O diarista Manoel Marcos de Oliveira Barroso, de 41 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o policial penal Alessandro Rosas Lopes, de 38 anos, por tentativa de homicídio. O policial é acusado de matar um picolezeiro a tiros na semana passada, em Rio Branco. O novo crime pelo qual é acusado ocorreu em 2019, também em um bar.
Em entrevista exclusiva ao ContilNet, Manoel Marcos disse que em fevereiro do ano passado estava em uma esquina no bairro Esperança, quando de repente, Alessandro chegou, sacou a arma e efetuou disparo que pegou em seu ombro.
“Eu estava na esquina de um bar. Ele chegou sacou a arma, eu pedi para ele não fazer isso, mas quando ele apontou eu me levantei e pegou no meu ombro e se não levanto, pegaria na minha cabeça”, declarou.
Segundo ele, a bala ficou alojada em sua costela, e com isso, está paraplégico. A reportagem acompanhou a vítima na manhã desta sexta-feira (18) até a Delegacia de Flagrantes, onde registrou um boletim de ocorrência contra Rosas. Barroso contou que após a tentativa de homicídio, sua vida mudou.
Um laudo emitido em setembro deste ano comprova que Manoel ficou paraplégico devido ao tiro que recebeu e responsabiliza o policial penal. Além do dano que o deixou sem os movimentos, ele teve o pulmão perfurado. Utilizando sonda, o homem precisa de cadeiras de rodas e ajuda de terceiros para se locomover. O dano, segundo laudo médico é irreversível
“O médico disse que nunca mais eu vou andar. O que eu desejo é retirar essa bala e provar que saiu da arma do policial”, disse o homem abalado.
O homem, que teme por sua vida, disse que somente após a morte do picolezeiro ocorrida no último dia 12, tomou coragem de fazer a denúncia contra Rosas. “Antes eu tinha medo. Além de mim, outras pessoas foram atingidas, mas não tem coragem de efetuar denúncias”, explicou.
O cadeirante realizou um exame de corpo de delito para que possa buscar seus direitos na justiça. “Vou buscar uma aposentadoria porque vivo de favores, não sei o que será de mim após o fim desse auxílio emergencial”, finalizou.
Morte de picolezeiro
O homicídio aconteceu no sábado (12), após confusão em um bar no Conjunto Esperança. A vítima foi morta com dois tiros nas costas. Antes, ela teria sido agredida pelo agente e sacou uma faca para revidar, atingindo o ombro do policial, que alegou legítima defesa.
Segundo o delegado Adriano Araújo, da Defla, o agente afirmou que foi perseguido até seu carro pelo picolezeiro, ocasião em que teria pegado a arma e disparado contra o homem. No entanto, imagens de uma câmera de segurança mostram que foi o policial quem perseguiu o picolezeiro após pegar a arma de fogo no veículo.
De acordo com testemunhas, a confusão começou após um homem embriagado ir até a mesa de Alessandro e pedir uma dose de bebida. O agente teria reagido de forma agressiva, o que provocou a indignação do picolezeiro, que também teria sido agredido após tirar satisfações.
O policial está preso e foi indiciado por crime doloso.