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Jovem de 29 anos que morreu com Covid-19 no AC fazia curso para ser corretor e deixa duas filhas: ‘Muito estudioso’


O sonho de trabalhar com corretagem fez com que o jovem acreano Junio Sales Batista, de 29 anos, voltasse para sua cidade natal, Rio Branco, para fazer um curso no último dia 4 de novembro. O que nem ele e nem a família esperavam é que os planos seriam interrompidos por conta da Covid-19.


O jovem foi acometido pela doença no dia 19 de novembro e acabou não resistindo na última quarta-feira (9). Ele deixa a esposa e dois filhos de 2 e 4 anos de idade. Formado em http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração, em seis meses iria concluir o desejado curso de corretagem. A morte dele foi registrada no boletim da Secretaria de Saúde (Sesacre) no último sábado (12).


A tia dele, Maria Socorro Palu foi quem ficou mais próxima do jovem durante a luta contra a doença, já que ele e o irmão ficaram hospedados na casa dela, em Rio Branco. Ao G1, ela contou que tudo começou com apenas uma febre e logo depois o rapaz começou a se sentir fraco.


Batista estava morando há um ano em Vila Velha (ES), para onde a mãe se mudou, e voltou para Rio Branco para fazer o curso. A tia contou que ele era muito estudioso e esforçado e que estava batalhando para conseguir um emprego.


“O maior sonho dele era entrar no mercado de trabalho e ele estava sem trabalhar fazia um tempo. Então resolveu buscar mais especialização e veio fazer esse curso, além disso, também estava se preparando para concurso. Era muito estudioso, tinha falado com a mãe dele que estava muito esperançoso, que agora novos caminhos iriam se abrir, estava super contente e numa expectativa boa”, contou a tia.


 


Batalha contra doença

 


Além de Batista, o irmão dele, Fagner Sales, de 32 anos, também ficou doente com a Covid-19. A tia disse que os dois sobrinhos começaram a apresentar sintomas, mas parecia ser apenas uma gripe. Como a febre não passava, ela então pediu que eles fossem fazer o exame para coronavírus em uma farmácia, já que o resultado saía mais rápido.


Foi então que no dia 19 de novembro ficou confirmada a infecção pelo coronavírus nos dois. Ao procurarem um posto de saúde, o jovem acabou tento um desmaio no local e foi passada medicação. Como a febra persistia, e veio a diarreia, a tia convenceu Batista a procurar o Into.


Ele e o irmão, que apesar da febre se sentia um pouco melhor, foram até a unidade de referência para atendimentos de Covid-19 em Rio Branco e lá cada um foi atendido por um médico diferente. A tia disse que Batista retornou com um pedido de ressonância do pulmão para quatro dias após a consulta e com a prescrição médica para tomar apenas um xarope e um descongestionante nasal.


Três dias depois da consulta, o jovem piorou e a família chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que já o levou direto para o Into, onde deu entrada no dia 22 de novembro. No dia seguinte, ele foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde foi intubado.


“Quando deu entrada na unidade já estava com mais de 60% do pulmão comprometido. Daí, ficamos só na esperança de melhora, através dos boletins diários. Depois de uns cinco dias que ele estava intubado, ainda informaram que ele estava melhor que iriam tentar fazer a extubação, ficamos otimistas, mas não deu certo. E, infelizmente, nas últimas horas do dia 9 de dezembro ele veio a óbito”, lembrou a tia.


 


O irmão do jovem também chegou a ser internado no Into, dois dias depois da internação de Batista. Ele ficou duas semanas na enfermaria da unidade e depois recebeu alta. Segundo a tia, ele se recupera bem da doença.


Insatisfação com atendimento

 


Abalada com a perda, a tia relatou sua insatisfação e revolta com o atendimento que o sobrinho teve no primeiro dia que procurou o Into, no dia 19 de novembro. Segundo ela, se naquele momento o médico já tivesse pedido a ressonância do pulmão, as coisas poderiam ter sido diferentes.


“Minha revolta como cidadão se volta ao médico que atendeu ele no dia 19 de novembro. Não sei o que passa na cabeça de um profissional que se formou para salvar vidas e um paciente procura a unidade com Covid, e o médico ter a coragem de passar um descongestionante nasal e marcar uma ressonância para quatro dias depois. Então, para mim numa hora dessa ele não é médico, ele é quase um assassino.”


Maria Socorro disse que o sobrinho não tinha doenças como diabetes, hipertensão, mas que era obeso, já que pesava 120 quilos e que, portanto, o médico deveria ter tido um olhar e atitude diferentes.


“Se nesse dia ele tivesse feito a ressonância, ou então se não tivesse como fazer na unidade que pedisse pra ele fazer fora, talvez fosse tudo diferente. Um paciente com 120 quilos, ele pedir um exame para quatro dias depois. Será que não passou na cabeça dele que isso era muito tempo e que meu sobrinho podia morrer?!”, reclamou.


Lição

 


Apesar de todo sofrimento, a tia disse que a perda do rapaz trouxe uma lição para ela e para toda família. De intensificar os cuidados e não esperar nem um dia para procurar atendimento em caso de sintoma dessa doença.


“A maior lição que ficou é sobre esses cuidados. Qualquer paciente com Covid não tem que esperar piorar não para procurar atendimento. Mesmo se sentindo bem, é importante atacar essa doença com todos os recursos que você tiver. Não se contentar e nem confiar só em um profissional. Essa foi minha falha, porque eu que estava cuidando dele, já que a mãe dele nem aqui estava. Confiei, e não podia ter feito isso, esse é o tipo de doença que não a pessoa não pode esperar pra amanhã”, concluiu.


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