Vestidos com farda da PM, bandidos fizeram arrastão e mataram a tiros Agcélio Missiano, de 34 anos, na Transacreana — Foto: Arquivo pessoal
A Justiça do Acre condenou a mais de 200 anos de prisão uma quadrilha acusada de fazer arrastões e assassinar uma pessoa na Rodovia Transacreana, zona rural de Rio Branco, em maio de 2019. No dia do crime, o grupo estava armado e vestido com fardas da Polícia Militar.
Os criminosos fizeram arrastões em casas no Ramal Liberdade, Seringal Macapá, na Transacreana. Agcélio Missiano, de 34 anos, foi morto a tiros quando tentava fugir dos bandidos. Uma das vítimas relatou para a polícia, na época do crime, que todos os homens estavam armados com pistolas, revólver e espingarda.
Na segunda-feira (30), o Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco condenou quatro dos acusados a seguintes sentenças:
55 anos de reclusão e ao pagamento de 180 dias-multa;60 anos e 08 meses de reclusão e ao pagamento de 120 dias-multa;60 anos e 08 meses de reclusão e ao pagamento de 160 dias-multa;46 anos, 05 meses e 15 dias de reclusão e ao pagamento de 120.
O G1 não conseguiu contato com a defesa dos réus até a última atuamização desta reportagem.
Crime
Uma das vítimas do arrastão contou aoG1, na época, que o grupo foi violento, roubou diversos objetos e foi agressivo com os moradores.
“Entraram na minha casa gritando: ‘a casa caiu, a casa caiu’. Eu fiquei neutro, porque não devo nada pra polícia e achei até que fosse engano. Mas logo depois, vi que não era polícia e um deles já estava com a arma em cima de mim”, relatou uma das vítimas, que não teve o nome divulgado.
O morador relembrou que Agcélio Missiano foi morto quando se assustou com o grupo. “O que aconteceu foi que chegaram [os bandidos] e disseram que era polícia, ele saltou pela janela, no que ele saltou, eles atiraram nele. Esse rapaz trabalhava com a gente. O irmão dele trabalha como extrativista, não ofendia ninguém e, infelizmente, aconteceu isso com ele”, lamenta.
Dias após o crime, a polícia prendeuDemio David, de 20 anos, em flagrante pelo roubo de um celular no Belo Jardim, em Rio Branco. Ao ser preso, ele foi identificado como um dos suspeitos de participar do arrastão na Estrada Transacreana.
Na época, o delegado Sérgio Lopes, que investigava o caso, disse que o rapaz era procurado pelo crime. “Nós estávamos investigando ele acerca desse roubo na Transacreana e quando chegamos ao local, ele [David] estava com esse celular e conseguimos identificar esse aparelho roubado e foi preso em flagrante pelo roubo”, destacou.
Sentença
Na sentença do julgamento, a juíza de Direito Maria Rosinete frisou que os acusados causaram terror e medo aos moradores da região ao usar de violência e ameaças.
“Os depoimentos das vítimas apontam para uma verdadeira noite de terror, com ameaças, humilhações, medo, prejuízos nas residências, vez que os acusados quebraram os objetos das vítimas, inclusive derrubando crianças de rede, vítima que se encontrava de resguardo”, diz trecho da sentença.