Em anos anteriores, o bairro da Base seria palco de muita gente, festa, show e fogos de artifício, mas a pandemia fez com que as pessoas renovassem a comemoração. Mesmo assim, algumas pessoas se reuniram com amigos e familiares às margens do Rio Acre para acompanhar a soltura de mil balões brancos em homenagem às vítimas de Covid-19.
Além disso, a programação conta com uma oração e um minuto de silêncio pelas mortes.
Elane do Santos é vendedora. Com 34 anos, ela conta que passar a virada do ano na Base sempre foi uma tradição, mas reconhece que este ano o sentimento é outro.
“É um momento de muita tristeza, porque a gente é acostumado a vir pra cá com a população toda reunida e este ano muita família está passando separada por conta dessa doença e a gente fica triste de ver essa situação. Eu espero que as coisas mudem, que as pessoas vejam as coisas de outra maneira, de outra forma, pensar melhor na maneira de agir. Espero que ano que vem a gente possa contar com essa vacina para se ver livre desse vírus e também das outras coisas ruins que acontecem, como a violência”, diz.
A enfermeira Vanda Ferreira, de 44 anos, mora há 10 anos na Base e diz que a tristeza veio junto com essa pandemia, mas acredita em dias melhores.
“É triste pela situação do mundo com essa pandemia, triste com a situação da nossa queima de fogos que é tradição aqui da Base. Perdemos também o patrono do nosso Sambase, que era tudo pra gente. Então, para mim, este ano está sendo triste, mas com esperança de tudo mudar. Eu espero, além de acabar com essa pandemia, a prosperidade financeira de todo mundo, uma vida próspera e que a felicidade reine. Que felicidade permaneça no coração da gente e acredito que tudo vai passar e essa tristeza neste momento hoje é momentânea”, acredita.
Ana Lúcia Laurentino, de 31 anos, mora no Belo Jardim I e foi tentar ganhar um extra neste final de ano. Sempre ela vende churrasquinho e refrigerante no bairro da Base.
“A expectativa de venda não está tão boa quanto ano passado, porque teve queima de fogos e foi bem melhor. Este ano, vai ter só solta de balões, mas a gente está esperando que seja melhor. No ano passado vendemos mais de mil reais, com churrasco e refrigerante, este ano nem vendemos 200 reais ainda. As pessoas não estão saindo de casa”, diz.
A diferença do bairro Base, em Rio Branco, neste ano e na virada de 2019 para 2020 — Foto: Alcinete Gadelha e Aline Nascimento/G1
A diferença do bairro Base, em Rio Branco, neste ano e na virada de 2019 para 2020 — Foto: Alcinete Gadelha e Aline Nascimento/G1
Jamildi Darub, mais conhecido como Ted Fogueteiro, explica que este ano os fogos foram substituídos pelos balões brancos como uma forma de homenagear os mortos da pandemia.
“Não tem clima para queima de fogos, vamos comemorar o que? Não tem o que comemorar, aí surgiu a ideia da homenagem, muitos amigos nossos foram embora e aí surgiu essa causa de soltar balões, fazer orações e um minuto de silêncio. E ver se em 2021 vem a vacina para as pessoas sobreviverem, não tem como, só Deus na nossa causa”, diz.
Ele completa também dizendo que não é nada fácil ver o bairro vazio e sem festa neste período do ano, mas destaca que este é um momento de reflexão.
“Essa homenagem é o que nós podemos fazer. Ver isso aqui vazio é uma sensação diferente, um vazio. Bairro da Base é festeiro e hoje não tá desse jeito. É só pedir a Deus a cura e proteção de todos nós.”
O funcionário público Antônio Carlos Cardoso, de 56 anos, diz que este é um momento para trabalhar ainda mais a empatia e espera que o ano que vem seja melhor.
“Que 2021 seja um ano de muita vitória e muita saúde. Que não nos falte emprego, que as pessoas consigam trabalhar para dar o melhor para suas famílias e que seja um ano cheio de bênçãos, porque riqueza não traz felicidade que traz felicidade é dar amor ao próximo, ajudar as pessoas e querer o bem de cada cidadão. Só quero amizade e que Deus abençoe todos nós”, finaliza.