Em reunião com o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), nessa terça-feira (8), membros de operadoras de telefonia defenderam o fornecimento da 5G pela Huawei das redes de telecomunicações do País. Eles argumentaram que haverá atrasos e repasse de custos para os consumidores caso o governo Jair Bolsonaro baixe um decreto para barrar a prestação do serviço pela fabricante chinesa. Segundo estimativa das empresas, o veto à 5G terá como consequência a necessidade de trocar o aparato 3G e 4G em funcionamento no Brasil, o que poderá custar até R$ 100 bilhões.
Participaram da reunião os presidentes das principais operadoras – Christian Gebara (Vivo), Pietro Labriola (Tim), Rodrigo Abreu (Oi), José Félix (Claro) e Jean Borges (Algar). Também esteve presente no encontro Marcos Ferrari, presidente da Conéxis, associação que representa o setor.
Na conversa, as empresas de telefonia disseram que, desde 2007, já investiram mais de R$ 150 bilhões na construção de redes 3G e 4G. Em alguns casos, mais da metade dessa infraestrutura possui equipamentos da Huawei, pontuaram, de acordo com informações publicadas pelojornal Folha de S.Paulo.
O aparato não dialoga com os equipamentos 5G dos demais fornecedores. Sem a Huawei, a maioria dos usuários não poderá se comunicar com aqueles que migrarem para o 5G.
Em palestra na segunda-feira (7) o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, sinalizou ser contrário a um veto. “Se, por um acaso, dissessem: ‘A Huawei não pode fornecer equipamento’, vai custar muito mais caro. Porque vai ter que desmantelar tudo que tem aqui, porque ela não fala com os equipamentos das outras. E quem é que vai pagar esta conta? Somos nós, consumidores. Eu vejo dessa forma”, disse na Associação Comercial de São Paulo.
No dia seguinte Bolsonaro reagiu. “Cada ministro tem a sua atribuição. Nós aqui vivemos em harmonia e ninguém ultrapassa os seus limites”, disse. “Ninguém fala comigo de 5G sem antes conversar com o ministro Fábio Faria”, complementou em cerimônia no Palácio do Planalto.