O índice de medidas legais adotadas pelo Acre caiu de 7,1 em abril de 2020 para 3,5 em dezembro/20 ao mesmo tempo em que o número de novos óbitos por 1 milhão de habitantes decorrentes da Covid-19 aumentou de 0,7 para 2,6 no mesmo período.
O índice é ponderado pela população de cada Estado, possuindo uma escala de 0 a 10 – em que 10 é o mais restrito (apenas dias úteis). Ou seja: para o Acre, abril foi o pico da restrição.
Os dados constam da nota técnica “A segunda onda da pandemia (mas não do distanciamento físico): Covid-19 e políticas de distanciamento social dos governos estaduais no Brasil”, que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (26).
Segundo o Ipea, os casos de Estados que possuem planos robustos de flexibilização das medidas de distanciamento, é preciso alguma cautela na interpretação destes dados. Nestes, o enrijecimento – ou relaxamento – das medidas depende de parâmetros objetivos, especialmente o número de novos casos, óbitos ou internações, assim como a disponibilidade de leitos hospitalares. Entre os estados que atravessam – ou atravessaram – uma segunda onda de Covid-19, tais parâmetros existem e são seguidos no Acre, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e em São Paulo (Moraes, Silva e Toscano, 2020). Como os planos nestes estados são regionalizados (ou seja, maior rigidez é aplicada a áreas de maior risco), medidas de distanciamento físico podem ter sido enrijecidas em partes do estado – o que não necessariamente é captado pelo IDS.
Apesar da possibilidade – e depois certeza – de uma segunda onda não ter induzido uma mudança significativa no grau de rigor das medidas de distanciamento na maior parte do país, os níveis de isolamento social cresceram ligeiramente. Conforme se observa no gráfico 4, o índice de isolamento social cresceu a partir de novembro de 2020 em quase todos os Estados.
Isto ocorreu ainda que medidas legais de distanciamento físico não tenham sido enrijecidas – indicando que uma parte maior da população se isolou voluntariamente.
Ainda assim, os níveis altos de isolamento observados no final de março e início de abril de 2020 estiveram longe de ser atingidos. Ademais, os altos índices de correlação (superior a 0,5 em 24 UFs) indicam que o grau de rigor das medidas de distanciamento físico está associado ao quanto as pessoas se mantêm em casa.