Covid-19 e na ocupação de leitos, duas regionais do Acre regridem de faixa — Foto: Reprodução


Reclassificação

Na última avaliação, o Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 reclassificou as regionais do Alto Acre e Baixo Acre e Purus para as faixas vermelha e laranja, respectivamente. A regional do Juruá/Tarauacá permaneceu na fase amarela, que é de atenção.


A reclassificação trouxe a regressão destas duas regionais, sendo que o Alto Acre, que estava na faixa amarela, desceu para a fase de emergência, que é representada pela cor vermelha. Já o Baixo Acre, que inclui a capital acreana, Rio Branco, saiu da fase de atenção para a de alerta.


A próxima avaliação deve ser divulgada no dia 5 de fevereiro.


No último dia 8 de janeiro, o Comitê manteve as três regionais do Acre na faixa de atenção, representada pela cor amarela. Na avaliação anterior, no dia 23 de dezembro, todas as regionais também foram colocadas na faixa amarela.

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