Com a saúde do estado do Amazonas em colapso, devido ao aumento nos casos de Covid-19, o secretário de Saúde do Acre, Alysson Bestene, confirmou nesta sexta-feira (15) que o estado acreano já recebeu dois pacientes do Amazonas e vai habilitar 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ajudar o estado vizinho.
As transferências de pacientes do AM ocorrem em meio ao colapso do sistema de saúde amazonense, após recorde das internações por Covid-19 e com uma nova variante do coronavírus circulando no estado.
Hospitais do estado ficaram sem oxigênios para pacientes. O G1 registrou nessa quinta-feira (14) cenas de médicos transportando cilindros nos próprios carros para levar ao hospital e familiares tentando comprar o insumo. Cemitérios estão lotados e instalaram câmaras frigoríficas.
Apesar de o Acre não estar na lista preliminar para receber os pacientes, o secretário informou que estado está em conversa com o Amazonas para que possa prestar auxílio. Bestene também não informou a data.
“Estamos em contato com a Secretaria Estadual do Amazonas, que nos pediu apoio. Na verdade, a gente já recebe alguns pacientes do AM. Recebemos um profissional médico entubado, que veio para a UTI aqui no Acre, veio de Tabatinga [no interior] e outro paciente que foram para Cruzeiro do Sul. Porém, a necessidade é ampla, eles nos pediram ajuda e estamos fazendo toda avaliação para ampliar 10 leitos de UTI na região do Juruá, para dar suporte ao estado do Amazonas”, disse.
Bestene afirmou que o estado tem estrutura física para ajudar, mas precisa de insumos e pessoal.
“O governador Gladson Cameli pediu que agente pudesse dar esse apoio que o estado do Amazonas necessita. Hoje, temos uma estrutura física e equipamentos para suportar, mas, a gente precisa de mão-de-obra, profissionais e insumos para que a gente possa dar esse suporte. Isso já foi conversado com a secretaria do AM. A gente está em contato diariamente, inclusive situação bem delicada”, acrescentou o secretário durante entrevista ao Jornal do Acre 2ª edição.
Além disso, o secretário afirmou que o Acre, que registrou até a quinta-feira, 44.068 casos de Covid-19, por enquanto ainda não corre risco de um colapso, o que possibilita a ajuda.
“Nós temos uma equipe dentro do Comitê que monitora e acompanha o que vem acontecendo no mundo, que vem se movimentando em relação ao crescimento dos casos, segunda onda. Então, a gente se prepara e, na necessidade, caso houver, de ampliar o número de leitos, a gente já tem esse suporte necessário. Não somente no Into, mas também no Hospital do Juruá e no Hospital de Brasileia e leitos de retaguarda em outras unidades hospitalares para dar o suporte, em caso de aumento de casos que precisem de internação. Também estamos preparados com insumos, temos um estoque de três meses e todas as nossas unidades têm suporte de oxigênio com usinas, temos um backup desses oxigênios com cilindros, suficiente para atender toda nossa população. Porém, todo cuidado, é importante a polução fazer o uso da máscara, higienização e seguir os protocolos sanitários, principalmente evitar aglomeração”, acrescentou.
Dos 65 leitos de UTI nos hospitais da rede SUS disponibilizados, 41 estão ocupados, uma taxa de 63%. Os leitos de UTI estão concentrados em Rio Branco, com 55 vagas, e Cruzeiro do Sul, com 10.
Transferências no AM
Pelo menos 235 pacientes de Manaus devem ser transferidos para hospitais de outros estados. Eles começaram a ser levados em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) na manhã desta sexta-feira (15). O Ministério da Defesa informou que há voos programados ainda hoje para Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba. Hospitais de Goiás, Pernambuco, Ceará e Distrito Federal também deverão receber pacientes.
No início da manhã desta sexta, nove pacientes embarcaram no primeiro voo da FAB, que partiu da Base Aérea de Manaus para Teresina, como informou o Comandante da Ala 8 da Base Aérea de Manaus, Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme da Silva Magarão. Inicialmente, 13 passageiros seriam transferidos, mas quatro estavam instáveis e não puderam viajar.
Manaus voltou a bater o recorde de internações diárias. Nesta quinta-feira (14), foram 254 novas hospitalizações na capital, número mais alto registrado no estado desde o início da pandemia – mesmo com o colapso na rede de saúde vivido entre abril e maio de 2020. Outras quatro internações foram registradas no interior do estado, fazendo o total de casos chegar a 258 no estado.
O total de casos confirmados da doença no estado desde o início da pandemia chegava a 223.360 na quinta, segundo dados do boletim divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). O número de mortes é de 5.930.
A partir desta sexta-feira (15), o Amazonas iniciou toque de recolher por 10 dias como tentativa de conter a propagação do vírus. Ninguém pode sair de casa entre 19h e 6h.